Estudo traz efeito posterior da Covid

Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado, em maio, o fim da pandemia de Covid-19, os efeitos indiretos das medidas autoritárias adotadas por governadores e prefeitos, como o isolamento total e o toque de recolher às 18h, na Bahia, devem continuam afetando as taxas de suicídio.

Eles deve ser sempre monitorados, defendem pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane, da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas. O epidemiologista Jesem Orellana, o psiquiatra Maximiliano Ponte, da Fiocruz Ceará, e o pesquisador sênior da Fiocruz Amazônia Bernardo Lessa Horta analisaram os casos.

Eles identificaram um número maior que o esperado, com base em médias históricas, nas faixas de idade a partir dos 30 anos, sobretudo em mulheres das regiões Norte e Nordeste. O estudo foi publicado no International Journal of Social Psychiatry, tradicional periódico no campo da psiquiatria social.

Entre março de 2020, início da pandemia, e fevereiro de 2022, os pesquisadores identificaram cerca de 30 mil casos no país. Até então, um número dentro do esperado. Porém, no segundo ano do estudo (março de 2021 a fevereiro de 2022), o cenário teve pontos críticos.

“Houve 28% de suicídios além do esperado em mulheres com 60 anos ou mais da região Sudeste, bem como 32% e 61% de suicídios além do esperado em mulheres na faixa de 30 a 59 anos das regiões Norte e Nordeste, respectivamente.”

Além disso, houve “alarmante excesso de suicídios de 83% em mulheres com 60 anos e mais do Nordeste”. O estudo reforça que países severamente atingidos pelos efeitos diretos da pandemia, como o Brasil, foram mais propensos aos efeitos indiretos sobre outras causas de morte.

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho, revelam que, em 2022, o Brasil teve 16.200 casos de suicídios, uma média de 44 por dia. Em 2021, tinham sido 14.400, um crescimento de quase 12%.

“Infelizmente, nosso estudo mostrou um agravamento do problema, sobretudo entre as mulheres”, lamenta Orellana. Para o pesquisador, monitorar os casos, identificar as segmentações de idade, gênero e regiões fazem parte de um conjunto de estratégias de enfrentamento do cenário.

“É fundamental que trabalhadores de saúde, pesquisadores, população em geral, gestores e tomadores de decisão não apenas sigam monitorando os possíveis efeitos residuais da pandemia sobre os suicídios e se preparando para novas emergências, como promovam o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial”.

A Rede de Atenção Psicossocial corresponde a um conjunto articulado de diferentes pontos de atenção à saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco em acolhimento e tratamento de pessoas com transtorno mental e/ou dependências químicas.

“Em termos de atenção psicossocial, é crucial a ampliação de estratégias que integrem e envolvam não apenas vítimas em potencial e pessoas do entorno, mas diferentes atores da sociedade civil organizada, tomadores de decisão, trabalhadores de saúde e comunidade”, observa Orellana. Com Abr

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