Ficc é criticada por atores culturais

A gestão da Ficc foi alvo de críticas, nesta quarta-feira, durante o programa Mesa Pra 2, da Morena FM 98, que vai ao ar toda quarta, às 16 horas. Apresentado pelo jornalista Marcel Leal, o programa recebeu os convidados Lula Palmeira e Victor Aziz, do Conselho de Cultura de Itabuna.

Na avaliação deles, a Fundação não cumpre seu papel institucional, de fomentar a cultura, nem dá transparência aos gastos públicos. Segundo Lula Palmeira, a Ficc teve seus melhores momentos logo após sua criação, em 2001. Para ele, com o fim do segundo governo de Geraldo Simões e a volta de Fernando Gomes, a cultura regrediu.

“Desse momento em diante, a Ficc perdeu sua finalidade”, constatou. Victor Aziz criticou a concentração de recursos culturais em cachês altos, como no Ita Pedro, que pagou R$ 700 mil somente para o show de Wesley Safadão. “O recurso deveria ser para o fomento da cultura no município o ano inteiro”, lamentou.

Lula lembrou que o Fundo Municipal de Cultura, que deveria receber parte das verbas destinadas no orçamento para o setor, "até hoje náo recebeu um centavo, está vazio". Ele também criticou a falta de apoio para grupos de teatro e bandas que precisaram de passagem para representar Itabuna fora e foram rejeitados pela Ficc.

Os dois contaram que até hoje não se fez uma única reunião do Conselho Delliberativo da FICC, e que o Conselho Municipal de Cultura não tem acesso aos gastos da Fundação.

"A FICC tem como obrigação, em seu estatuto, fomentar a cultura, apoiar e financiar artistas, mas se transformou em uma produtora, competindo com quem deveria apoiar. Ela hoje não faz oficinas, aulas de instrumentos, workshops, seminários, exposições, livros nem festivais. Nem mesmo o Firmino Rocha, obrigatório por lei".

Os três comentaram os gastos "misteriosos" do ItaPedro, produzido pela Ficc. "Não consigo entender pagar R$ 80 mil ao Trio da Huanna e R$ 60 mil a Sylfarney, do qual nunca ouvi falar, mas só R$ 40 mil ao Lordão. Ou R$ 1,5 milhão em quentinhas quando a maioria recebeu pacote de bolachas", afirmou Marcel.

Na avaliação de Marcel, Augusto Castro deve fazer uma auditoria nos gastos relacionados ao Ita Pedro. “O Conselho Municipal de Cultura não tem acesso a esses dados. A sociedade não tem a menor ideia de como foi gasto o dinheiro que ela entregou pra Prefeitura”.

Vitor criticou os valores pagos aos artistas locais, de R$ 1.400 para solo e R$ 4 mil para bandas, novamente lembrando dos R$ 60 mil de Sylfarney, que também é de Itabuna. "Não tem como uma banda montar estrutura para um show de 150 mil pessoas com R$ 4 mil. Tem toda uma equipe além dos músicos".

O CEO da Morena FM comparou o trabalho atual da Ficc com o de entidades de cidades menores, que trabalham quase sem verbas. "A Casa Jonas & PIlar, de Buerarema, faz mais cultura em um mês que a Ficc no ano inteiro, com uma fração do orçamento. Talvez Augusto deva chamar a gestora da Jonas & PIlar para presidir a FICC".

Marcel lembrou da efervescência cultural de Itabuna nas décadas passadas, quando a cidade tinha festivais, mostras, aulas de instrumentos, oficinas, feiras de literatura e outros espaços para expressões artísticas. Para o jornalista, a gestão da Ficc pode atrapalhar o prefeito Augusto Castro nas eleições de 2024.

"Augusto faz uma gestão muito boa, olhando para frente. Foi o primeiro prefeito a não pensar pequeno, a pensar Itabuna como potência e não como vilazinha. Será uma pena se esse trabalho for interrompido na próxima eleição pelos desgastes promovidos pela má adminsitração da FICC e da Emasa, outra dor de cabeça local".

Lula disse que "nós, do Conselho, o nosso presidente Ednaldo França, o Victor, eu, o Hans, todos os conselheiros. Não somos contra o evento. Nós queremos Expofenita, ItaPedro, Carnaval, Lavagem do Beco, Natal... porque aquece a economia e é bom para os artistas, mas a maneira como está sendo feito é o que não aceitamos".

Voce pode ouvir toda a conversa neste link do Spotify.

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sao pedro