Isolamento: experiências diversas mas similares
- a impossibilidade de ver parentes e amigos, trabalhos cancelados e o tédio. Cada pessoa tem uma experiência diferente, mas a maioria está trabalhando a partir de casa, no meio de um ambiente que não foi preparado para isso. Uns se adaptam, outros quase surtam.
Karim Harfush (foto), palestrante mágico e consultor, mora em Salvador mas está isolado na casa de Itaparica. Ele diz que, além das precauções aumentarem com relação à higiene, está numa casa com três idosos (pai, sogro e sogra), o filho de 2 anos, Juquinha, e a esposa Juliana, grávida (de trigêmeos).
“Ah, é claro, minha sogra morando comigo nesse período está sendo maravilhoso. Rsrsrsrs” Apesar da brincadeira (ou não) Karim teve sua rotina bastante mudada. “Tenho trabalhado em home office, o que exige muito mais disciplina do que o habitual, por conta das distrações”.
“Minha esposa também está em home office. Procuramos iniciar o trabalho no mesmo horário e deixar Juquinha com os avós, que curtem esse momento aproveitando as férias forçadas da sua babá”. O trabalho de Karim tem dois lados, um deles difícil de fazer em casa.
As palestras “mágicas” (ele dá palestras que incluem números de magia) foram canceladas ou adiadas, mas ele diz que aproveita a pausa para aprender novas mágicas para quando voltar à estrada. Já a empresa de marketing digital se adapta bem ao trabalho em casa.
Se por um lado as palestras foram adiadas, a empresa digital aumentou seu fluxo de trabalho, o que não impede de curtir a família. “Brinco com Juquinha, cozinhamos e vemos filmes”. O que realmente incomoda Karim na quarentena é “ver e ler notícias ruins a todo momento”.
Home office bem isolado
Daniela Denizo, de São Paulo, diz que o marido professor, Alexandre, está em casa, o filho de 2 anos, Edu, também. Na empresa, só quem está fazendo trabalho presencial é o pessoal de piso de fabrica e os repositores de supermercados. O resto está trabalhando de casa.
“A rotina mudou muito, com muitas reuniões via Skype. Eu me tranco no escritório, deixo marido e filho lá fora, sem pensar neles”. Dani diz que tenta manter a rotina de trabalho, “mas é difícil, porque junta com arrumar a casa, cozinhar, cuidar do filho”.
A quarentena obrigou o cancelamento de uma convenção e ela acabou perdendo a maior parte do pagamento. “O hotel não devolveu o dinheiro, a empresa aérea só vai devolver um terço”. Ela também cancelou todos os eventos que sua empresa ia fazer até setembro.
Dentro de casa, um problema é o filho, que gosta de ver os amiguinhos e está ficando estressado. “Aí a gente também fica estressado, vai ficando cada vez mais cansado”. Para ela, o que mais incomoda é não ter a rotina, não poder fazer planos.
“Trabalhar ajuda, mas não poder fazer as coisas de sempre incomoda. Porém, o pior é não poder ver os parentes”. Na terça, 24, Dani fez aniversário, que os amigos chamaram de “40 anos na quarentena”, com o pessoal cantando parabéns pelo WhatsApp.
Trabalho em dobro
Weliton Nascimento, CEO da Adilis e do Barcelona de Ilhéus, mora e tem empresa em São Paulo. Ele conta que mudou muita coisa. Ele faz rodízio com os colaboradores que precisam trabalhar in loco. “Quando todos vão embora, eu vou para a matriz, às vezes trabalho até a madrugada”.
“Estou mais exigente com detalhes da operação e mais exigente com a blindagem do caixa da empresa”. Entre as providências na empresa, Weliton cita as reuniões em ambientes ventilados, nunca nos escritórios e sempre com o ar-condicionado desligado e as janelas abertas.
Na Adilis, 80% das pessaos estão trabalhando remotamente, com equipamentos e treinamento dados pela empresa em tempo recorde. No final da tarde, todos enviam um resumo para ele. Para a logística, a Adilis fechou contrato com o Uber no país inteiro para seus funcionários.
“Contratamos serviços profissionais de videoconferencia pra falar com todos eles ao mesmo tempo, se precisar”. Os que vão para os escritórios entram as 6 e saem às 16 horas. “Fizemos isso para evitar a aglomeração de pessoas nos transportes”.
Em casa, os filhos de Weliton passaram a ter aulas online. “Tivemos que criar uma estrutura maior, com notebook, links das aulas, mais um ambiente para fazer video-chamadas e exercícios fisicos”. Quando é possível, a família se junta para assistir vídeos e filmes.
O mais incomoda Weliton na quarentena é a falta de proximidade com clientes e colaboradores. “Também a sensação ruim de não poder cumprimentar as pessoas, todas as limitações que agora nós vemos como são complexas”.
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