Juíza é nossa primeira asilada política

Autora do livro ‘O inquérito do Fim do Mundo’ e afastada do cargo de juíza na Justiça de Minas Gerais, a brasileira Ludmila Lins Grilo, que ainda é alvo de dois processos no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que está nos Estados Unidos.

Ela é a primeira asilada política da era de governos civis no Brasil. Está oficialmente nesta condição nos EUA. Só depois de um ano de residência na ‘terra da liberdade’ ela revelou a saída do Brasil. “Passei todo esse tempo reorganizando minha vida, e chegou a hora de revelar o que aconteceu".

"Sou, oficialmente, uma juíza brasileira em asilo político nos Estados Unidos”, escreveu a magistrada em um blog pessoal. Ludmila conta que ainda exercia a atividade de juíza quando se instalou nos Estados Unidos e que cumpria a programação diária da vara criminal, por videoconferência.

“Venho perante a comunidade internacional como juíza aposentada em minha terra natal, o Brasil. Lamentavelmente fui obrigada a deixar o meu país devido às consequências terríveis de uma ditadura judicial que havia se enraizado”, denunciou em vídeo que circula internet.

A juíza também se comprometeu a amplificar globalmente a voz dos perseguidos pela ‘ditadura judicial’ instalada no Brasil. Em 2022, a magistrada passou a ser investigada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, por opinar sobre política e sobre o inquérito das fake news nas redes sociais.

Um processo disciplinar também foi aberto contra Ludmila em junho do mesmo ano, pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, depois que ela condenou, nas redes sociais, ‘juízes que acreditam em denúncias sem provas em casos de estupro, lesão corporal e outros crimes contra mulheres', que chamou de ‘fé cega'.

Em fevereiro de 2023, o CNJ instaurou dois processos disciplinares contra Ludmila e determinou seu afastamento da Vara de Infância e Juventude de Unaí/MG. No mês seguinte, o TJ-MG ‘bateu o martelo’ sobre a aposentadoria compulsória da juíza.

Ludmila foi acusada de "violar deveres do magistrado" e adotar "procedimento incompatível" com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções. Em agosto de 2023, o Diário do Poder cobriu evento em que Ludmila palestrou, de maneira remota, na Biblioteca do Senado.

Durante o encontro com familiares e advogados dos presos do 8 de janeiro, ela afirmou que não se arrepende. “Perdi o meu cargo, mas minha dignidade está intacta”, cravou. “Estamos num momento em que a Suprema Corte está violando direitos alheios e não adianta eu recorrer, não vou me dar a esse trabalho".

"Estamos em uma ditadura judicial”, arrematou. Com Diário do Poder

20:08  |  


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sao pedro