Gordura saturada: "não é bem assim"
Por décadas fomos ensinados que a gordura saturada é um tipo assustador de alimento que devemos evitar. Coisas como manteiga, ovos e carne vermelha precisam ser consumidas com moderação ou, melhor ainda, nunca, de acordo com organizações de saúde pública.
No Brasil chegaram a promover o uso da margarina, produto químico que tem apenas uma molécula de diferença para o plástico e não se decompõe, no lugar da manteiga, produto natural, com a mentira de que "fazia bem para o coração".
Mas a jornalista científica Nina Teicholz está ajudando a desvendar essa crença e fazer as pessoas comuns entenderem que a gordura saturada "não é o diabo". Ela explica que "a ciência por trás da afirmação de que gorduras saturadas causam doenças cardíacas sempre foi fraca".
"O medo dessas gorduras foi iniciado pela American Heart Association em 1961, com base em um estudo falho," explica. Um artigo chamado Endocrinology, Diabetes and Obesity analisa a história da "hipótese dieta-coração do final dos anos 1950 até os dias atuais", incluindo revelações que nunca foram publicadas.
A AHA, maior organização sem fins lucrativos dos EUA, é considerada a líder quando se trata de educação e conscientização sobre doenças cardíacas. Ela começou a recomendar em 1961 que as pessoas evitassem gordura saturada e a substituíssem por óleos vegetais poli-insaturados, como óleo de soja.
"O conselho da AHA de 1961 para limitar a gordura saturada é sem dúvida a política nutricional mais influente já publicada, tendo sido adotada primeiro pelo governo dos EUA, como política oficial, em 1980, e depois por governos ao redor do mundo, bem como pela Organização Mundial da Saúde", diz o artigo.
No entanto, eles foram pagos para distribuir essas informações. A AHA aceitou US$ 20 milhões (em dólares de hoje) em financiamento da Procter & Gamble, uma corporação que fabrica e vende Crisco Oil. A AHA recomendou substituir a manteiga por alternativas "saudáveis para o coração", como... Crisco Oil.
"Apesar do conselho da AHA, os ensaios clínicos 'centrais' originais sobre gorduras saturadas, dos anos 60 e 70, não conseguiram encontrar nenhum efeito dessas gorduras na mortalidade cardiovascular, mortalidade total e, na maior parte, ataques cardíacos ou outros 'eventos'", diz Teicholz.
"Os resultados desses ensaios e outros estudos sobre gorduras saturadas foram ignorados, suprimidos. Por exemplo, o famoso estudo de Framingham não conseguiu encontrar nenhuma ligação entre gorduras saturadas e doenças cardíacas. Este resultado, financiado pelo governo, nunca foi publicado".
Foi somente no final dos anos 2000 que cientistas e jornalistas começaram a reexaminar as gorduras saturadas e a reestruturar a maneira como as pessoas falavam sobre manteiga, carne e ovos em relação à saúde e bem-estar geral. Teicholz cita o comitê de especialistas das Diretrizes Dietéticas de 2020.
"Ele descobriu que 88% dos estudos em sua própria revisão não apoiavam a ideia de que as doenças cardíacas eram causadas por gordura saturada. E, ainda assim, o comitê ignorou esses dados e alegou que as evidências contra a gordura saturada eram 'fortes'".
"É preocupante perceber que a política dos EUA para cortar gorduras saturadas foi criada para homens de meia-idade com medo de doenças cardíacas", conclui. "Nunca considerou os danos potenciais para mulheres e crianças. A política dos EUA sobre gorduras saturadas nunca pesou custos versus benefícios ou a ciência." Com Evie Magazine.
Muito esforço foi feito para produzir estas notícias. Faça uma doação para repor nossas energias. Qualquer valor é bem vindo. Pode ser via Bradesco, ag 0239, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, ou pelos botões abaixo para cartão e recorrentes.
