São Paulo resgata 163 aves traficadas
O Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) de São Paulo recebeu 163 aves procedentes do tráfico de animais, entre elas filhotes de araras-canindé, vermelha e azul, espécies ameaçadas de extinção. Os bichos foram encontrados aglomerados no porta-malas de um carro.
Eles estavam sem alimentação e os bebês, com baixo peso, famintos, com lesões e sinais de desidratação, além de vários já sem vida. A apreensão foi da Polícia Militar, no centro de Guararema, na região metropolitana de São Paulo, após uma denúncia anônima.
Os animais estavam no porta-malas de um veículo, em caixas improvisadas de papelão e madeira. Havia 36 filhotes de araras-canindé vermelha e azul, 125 pássaros das espécies coleirinha, papa-capim e tiziu, e dois rolinha-fogo-apagou. Pelo menos 20 já estavam mortos. O motorista teria comprado as aves em uma feira.
As aves foram levadas pela Polícia Ambiental ao Cetras-SP, que conta com uma equipe composta por tratadores de animais, técnicos, biólogos e veterinários. Lá, estarão protegidas, acolhidas e permanecerão em ambiente com temperatura e umidade adequadas, além de receber tratamento e alimentação especial.
Com essa apreensão, o centro totaliza 1.293 animais, entre eles 322 filhotes, vindos tanto de apreensões quanto de resgates. Segundo Lilian Sayuri Fitorra, diretora técnica do Cetras-SP, neste ano a unidade recebeu 6.770 animais, sendo 3.418 de apreensão, 802 de entregas espontâneas, 2.465 de resgates e 85 de outras origens.
“São espécies resgatadas de tráfico nacional e internacional, vítimas de atropelamentos, de colisão em vidraças, de acidentes com linhas de pipa, eletrocutados, feridos por projétil, agredidos por pessoas, atacados por animais domésticos ou ainda filhotes órfãos”, conta.
Isso significa mais de 22 animais a cada dia sendo recebidos para o processo de recuperação. “O tráfico segue como o maior motivo dos recebimentos, especialmente de aves, que são encontradas sempre em situações muito precárias. Este é um problema que não vai acabar enquanto tiver alguém comprando”, explica Lilian.
As pessoas que compram animais silvestres no mercado ilegal não imaginam a dimensão do mal que fazem aos bichos e os prejuízos que causam à biodiversidade. Além de privá-los de viver livremente em seu habitat natural, mantendo-os em cativeiro de forma inadequada, fazem deles seus pets de estimação.
Muitas vezes cuidam apenas enquanto são filhotes. Depois, pela dificuldade no manejo, pela alteração comportamental na fase adulta e pelo alto custo do tratamento, acabam soltando os animais em qualquer lugar ou entregando-os voluntariamente a um centro, como o Cetras.
Assim como manter em cativeiro um animal sem procedência legal, a soltura irregular também é crime. A orientação para quem possui um animal silvestre irregular é procurar o Cetras mais próximo para fazer a entrega voluntária, que é amparada por lei.
O Cetras mantém os animais até estar recuperados e prontos para soltura. O tempo de reabilitação é diferenciado entre as espécies, podendo variar de uma semana a dois anos com todos os aspectos biológicos avaliados para a destinação correta de cada animal, sempre com a prioridade de devolução para a natureza.
Dos animais reabilitados em 2024, 74,5% já foram devolvidos à natureza e 25,5%, entregues a instituições de apoio. Isso significa que mais de um quarto desses bichos, que poderiam estar em seu habitat natural, acaba vivendo em cativeiro por sequelas das ocorrências.
Uma arara, por exemplo, que vive em média 70 anos, pode passar a vida toda numa gaiola, sem poder voar livremente. Denúncias de tráfico de animais ou solicitações de resgate podem ser encaminhadas ao Cetras no whatsapp (11) 93045-8914, à Polícia Militar Ambiental (190) e Ibama pelo 0800 061 8080.
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