Igreja histórica desaba e mata turista
O padre responsável pela Igreja de São Francisco de Assis, uma das mais importantes do patrimônio histórico baiano e nacional, avisou ao Iphan que ela estava com risco de desabamento, mas foi ignorado. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, baiana como a igreja, não tomou providências.
O resultado foi uma tragédia que poderia ter sido ainda maior. Uma grande parte do teto dersabou, matando uma turista de 26 anos e deixando outras cinco pessoas feridas. O desabamento aconteceu na tarde desta quarta-feira, assustando quem passeava pelo Centro Histórico de Salvador.
A turista Giulia Panchoni Righetto, de Ribeirão Preto/SP, visitava a igreja com o namorado e outro casal quando foram surpreendidos pelo desabamento. A amiga sofreu um corte na testa e os homens saíram ilesos porque conversavam a alguns metros dela. Depois do acidente evitável, as polícias Civil e Federal vão investigar.
O teto, que tinha detalhes insubstituíveis, caiu por volta das 14h30, segundo as autoridades, confirmadas por vídeos de testemunhas mostrando a igreja depois do desabamento. Se estivesse acontecendo uma missa, seriam dezenas de mortos, porque a parte que caiu fica acima da área onde o público senta.
"Todo o espaço central da igreja cedeu. Possivelmente, alguma parte dessa cobertura se rompeu e, com o peso desse espaço superior do teto, a madeira veio abaixo com o sobrepeso", afirmou Sósthenes Macedo, coordenador da Defesa Civil de Salvador. O corpo de Giulia foi para perícia no Departamento de Polícia Técnica.
Depois de isolar a área e interditar a igreja, o próximo passo é a visita de uma equipe técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o mesmo que poderia ter evitado a tragédia se atendesse aos pedidos de inspeção. O presidente do órgão, Leandro Antônio Grass Peixoto, deve comparecer ao local.
Uma nota burocrática do Iphan e do Ministério da Cultura, responsáveis pela manutenção e vistorias de todo o patrimônio histórico, apenas "lamenta" o que chama de "ocorrido" e afirma "acompanhar de perto a situação, em articulação com as autoridades locais responsáveis pelo atendimento da ocorrência".
A nota diz ainda que "o Iphan, enquanto órgão de proteção do patrimônio cultural brasileiro, tem atuado na preservação do bem, com ações como o restauro dos painéis de azulejaria portuguesa, concluído em maio de 2023, e a elaboração do projeto de restauração do edifício, atualmente em andamento". Não parece.
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