Marco de Itabuna é danificado pela omissão oficial
e o descaso da população, além da ação dos camelôs no centro da cidade. É o painel de Genaro de Carvalho mostrando a colheita do cacau, pintado em 1953 na lateral do prédio mais antigo de Itabuna e o primeiro a ter um elevador.
O jornalista Paulo Lima lembra que no térreo funcionou, por muitos anos, o Banco Econômico e a entrada era ponto de discussão política, frequentado por figuras importantes da história local, como Gileno Amado. O mural ganhou elogios de quam visitava a cidade, incluindo estrangeiros.
Na década de 1960, os jornalistas Manoel Leal, fundador do jornal A Região, e Telmo Padilha recepcionaram em Itabuna o casal Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, dois dos maiores filósofos do século 20. Eles elogiaram muito e se impressionaram com o painel de Genaro.
Para Sartre, "uma obra desta natureza merece ser exposta em qualquer museu do mundo, pois traduz todo o trabalho artesanal de uma cultura conhecida mundialmente através dos romances do grande escritor Jorge Amado". Longe dos museus, o painel precisa de atenção das autoridades.
Poucas providências
Alguma coisa até foi feita. O escritor Cyro de Mattos, quando ocupou a presidência da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania, mandou colocar uma grade para proteger o mural. porém ela não impediu a instalação de bancas de camelôs em sua frente e virou "armário" de entulho.
Hoje, o mural elogiado por Sartre é escondido pelos camelôs e convive com um monte de lixo deixado ao lado. Os azulejos também sofrem o desgaste de ser arranhados por painéis e produtos dos ambulantes. Paulo Lima pede que a Prefeitura faça algo para proteger este patrimônio de Itabuna.
O filho de Manoel Leal, Marcel, sugere a construção de uma área gramada e cercada, deixando uma passagem estreita para os pedestres próximo do meio-fio, de forma que seja impossível montar barracas em frente ao painel.
"Acrescente uma iluminação cênica e passamos a ter uma atração turística numa cidade carente delas", afirma o jornalista, que também defende o tombamento do painel como patrimônio cultural de Itabuna e sua divulgação nos canais oficiais da Prefeitura.
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