Geraldo tem 'velório' na plenária do PT

O sábado foi marcado pelo o que analistas de política chamaram de "o velório de Geraldo", se referindo ao ex-prefeito Geraldo Simões, que desde 1989 domina o diretório local. Ou melhor, dominava. O que se viu na plenária foi a perda do controle para o grupo do vereador Manuel Porfírio.

O cenário já se vislumbrava quando Geraldo não conseguiu trazer um único deputado ou liderança estadual para apoiar sua candidatura em 2024 na plenária, convocada por 2/3 do diretório. Porfírio trouxe três deputados. No auditório da Câmara de Itabuna, sua turma também era notavelmente maioria.

Foi embremática a imagem de Geraldo tentando discussar e sendo calado pela multidão aos gritos de "não vivemos do passado" e, pior ainda, "uh, uh, cabeça de pitú", um grito de guerra usado por adversários nas cmpanhas eleitorais. Uma humilhação na plenária, que decidiu apoiar o atual prefeito Augusto Castro (PSD).

O programa Conexão Morena, da rádio Morena FM, reuniu Jackson Moreira, presidente local que já foi anti-Geraldo mas hoje é seu preposto no diretório; e Manuel Porfírio, que defende a reconstrução do PT depois de sucessivas derrotas, com a formação de um novo grupo e o apoio a Castro.

Jackson disse que o PT terá candidatura própria e que nada ficou decidido, porque a plenária não teria validade por questões burocráticas. Porfírio contestou mostrando ao host Oziel Aragão todos os documentos que legalizam as decisões tomadas na reunião, inclusive a lista de 2/3 do diretório convocando.

"Se o outro lado quiser contestar, que apresente documentos para isso", afirmou. Ele disse que a decisão foi da maioria e que "Jackson não pode falar da cabeça dele, A decisão é do colegiado. Eu renuncio ao mandato se eles mostrarem um documento que contradiz isso".

Porfírio ressaltou que não é contra Geraldo. "Somos contra a destruição do PT. Nós não tivemos uma boa votação na última eleição. Ele teve 5 mil votos. Hoje é capaz de ter 3 mil ou menos. As pesquisas apontam nós numa situação deplorável de novo. Elegemos só um vereador na última eleição, com muita dificuldade".

Ele lembrou que é preciso pressa em montar a chapa proporcional, que depende da definição. Alheio à contestação de Jackson, que não levou documentos nem parece ter argumentos sólidos, o vereador anunciou, em primeira-mão, que já vai marcar a plenária da Federação com PCdoB e PV para apoiar Augusto.

Por sua vez, Jackson declarou a Oziel que o PT não pode apoiar um candidato, Augusto, "que tem ligação com o bolsonarismo" junto com um "que era membro do PT, saiu e está voltando". Ele se referiu a Junior Brandão, especulado como possível vice. Ele acrescenta que tem até 30 de abril para reverter isso.

Jackson alega que não se pode fazer um novo PT com figuras antigas, mas defende o mais antigo de todos, Geraldo. Questionado sobre o bolsonarismo de Augusto, ele não consegiu explicar de onde veio a afirmação e alegou que a "prova" é que em Itabuna ACM Neto teve mais votos que Jerônimo.

Além disso, fica difícil explicar a posição depois que Geraldo Simões buscou o apoio de Maria Alice, bolsonarista e ex-braço direito de Fernando Cuma, inimigo histórico do PT de Itabuna. Manuel Porfírio citou ainda a contradição de pegar apoio do MDB de Lúcio e Geddel Vieira Lima, "que atuaram no golpe contra Dilma".

Para o vereador, o PT local "se prendeu a uma família que destruiu o partido". E apontou a hipocrisia: "Jackson saiu do PT por um tempo e apoiou Azavedo, no DEM, porque estava insatisfeito com a família, que ele chamava de Casa Grande. Geraldo hoje não é candidato do PT. Pode ser de um grupo do PT, mas não do PT".

O Conexão Morena desta segunda, que dominou a audiência do rádio na região, teve ainda denúncia de racismo. Porfírio afirmou que a turma de Geraldo "discriminou meu pessoal, chamou de neguinho, de favelado, mas ele é favelado mesmo. Quem elege político é o neguinho, o favelado", concluiu.

19:45  |  


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sao pedro