Cultura questiona as obrigações da Ficc
O coletivo Pensamento Manifesto voltou a questionar a gestão da Ficc, responsável pela Cultura em Itabuna. O grupo quer saber se ela vai repetir 2023 e gastar metade do orçamento para 2024, de R$ 11,8 milhões, no Ita Pedro. A prioridade dada à festa foi criticada no ano passado.
Segundo o professor de História, músico e poeta Mither Amorim, nas duas reuniões do novo Conselho de Cultura, o Governo não detalhou como vai usar o dinheiro. "O Conselho pediu à Ficc o planejamento de aplicação desse recurso. Estamos em março e, até agora, não sabemos como vai ser aplicado".
Ouvido pelo Jornal das Sete, da Morena FM, ele acrescentou que a Fundação não tem respeitado a lei que obriga o município a reservar, para nomes locais, 30% do dinheiro usado na contratação de artistas. "E 60% dos artistas contratados têm que ser do município. A gente questiona isso também", diz.
O estatuto da Ficc obriga a Fundação a promover um programa contínuo de formação artística e o Festival Multiarte Firmino Rocha. Após três anos sem fazer o Festival, a Fundação anunciou sua retomada em 2024. Segundo Mither, a Prefeitura argumenta que não fez o Firmino Rocha em 2021 e 2022 por causa da Covid.
"Mas não explica por que não promoveu o evento no ano passado", destaca. Amorim também cita a escola de teatro e o fomento à pesquisa como obrigações legais que a Ficc não cumpre. A reportagem entrou em contato com o presidente da Ficc, Aldo Rebouças, mas não obteve resposta.
Quanto ao estímulo à formação artística, a gestão lançou, neste ano, a Escola de Talentos. O problema, diz Amorim, "é que as atividades foram concentradas no Centro de Cultura Adonias Filho, quando o ideal seria a sua dispersão pelos bairros da cidade". Ele aponta falta de transparência na seleção dos educadores.
"Não estamos questionando a qualidade profissional dessas pessoas, mas a forma como a Ficc conduziu o processo". A legislação também obriga a Ficc a manter uma escola municipal de teatro, "mas o Governo não a tirou do papel,' lamenta Amorim, que diz apenas exigir o cumprimento das leis municipais.
"A gente não quer participar dessa luta da politicagem, de troca de cargos. A gente quer ver a política pública acontecer do jeito que está desenhada para acontecer. É um movimento legalista. É um bocado de Brizola lutando pelo cumprimento da lei," concluiu Amorim ao Jornal das Sete.
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