Fraude dos respiradores assombra Rui Costa

Uma fraude do passado, que se pensava esquecida, voltou a assombrar o ministro da Casa Civil Rui Costa. Ele era o governador da Bahia e o presidente do Consórcio Nordeste durante a "pandemia" da Covid. Na época, o presidente Jair Bolsonaro enviava bilhões de reais para os estados enfrentarem a doença.

Rui aproveitou o mar de dinheiro para anunciar a compra de 300 respiradores, equipamento muito desejado pelos hospitais, mas nem a Bahia nem os outros estados que pagaram pelos aparelhos receberam o que compraram. A razão foi descoberta graças à imprensa indendente e as redes sociais.

O Consórcio, por ordem de Rui Costa, pagou R$ 48 milhões, adiantados e sem garantias, à Hempcare, uma empresa que importa produtos à base de maconha e nunca tinha sequer visto um respirador. Mais tarde, Rui alegou que fez a compra porque "não sabia inglês" (Hemp quer dizer maconha).

Uma operação da PF, realizada na semana passada dentro do caso, fez apreensões na casa do empresário baiano Cleber Isaac Ferraz Soares. Ele é amigo do ex-governador e dua esposa, a enfermeira que ganhou cargo vitalício no Tribunal de Contas do Estado Aline Peixoto.

Cleber e o lobista Fernando Galante foram os intermediários do contrato entre o Consórcio Nordeste e a Hempcare, recebendo, cada um R$ 12 milhões (25% do total) como “comissão”. Ou propina. O Tribunal de Contas da União, ao estudar a compra, decidiu que ela está cheia de irregularidades e fraudes.

A fraude foi formatada com “ares risíveis de legalidade ao procedimento”. Os auditores concluíram que é impossível afirmar que houve boa-fé. O secretário do Consórcio, braço-direito de Rui, Carlos Gabas, “contribuiu efetivamente para a concretização da irregularidade”, diz o relatório.

Gabas assinou um documento atestando que os respiradores tinham sido entregues e estavam em perfeitas condições. Nenhum foi entregue. O TCU considera que a compra era suspeita desde o início, mas mesmo assim foi feita. A Hempcare, por exemplo, só tinha 9 meses de vida e capital social mínimo.

“Se eu trago biquíni, trago respirador”, disse a dona da empresa, que importava biquinis e produtos de maconha, Cristiana Taddeo. Ela devolveu parte do dinheiro e fechou uma delação premiada com a Justiça, onde contou os detalhes sórdidos da fraude para se livrar de muitos anos de cadeia.

O então secretário da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster (à direita na foto) foi apontado pela dona da Hempcare como a pessoa com quem ela fez as tratativas do contrato da compra fraudada dos respitadores. Mas ela afirma que ainda tinha que passar pelos amigos de Rui Costa.

Cristiana delatou que Cleber Isaac mostrava prints de conversas com Rui Costa e tinha registrado em seu celular o telefone reservado do então governador. Segundo Isaac, o negócio só poderia ir em frente se ele e Galante recebessem a comissão, afirma a dona da Hempcare.

Peritos do Ministério Público afirmaram, em laudo técnico, que os respiradores da fraude custavam 318% mais que o normal. Mesmo se fossem entregues, o Consórcio ainda teria sido lesado em mais de R$ 28 milhões. O inquérito se arrasta há quase quatro anos e não impediu Rui Costa de virar ministro.

A Procuradoria-Geral da República destaca que “a empresa contratada não tinha experiência no objeto contratual, os valores alçam patamares milionários, recursos públicos são pagos antecipadamente e o resultado dessa mistura de ingredientes não poderia ser outro senão o desperdício de dinheiro público”.

Para a PGR, o caso envolve estelionato, fraude em licitação, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e corrupção, “com a possível atuação criminosa do Governador do Estado da Bahia Rui Costa”. Desde o início, Rui s erecusa a falar no assunto, mas foi indiciado numa CPI da Assembleia Legislativa do RN.

Muito esforço foi feito para produzir estas notícias. Faça uma doação para repor nossas energias. Qualquer valor é bem vindo. Pode ser via Bradesco, ag 0239, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, ou pelos botões abaixo para cartão e recorrentes.