Juíza diz que vivemos numa ditadura

A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de janeiro (Asfav) promoveu, na biblioteca do Senado, o II Fórum de Violação dos Direitos Humanos, que versa sobre os ‘presos políticos’ do fatídico dia em que a esplanada foi depredada por uma minoria que, suspeita-se, era de infiltrados da esquerda.

O evento contou com a jurista Ludimila Lins Grilo, juíza afastada da ativa, em Minas Gerais, por se posicionar politicamente em suas redes sociais. Autora da obra bibliográfica Inquérito do Fim do Mundo, Ludimila afirmou, durante o evento, que não se arrepende da postura que a levou à perda da magistratura.

"Nós estamos passando por um momento histórico muito sombrio em nosso país. Tudo o que está acontrecendo hoje, embora eu consiga categorizar como violações processuais, o pano de fundo dessas violações são questões políticas. Estamos num momento em que a Suprema Corte está violando direitos alheios".

"Violação é uma palavra muito suave para designar essas coisas que estão acontecendo hoje. São verdadeiras aberrações jurídicas promovidas por quem tinha o dever de zelar pela nossa Constituição Federal", segue a juíza. "Essa é a verdade que muitos, vergonhosamente, não têm coragem de falar".

Ludmila falou sobre o componente "soviético" das "prisões em lote", muito similares aos gulags soviéticos e aos campos de concentração. E lembrou que não se pode falar em "golpe de estado" sem armas. "A ampla maioria não estava depredando nada. Estava se manifestando pacificamente".

"Essas pessoas foram levadas à prisão por estar contra o regime que impera no Brasil. Quando voce é proibido de se manifestar contra o regiome vigente, isso é uma ditadura", afirmou. Ludmila diz que perdeu o cargo, "mas minha dignidade está intacta. E não adianta eu recorrer. Estamos em uma ditadura judicial”.

A advogada Gabriela Ritter, que lidera a associação, conta que promoveu o evento para refletir sobre o abuso de autoridade por parte do Supremo. Gabriela ponderou que, ao mesmo tempo em que o evento ocorria, o STF anunciou “um livro sobre os atos 'antidemocráticos' e lançará um documentário no mesmo sentido”.

“Enquanto nós trazemos fatos e provas de um processo autoritário, o Supremo recorre à mídia para comentar um trâmite que não chegou ao fim, na intenção de justificar suas ações, enquanto deveria se manter imparcial como órgão julgador”. Com Diário do Poder e Morena FM de Itabuna.

O livro de Ludmila Lins, "Inquérito do Fim do Mundo", pode ser encontrado neste link.

22:04  |  


Muito esforço foi feito para produzir estas notícias. Faça uma doação para repor nossas energias. Qualquer valor é bem vindo. Pode ser via Bradesco, ag 0239, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, ou pelos botões abaixo para cartão e recorrentes.

     


sao pedro