Codevasf corta luz e água de produtores

Um protesto bloqueou o Trevo do Ibó, entre Pernambuco e Bahia, interrompendo o fluxo nas BRs 116, 426 e 316, nesta quarta-feira. Centenas de pequenos produtores rurais protestam contra uma medida da Codevasf, estatal federal entregue ao Centrão pelo governo Lula em troca de apoio no Congresso.

A Codevasf cortou a energia elétrica e a água das plantações irrigadas do perímetro de Itaparica e das agrovilas. Desde a manhã da terça a região está sem luz e sem abastecimento. As empresas que prestavam o serviço alegam que a Codevasf devolveu os projetos de irrigação para a Chesf.

A medida da estatal deixou mais de 75 mil pessoas das agrovilas Glória, Pedra Branca, Rodelas, Apolônio Sales, Barreiras, Brígida, Fulgêncio, Icó-Mandantes e Manga de Baixo sem água para consumo, para o funcionamento de serviços básicos como creches, escolas e postos de saúde e para a irrigação, que sustenta os moradores.

O vice-prefeito de Petrolândia/PE, Rogério Novaes, fez campanha para Lula, mas hoje comanda os protestos e o bloqueio das rodovias. Ele postou video criticando e cobrando o governo. A Codevasf era uma empresa de excelência durante os governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro, mas foi politizada com a chegada do PT.

Gilson Machado, que foi ministro de do Turismo no governo Bolsonaro, lembra que a conclusão da transposição do São Francisco, no governo passado, levou água para esta e outras regiões, dando muitas esperança aos moradores. "Até balneários turísticos se planejavam fazer em vários pontos dos reservatórios".

"A água chegava no Nordeste. Porém, em tão pouco tempo, essa já é a triste e crua realidade. Agora o carro-pipa volta à cena do descaso. Apesar da maior enchente do São Francisco dos últimos anos. Mas essa culpa eu não carrego. Essa tragédia eu avisei em todas as minhas palavras", concluiu o ex-ministro em suas redes sociais.

A região sabotada pelo descaso da nova direção da Codevasf tem mais de 15 mil hectares de terra irrigadas e produtivas, onde são plantados tomate, coentro, mandioca, goiaba, coco, banana, melancia, melão, mamão, abóbora, maracujá, manga, uva, acerola, cebola, entre outras culturas.

No ano passado, estas agrovilas produziram mais de 343 mil toneladas de produtos agrícolas, gerando um valor bruto de R$ 388 milhões. Hoje, sem água e sem energia, os produtores temem perder as plantações e o sustento. E não deve haver solução rápida, porque o caso virou um "jogo de empurra".

Em nota, a Codevasf alega que "a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) é a proprietária dos projetos públicos de irrigação do Sistema Itaparica, do qual fazem parte os projetos que estão sem água e energia". Ela diz que entregou à Chesf a responsabilidade porque ela não teria cumprido um termo de conciliação.

A Chesf empurra de volta, também através de nota. "É da Codevasf a responsabilidade pela operação e manutenção dos bens que compõem a estrutura de uso comum dos perímetros irrigados de Itaparica, localizados nos estados de Pernambuco e da Bahia, bem como o pagamento da energia elétrica associada".

"A Eletrobras Chesf não detém essa responsabilidade e sequer é titular dos contratos junto às distribuidoras de energia. Da mesma forma, nunca executou as atividades de operação e manutenção dos projetos". Enquanto as duas brigam, os 75 mil produtores enxergam a miséria dos antigos governos de Lula voltando.

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sao pedro