Rádio completa 100 anos em revolução
Em 7 de setembro de 1922, centenário da Independência do Brasil, ocorreu a primeira demonstração pública de rádio no Brasil, durante a Exposição Internacional do Rio de Janeiro, que comemorava os 100 anos da emancipação do país, organizada pela Westinghouse.
Naquele dia, houve o discurso do presidente Epitácio Pessoa e as ondas chegaram até Niterói, Petrópolis e São Paulo. Mas a história do rádio pode ter começado bem antes. Três anos antes, a Rádio Clube de Pernambuco fez uma transmissão pública, em 1919.
Oito anos antes disso, em 17 de abril de 1911, houve uma demonstração do sistema Telefunken a bordo do SMS von der Tann, cruzador-encouraçado alemão, de onde se transmitiu música captada pela Estação de Amaralina até o navio, ancorado na costa baiana, por rádio.
A revolução do FM
A chegada do FM no Brasil foi uma verdadeira revolução, com som de alta qualidade e em estereo, focando, até por causa disso, em música e entretenimento, enquanto o AM continuava, como até hoje, voltado para programas de serviços, entrevistas, opinião, esporte e jornalismo.
A primeira FM do Brasil apareceu em 1955, a Rádio Imprensa no Rio de Janeiro (atual Mix FM Rio), mas a transmissão em estereo só chegou com a Rádio Tropical FM (atual Rádio Cidade), de Manaus. Apesar do pioneirismo destas emissoras, o FM só iria fazer história nos anos 70 e 80.
Foi neles que as FMs explodiram em popularidade, especialmente em São Paulo, que se tornou a referência de locução e programação para o resto do país, com emissoras como Eldorado, Jovem Pan e Transamérica, principalmente a Cidade FM, com locutores como César Rosa e Emílio Surita.
Nos anos 90, a Bandeirantes se tornou a primeira emissora no Brasil a transmitir em rode, via satélite, com 70 FMs e 60 AMs, em mais de 80 regiões do país. Em 1991 surgia a primeira FM 100% de notícias, a CBN - Central Brasileira de Notícias.
A revolução do som digital
Em dezembro de 1988 a rádio Morena FM, de Itabuna/BA, fez a primeira transmissão de um programa usando som digital, um especial de 4 horas sobre os Beatles. Em dezembro de 1990 ela lançou o primeiro programa de rádio permanente com som digital, o Expresso 98.
Pioneira, mas inquieta, a emissora importou equipamentos e começou a trocar todo o seu acervo de LPs por CDs, concluindo a transição em setembro de 1991, quando a Morena FM se tornou a primeira emissora da América Latina a só usar som digital, tanto para músicas quanto para os comerciais.
Somente dois anos depois outra emissora se tornaria "100% digital" na programação, a Manchete FM, de São Paulo, que estreou com um acervo composto por cerca de 500 CDs. A esta altura, a Morena FM já tinha acumulado mais de 10 mil discos.
A revolução do online
A internet comercial só ficou disponível para todos em 1996 e a rádio Itatiaia, de Belo Horizonte/MG, foi a primeira a fazer transmissão online, apesar de somente durante uma parte do dia, devido aos custos e à complexidade de manter o serviço na época.
Rádios como a Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e a Transamérica de São Paulo também passaram a transmitir pela internet. A Morena FM, de Itabuna/BA, fechou parceria com Telemar e fez streaming entre 1997 e 2000, porém transmitindo 24h por dia, provavelmente a única a fazer isso neste período.
Com o encerramento da parceria, os altos custos e a qualidade de áudio muito abaixo de sua programação digital na emissora física, a Morena FM resolveu suspender a transmissão por um tempo. Voltou em 2005, com qualidade compatível e custos menores.
A transmissão online revolucionou completamente o meio. As rádios, que antes tinham publico apenas em sua cidade e nas vizinhas, passaram a alcançar as pessoas em todo o mundo, ganhando ouvintes nos outros estados e em centenas de países, atraindo anunciantes nacionais.
Hoje, 80% das FMs transmitem online, apesar de nenhuma delas ter faturamento derivado do streaming. A popularização dos aplicativos de celular foi outro ganho para as emissoras, chegando ao aparelho que está nas mãos de quase 90% da população.
A próxima revolução será a transmissão digital entre a rádio e os receptores, mas ela ainda engatinha no Brasil. Não há definição de qual sistema será adotado, nem receptores disponíveis. A mudança vai exigir a troca de todos os aparelhos dos ouvintes, o que é outra barreira.
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