Prefeito de Maceió desmente governo

Pressionado pela repercussão internacional do processo de colapso em uma das 35 minas de extração de sal-gema da que causaram tremores e destruição de cinco bairros de Maceió, o Ministério Público Federal informou que pediu em 2019 para a Polícia Federal conduzir um inquérito.

Ele deve apurar a responsabilidade da Braskem por crimes resultantes de suas operações de mineração na capital alagoana. A nota do MPF afirma que investigação tramita sob sigilo, “para garantir a efetividade da persecução penal, que é do maior interesse público”.

Sem sinalizar para o ajuizamento de uma ação criminal, o MPF detalhou que a requisição do inquérito policial foi formalizada após o Serviço Geológico do Brasil emitir laudo conclusivo descartando causas naturais para o fenômeno de afundamento do solo na área urbana, explorada pela Braskem por cerca de 40 anos.

O laudo foi emitido mais de um ano depois de um terremoto de 2,5 graus na escala Richter sacudir a vida dos maceioenses, em março de 2018. Desde então, cerca de 60 mil vítimas foram forçadas a deixar suas casas e empresas nos bairros do Mutange, Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e em parte do Farol.

Nesta segunda, a Prefeitura de Maceió desmentiu a informação amplamente divulgada e atribuída à Defesa Civil do governo estadual, de que o processo de colapso da mina 18 de extração sal-gema da Braskem poderia abrir uma cratera com 150m de raio, com potencial de engolir um estádio do tamanho do Maracanã.

A suposta dimensão do desastre no poço de mineração localizado na margem da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, foi colocada em aspas, em reportagem da CNN Brasil. "O dano ambiental é certo que vai acontecer, mas não teremos vidas tragadas”, dizia o órgão do governo de Paulo Dantas (MDB).

A Prefeitura de Maceió refuta a hipótese e afirma não haver base científica para a previsão. "Com dados do último sonar, no dia 4 de novembro, a cavidade da mina 18 apresentou um volume de 116.000 m³, o que seria 27 vezes menor do que o estádio, que tem um tamanho de 3.118.500 m³".

“É mera especulação calcularmos a área que seria afetada, pois estamos diante de um cenário inédito, jamais vivenciado no Brasil. Os dados não fazem essa previsão” esclarece o coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre. A Defesa Civil de Maceió realiza o monitoramento de toda a área afetada.

Ela usa uma rede de equipamentos que medem, em milímetros, possíveis deslocamentos em superfície, subsuperfície, inclinação e rotação, com o objetivo de acompanhar a evolução espacial e temporal do fenômeno. O time inclui técnicos de geologia, geografia, agrimensura, engenharia e agentes de monitoramento.

“Estamos todos empenhados nessa missão, pois nosso maior objetivo é salvaguardar a vida dos maceioenses. Por isso, desde quando foi identificado a subsidência em cinco bairros da capital, mais de 55 mil pessoas já saíram da área de risco”, acrescenta o coordenador-geral.

"Além da rede de equipamentos, o órgão realiza visitas periódicas em toda a área adjacente do mapa, realizadas pelo Comitê Técnico. As visitas têm por objetivo conferir nessas residências se aparecem novas manifestações patológicas e, sendo encontradas, se têm relação com o processo de subsidência do solo", diz.

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sao pedro