Descoberta nova perereca sulbaiana

Pesquisadores do Laboratório de Herpetologia Tropical da Uesc descobriram uma nova espécie de pererequinha-de-bromélia no Sul da Bahia, na Estação Ecológica Wenceslau Guimarães, e a batizaram de Phyllodytes iuna. O nome da espécie (iuna) presta homenagem à capoeira.

Na roda de capoeira regional, o toque de “Iúna” é executado para a formatura de alunos ou é reservado para o jogo de professores e mestres. Com essa homenagem, os autores celebram o rico legado deixado pelos mestres da capoeira. Essa é a quinta espécie do grupo Phyllodytes que a equipe descreve em 10 anos.

Um dos cientistas, o professor Iuri Ribeiro Dias, é o capoeirista da equipe. Ele conta que “faço capoeira desde criança e sempre tive vontade de homenagear essa expressão cultural afro-brasileira em alguma das espécies que encontramos aqui no Sul da Bahia”.

Quando os cientistas pesquisam na mata, costumam buscar anfíbios nos lugares onde eles são esperados, como brejos e poças. Este grupo de pererequinhas, ao invés de se reproduzir em poças, passam toda a vida em bromélias. "As pererequinhas-de-bromélia são animaizinhos espetaculares", diz o professor Mirco Solé.

"Elas passam todo o seu ciclo de vida em bromélias. Lá elas depositam ovos, nascem e crescem os girinos e depois cantam os adultos. Os girinos de algumas espécies prestam um serviço ecossistêmico importante: eles se alimentam de larvas de mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya".

"Protegendo as pererequinhas-de-bromélias estaremos também protegendo a nossa própria saúde", completa. A Phyllodytes iuna é a 16ª espécie do gênero Phyllodytes no Brasil e a sétima endêmica da Bahia. Os primeiros indivíduos foram registrados em 2015, mas sua descrição formal só foi possível em 2018.

“Apesar dos esforços de coleta em diversas localidades na Mata Atlântica do Sul da Bahia, a espécie ainda não foi registrada em nenhum outro local além da Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães", revela Laisa Santos, membro da equipe e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Uesc.

Embora a equipe do Laboratório de Herpetologia Tropical já conheça a maioria dos cantos dessas espécies no Sul da Bahia, ainda há muito trabalho a ser feito. “Estimamos que, apenas nessa região, ainda temos mais cinco espécies novas de pererequinhas-de-bromélias para descrever”, destaca o professor Iuri.

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sao pedro