Após um ano, Marcos Gomes já foi solto
A pena era de 13 anos, ele ficou impune 16 anos até ser preso mas, com pouco mais de um ano de cadeia, Markson Monteiro de Oliveira, o "Marcos Gomes", já ganhou o benefício de "cumprir" o resto em regime semiaberto. Esta é a "justiça" para com sua vítima, o vaqueiro Alexandro Honorato.
Alexandro foi torturado, espancado, mantido preso num depósito e assassinado por Marcos Gomes, que depois desovou o corpo na beira da estrada entre o haras da família em Floresta Azul, local do homicídio, e Itapetinga. O crime, em 2 de dezembro de 2006, não teria sido descoberto se não fosse telefonema do pai.
Ele ligou para a redação do jornal A Região pedindo ajuda para localizar o filho, que desaparecera depois de ir a uma vaquejada no haras dos Gomes. Marcel Leal, CEO e editor do jornal, ligou para o delegado Nélis Araújo Jr. Como ele tinha uma diligência próximo de Floresta Azul, aproveitou para investigar.
Na visita à delegacia de Floresta Azul, soube de um corpo encontrado na estrada e levou a irmã de Alexandro, que identificou o corpo de imediato, pelas roupas e acessórios que sempre usava. Nélis passou a investigar e, em pouco tempo, tinha elucidado o crime. Faltava prender o assassino.
Nélis contou ao jornal A Região, em entrevista exclusiva (leia aqui), que o vaqueiro chegou à festa e foi acusado por Marcos Gomes de ter roubado uma sela. A partir daí, foi amarrado com um arreio, espancado com golpes de chicote e pontapés dentro do Haras.
"Desde o início as dezenas de testemunhas relataram que as pessoas permaneceram de forma ordeira na festa. Na exumação pude perceber que as lesões foram isoladas e provenientes de um único instrumento contundente e dos disparos de arma de fogo, além da vítima ter permanecido amarrada por horas", disse.
Indiciado no início de janeiro, Marcos Gomes fugiu e acabou condenado à revelia em novembro de 2013 pela juíza Juliana Machado, da comarca de Ibicaraí, que expediu o mandado de prisão. Apesar disso, ele passou anos foragido, mas visto frequentenmente em Itabuna, onde o pai Fernando era prefeito.
Tanto nas gestões de Fernando Gomes quanto na do seu ex-vice José Nilton Azevedo, Marcos andava livremente em Itabuna, sem ser incomodado pelas polícias Civil e Militar. Fernando era aliado político dos governadores do PT. Marcos chegou a comandar a campanha política do pai na cidade.
A defesa dele pediu a anulação do juri, mas teve o pedido negado pelo TJ. Em dezembro de 2018, o desembargador Júlio Travessa reduziu a pena para 13 anos, por homicídio qualificado, porque a pena pelo cárcere privado tinha prescrito devido ao tempo em que o criminoso conseguiu evitar o julgamento.
Marcus Gomes apelou até ao Supremo Tribunal Federal, alegando que bandidos condenados não podem ser presos na segunda instância. O ministro Celso de Mello negou e mandou executar qualquer mandado de prisão existente. Havia o de 2017. Mas a prisão só aconteceu em outubro de 2022.
No dia 1 de março de 2023 ele foi transferido para o presídio de Itabuna. Agora, depois de apenas 1 ano e 3 meses de prisão de uma pena de 13 anos por tortura, cárcere privado, homicídio qualificado e ocultação de cadáver., ele já poderá circular livremente durante o dia, caso não resolva fugir de novo.
Já o vaqueiro Alexandro Honorato continua morto.
Apesar da gravidade, o caso foi abafado na imprensa baiana, por ser filho do então prefeito Fernando Gomes, parceiro do estado. A exceção foi o jornal A Região, que deu início à investigação ao repassar a denúncia ao delegado Nélis Araújo, então coordenador da Coorpin de Itabuna, e a rádio Morena FM.
Em entrevista exclusiva ao A Região, ao ser perguntado se este era o caso mais polêmico e difícil da sua carreira, Nélis respondeu que "ao contrário. Não vi qualquer grau de dificuldade no inquérito, dado que a materialidade delitiva e autoria logo restaram provadas". Veja fotos do crime aqui.
Segundo o Conjunto Penal de Itabuna, Marcos Gomes teve a prisão revertida para o semiaberto por ter cumprido parte da pena (1 ano e 3 meses) e apresentado bom comportamento. Além disso, foi aprovado para um curso na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
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