Ex-ministro critica perseguição do STF

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, classificou como "extravagância" a Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira (8) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), generais e ex-assessores, na investigação sobre "tentativa de golpe de Estado" em 2022.

Em entrevista à Radio Bandeirantes, ele cobrou que o Supremo dê exemplo, respeitando seu papel constitucional, evitando extremos, sem “atropelar meios em nome de um fim”. Marco Aurélio não vê razão para a operação da Polícia Federal e concluiu que o Brasil vive "tempos estranhos".

Ele criticou a expedição de atos de constrição, como os 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisões preventivas, determinados pelo ministro Alexandre de Moraes. “Sempre entendi que, no Direito, o meio justifica o fim. Você não pode potencializar o fim e ir atropelando o meio".

"E o meio precisa ser observado. E observado principalmente pelo Supremo. Porque o exemplo vem de cima”, condenou, demonstrando perplexidade. Ele lembrou não ser prerrogativa constitucional do STF conduzir inquérito criminal, nem julgar ações relativas a crimes que deveriam tramitar na primeira instância.

O ministro aposentado ainda disse que, em época de crise, é preciso guardar temperança e equilíbrio. E defende ser hora de tirar o pé do acelerador, ao ressaltar que medidas como as expedidas por Moraes pressupõem elementos concretos quanto à prática criminosa dos alvos.

“O país não estará melhor mediante esses extremos. É extremo de um lado quanto a multas aplicadas na Lava Jato; e extremo também de outro lado quanto a atos de constrição. Mas vamos aguardar, nestes tempos estranhos, o que ocorrerá. O que nós tivemos foi uma extravagância".

"Eu não posso presumir o excepcional, que tudo estaria voltado a um golpe de Estado. Não há espaço no Brasil mais para golpe em si. Nós vivemos em uma democracia, que vai passo a passo sendo robustecida”, disse Marco Aurélio na entrevista. Com Diário do Poder.

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sao pedro