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28.Março.2020

As experiências da família enorme e espalhada

monica vicentini


mostram que muitas coisas são iguais, não importa onde voce está confinado, enquanto outras pegam as pessoas de surpresa, como o bloqueio que algumas prefeituras fizeram nas estradas. Porém Mônica Vicentini (foto) tem uma ampla casa em Mairiporã e diz que sua rotina não mudou tanto.

Professora aposentada, ela conta que passa o dia “só cozinhando mais pra esse batalhão em casa kkk. O trabalho pra mim aumentou”. Ela teve que cancelar as idas para a casa da mãe e as aulas de yoga. “Dentro de casa com a família assisto mais filmes que o normal e procuro manter a calma :>(”

Acostumado a fazer churrasco para parentes e amigos nos feriados, o marido de Mônica, Eduardo, está trabalhando em home office e “aproveitando para cortar a grama”. O que mais incomoda Mônica é “ter que ficar em casa por obrigação e por um motivo triste, vendo pessoas morrendo e se infectando”.

 

Bloqueio de estradas

Rosângela Vicentini é administradora de condomínios e mora em Santos. Ela teve que mudar toda sua rotina. Vai trabalhar o dia todo e na volta, trabalha de novo em casa. Adianta o que puder na empresa, porque depende de equipamentos e software que não tem em casa. rosangela vicentini

Em casa, a rotina foi para o espaço. “Sair para fazer mercado mudou muito, porque não pode ir toda hora. Então, quando saio aproveito para fazer tudo de uma vez, como abastecer o carro e comprar alimentos”. Dentro de casa, o isolamento trouxe problemas.

Ela vive com a filha Camila e uma neta hiperativa, Rafaela, que está sem aulas, o que complica o dia a dia. “Tem sempre que arranjar joguinhos, atividades, lição de casa. Foi uma mudança muito radical. A rotina de levar para a escola, para o médico, parou”.

Se por um lado diminuiu a correria de levar Rafa de um lado para o outro, de outro aparece a necessidade de arrumar atividades para ela em casa. No dia em que falamos com Rosângela, Camila e Rafa tinham acabado de fazer um bolo.

Mas para Rosângela, o problema maior é a distância dos pais.

“Eu ia a cada 15 dias ver meus pais em Atibaia, até para dar um suporte nas compras, levar ao médico, essas coisas, e não posso mais. As estradas estão tendo bloqueios. Tem que andar com o comprovante de endereço e, mesmo assim, nem sempre deixam passar”.

“O que mais me incomoda é a sensação de impotência, de não poder fazer o que precisa e não poder visitar meus pais”.

 

Quarentena de terror

Sérgio Vicentini, que mora em São José dos Campos, resume sua nova rotina como quem conta um filme de terror. “Home Office sacal por falta de equipamentos adequados, ambiente de trabalho péssimo (cachorro, barulhos externos, etc)”.

“Divisão de trabalhos domésticos (maior intensidade). Filho pendurado no pescoço em horário de trabalho. Brincadeiras com ele fora de hora. Falta de um psicólogo 8 horas por dia. Já está dando no saco”, conta, entre divertido e preocupado. Achei melhor não perguntar mais nada...

Outra prima, Márcia Vicentini, teve uma situação bem diferente. Mudou para Caraguatatuba (SP) e chegou logo quando decretaram a quarentena. “Somos três aposentados e a mana Elaine, que está de licença prêmio na escola”.

“O divertimento aqui é desencaixotar a mudança. Temos um quintal grande pra caminhada e fazer alongamento. Sem TV e internet ainda, por conta do corona”. Márcia conta que a situação é mais sofrida para Elaine e o marido, Evaristo, “pois estão longe de casa e dos bichinhos”.

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