PF surpreende casal de prefeitos
A Polícia Federal deflagrou a Operação Fraternos para afastar do cargo, por ordem da Justiça Federal, três prefeitos baianos suspeitos de fraudar contratos de R$ 200 milhões. Os agentes cumprem ainda 21 mandados de prisão temporária, 42 de busca e apreensão e 18 de condução coercitiva.
Os alvos das investigações são os prefeitos Claudia Oliveira, de Porto Seguro; seu marido José Robério Batista de Oliveira, de Eunápolis; Agnelo Santos, de Santa Cruz. Os três, eleitos pelo PSD, são suspeitos de usar empresas de parentes para simular licitações e desviar dinheiro público.
A prisão dos três prefeitos foi pedida pela Polícia Federal, mas o Tribunal Regional Federal da 1ª Região negou. Os investigados respondem por crimes de organização criminosa, fraude a licitações, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Robério já foi denunciado várias vezes na Justiça em outras ocasiões.
Segundo a PF, o esquema funcionava como uma ‘ciranda da propina’, um rodízio entre as empresas para vencer as licitações e camuflar os crimes. Em alguns casos, o valor contratado era repassado às empresas no dia em que as prefeituras liberavam o dinheiro.
Após a contratação, parte do dinheiro era desviado através de “contas de passagem” em nome de terceiros, para dificultar a identificação do destinatário final que, em regra, eram os membros da organização criminosa, inclusive a empresa de um dos prefeitos.
Essas mesmas empresas eram usadas para a lavagem do dinheiro desviado. Em um dos casos, a empresa tinha como sócio um ex-funcionário de outra empresa do grupo criminoso, que teria investido R$ 500 mil na integralização do capital mas ganhava apenas R$ 800 na época.
Na tarde de terça, Agnelo Santos, que é irmão de Cláudia Oliveira, se apresentou na Delegacia da Polícia Federal em Porto Seguro com uma advogada. Já Cláudia e Robério ainda não foram encontrados. Os três têm mandado de condução coercitiva.
Se o casal não se apresentar à PF nesta quarta-feira, será emitido um pedido de prisão preventiva. Todos estão afastados do cargo de prefeito e os vices devem assumir de imediato. A Justiça também sequestrou os bens deles e dos outros investigados.
Os contratos suspeitos foram mapeados pela PF, incluindo licitações para a contratação de bandas para festas. A origem do recurso será identificada quando a polícia conseguir os contratos, onde deve constar a fonte usada para o pagamento.