entrevista
26.Junho.2014



Claudevane Leite, prefeito de Itabuna

“A divisão dos tributos é injusta e 'mata' cidades”
vane que dependem apenas do FPM, afirma o prefeito de Itabuna, Claudevane Leite, em entrevista exclusiva ao jornalista Marcel Leal no programa Mesa Pra 2 (quartas, 15h), da Morena FM. “De tudo o que é arrecadado, só ficamos com 15%”, completa.
      Confira a conversa com Vane, que falou de política, dos apoios, dos projetos que está entregando e dos que estão em andamento. Vane até confirmou, em primeira-mão, a vinda de uma empresa grande do setor de serviços.

Ainda existem dificuldades que vem desde que você assumiu?
       Existe a mesma dificuldade que todos os municípios atravessam: a falta de recursos. Desde a Constituição de 1988 os municípios recebem mais responsabilidades e os recursos sempre a menor. Manter folha em dia e programas sociais e de infraestrutura tem sido difícil.

Muitos programas são federais mas é o município que os mantém?
       É exatamente assim. A gente recebe uma creche e tem que manter 100%, assim como o Centro de Esportes Unificados, que está sendo implantado. A manutenção é muito cara. As pessoas não podem esquecer que em Itabuna 83% da receita liquida era destinada à folha.
      Na saúde, cujo mínimo é 15%, eles aplicavam só 11% e na educação, de 25% aplicaram 22%. Temos uma cidade endividada e só com o INSS são R$ 250 milhões, que estamos negociando. Pagamos uma parte e dentro do possível estamos pagando o salario em dia.

Você pagou todos os fornecedores em atraso?
       Não, e nem vamos pagar as empresas que prestaram serviço na gestão passada. Algumas pagamos porque não tem como evitar, como Pasep, iluminação e telefonia. O gasto diminuiu. E se a se a gente não usa de austeridade não conseguiríamos.

Do aniversario de Itabuna no ano passado para este, o que mudou?
       Temos hoje 33 obras mantidas pelo município e regularizamos os salários atrasados. Foram R$ 15 milhões de salários atrasados que poderiam ser investidos em obras. A receita de Itabuna gira em torno de 22 a 23 milhões de reais. É pouco para atender à demanda.

Com relação à saúde, o que espera do novo secretário?
       Herdamos uma saúde deficiente, mas a prefeitura tem feito muito com recursos próprios, como a ampliação das unidades de saúde. Através do processo seletivo contratamos mais de 200 profissionais. Temos dificuldade na atenção básica.
      Mas vamos entregar 9 postos e o Centro de Zoonose totalmente reformados. No ano passado tivemos 700 castrações, um avanço. No Hospital de Base ampliamos o numero de leitos. Existem dificuldades ainda para a melhoria em outras unidades.
      O que queremos do novo secretario é a Plena, que deve ter os valores definidos e fazer com que a atenção básica volte a funcionar bem, porque ainda está aquém do que a comunidade anseia.

Sobre a avenida Amelia Amado, tem resolvido alguma coisa?
       Estamos dependendo do Governo Federal. Pedimos auditoria da obra e o Ministério das Cidades ficou de analisar. Falta uma parcela de R$ 2 milhões, que não são suficientes para concluir o trabalho. É preciso o dobro dos recursos. Temos usado o nosso.

Itabuna sempre teve entradas horrorosas. Você começou a arrumar a de Ilhéus. E as outras?
       Temos a de Nova Itabuna com obras bem adiantadas e a de Ilhéus concluindo uma parte para completar o que o Derba está fazendo. Estamos fazendo encostamento, arrumando a pista e vamos fazer a urbanização. Quando concluir as duas, vamos iniciar a da avenida Itajuipe e do Centro Comercial.

A Settran prometeu muito, fez pouco, mas uma coisa legal foi a via exclusiva para ônibus...
       Vai desafogar o trânsito e é uma de muitas intervenções para a melhoria da mobilidade urbana. Tem as ciclovias. Nós estamos fazendo dentro das normas técnicas mas, se tiver erros, vamos tentar consertar. Também estudamos a implantação de “pardais” no lugar de quebra-molas.

No caso da Zona Azul, melhorou o estacionamento?
       Melhorou sim, algumas pessoas ainda estão reclamando por falta de um monitor para fazer o pagamento. Pedimos para a empresa resolver a questão. Temos um lado bom que é a tecnologia da empresa, que permite usuário acessar o site e ver onde tem vagas e quanto vai pagar.

Como está aquele projeto do PAC para os bairros?
       Quando assumimos a prefeitura as obras estavam paradas. Conseguimos licitação e um acordo com a GDK para que ela desistisse e foi um processo longo, por causa do contrato. Depois disso, já era para a nova empresa ter continuado o serviço.
      Estamos intimando para que ela continue, para não precisarmos fazer nova licitação. A obra é muito grande e boa para a cidade. O município está colocando uma contrapartida de R$ 5milhões.

O que está sendo entregue nesse aniversario de Itabuna?
       Estamos entregando a Escola Pedro Gerônimo, que há 14 anos não recebia uma reforma. A comunidade nos cobra, mas é impossível fazer tudo. Estamos fazendo tudo com tranquilidade.
      Temos hoje o maior programa de recuperação de escolas, 9 postos de saúde, o espaço do Samu e o Espaço Cidadão, que servirá de ouvidoria, o Centro de Arte e Cultura na Urbis IV e um novo Cras.
      Temos muitas coisas boas para entregar à comunidade. E ainda temos o saneamento e o segundo Restaurante Popular , que será entregue nos próximos dias.

Quais os projetos para este semestre até o final do ano?
       Estamos reformando as 111 escolas que estavam necessitando. Em 2012 foram aplicados apenas 22% na educação e estamos aplicando 27%. Estamos aplicando recursos nas unidades da saúde, queremos fazer o Parque da Cidade e mais dois projetos.
      Um deles é o bolsa reciclável, para contratar pessoas em seus bairros para fazer a coleta seletiva. Vamos doar uma bolsa e todo o material que ela adquirir terá rendimento. Toda a comunidade terá um selo em sua cassa e desconto no IPTU. A cidade está mais limpa e vamos mantê-la assim.
      Vamos lançar também o Morar Melhor, para pessoas que tem suas casas, mas que precisam de melhoria. Temos ainda o Shopping Popular, que deve ser entregue dentro de 8 meses e será muito bom para o centro, oferecendo um local digno para os camelôs.

Existem alguns criticas sobre o asfaltamento no centro, em horário comercial.
       Houve aborrecimento sim por parte da população. A empresa tem um prazo de entrega e teve que adiantar o serviço. Mas o incômodo vai valer a pena, porque as avenidas estão ficando bonitas, já foram feitas duas, e ainda temos outras.

Seu partido vai apoiar um candidato e você outro. É difícil lidar com isso?
       Por alguma razão que a gente respeita, o partido a nível de estado marcha com Paulo Souto. Eu conversei com o pessoal do PRB e houve um entendimento. O deputado Márcio me conhece e também respeitou minha decisão. Vamos apoiar os 6 partidos que estão no governo.

Como está o seu relacionamento com o governo do estado?
       Temos o apoio com as obras das avenidas, tivemos ajuda para equipar o Hospital de Base e estamos buscando a Sesab sobre a Plena, cujos recursos ainda não estão chegando totalmente. Precisamos desses recursos para continuar investindo na melhoria da saúde.

Você tem conversado com outros prefeitos sobre a divisão do bolo?
       Há uma insatisfação muito grande no país. A cidade que vive de FPM passa por dificuldades. Mesmo Itabuna, que tem FPM e ICMS, não tem muitas indústrias e enfrenta também dificuldades.
      Camaçari é quase igual a Itabuna e recebe três vezes mais a arrecadação do que a gente. Eu participei da ultima marcha dos prefeitos e estamos aguardando. De tudo que é arrecadado, 60% ficam em Brasília, 25% para o estado e apenas 15% para os municípios.

Não é hora de pressionar os candidatos a mudar a lei?
       Tenho pressionado nossos candidatos. A Amurc e UPB tem feito isso e eu particularmente tenho feito isso. O que precisamos é um novo pacto federativo. Devíamos ficar com pelo menos 20%. Os municípios estão fragilizados, alguns com dificuldade em pagar a folha.

O que faz nos fins de semana e qual seu lugar favorito na cidade?
       Normalmente, quando não tenho compromisso administrativo, vou à igreja e descanso para na segunda feira recomeçar o trabalho. Além de minha casa, eu gosto muito do Rio Cachoeira, eu fico namorando ele (risos).

O que você gostaria que Itabuna tivesse que não deu para ter?
       Precisamos trazer novas empresas para gerar empregos. Hoje estamos construindo 3.500 casas e isso está mexendo com a economia. Oficializamos a doação de terrenos a 24 empresas que precisam e não podiam crescer. Estamos doando áreas no distrito industrial para estas e outras de fora.

Existe a possibilidade de um teleatendimento vir para Itabuna?
       Existe sim. Ainda não divulgamos, mas ela está entre as 24 empresas que estão vindo. Já estamos passando a área com um prazo de 24 meses para se estabelecer. Meu sonho é fazer com que a cidade cresça e isso depende de emprego e renda.

Existe alguma parceria com a Ufesba?
       Temos uma relação boa com nossas universidades e estamos criando um escritório de projetos com a Fundação Getúlio Vargas, como um marco de nosso governo. Estamos projetando uma cidade para 20 anos. Queremos deixar uma cidade que saiba para onde vai crescer.

Voce fez contato com o Estado para cosntruir um centro de convenções de verdade?
       O estado sinalizou favorável, dentro de uma parceria público-privada. Assim como estamos fazendo com o matadouro regional, que está sendo construído no município. No transporte urbano conseguimos manter a tarifa e em setembro abriremos licitação para melhorar o transporte.
      Uma das exigências é fazer uma estação de transbordo. Assim o passageiro, com um bilhete único, vai poder sair de um bairro para outro sem pagar duas passagem.


 
compre fazenda
Anuncie aqui: (73) 3043-8941


Copyright©1996-2014 A Região Editora Ltda, Praça Manoel Leal (adami), 34, 45600-023, Itabuna, BA, Brasil | Reprodução permitida desde que sem mudanças e citada a fonte.