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morena fm
3.Novembro.2017

Homenagens justas


walter moreira Na história dos 30 anos da Morena FM estou me dedicando mais tempo ao Troféu Jupará porque essa valorização do artista foi a ação mais importante que fizemos, mais que quebrar todos os tabus, mais que revolucionar a maneira de fazer rádio na Bahia, mais que as inovações e o pioneirismo em som digital.

O Projeto Jupará mudou o cenário da cultura no sul da Bahia, projetou artistas e deu a eles mais mercado e respeito. É uma coisa que me realiza e me faz feliz. Dentro do Jupará, uma coisa que sempre fiz questão foi de homenagear os que passaram a vida trabalhando na cultura. E muitas vezes me surpreendi.

Foi o caso da entrega do troféu especial a Walter Moreira em 1998 (foto), então já na beira dos 80 anos. Maior pintor que tivemos, Walter retratou a história de Itabuna em seus quadros, com cenas que viu desde a década de 30, desde jagunços até os tropeiros entregando água na cidade.

A frase dele, ao receber, me marca até hoje pelo absurdo. “Marcel, esta é a primeira vez na minha vida inteira em que sou homenageado ou ganho um troféu”. Esse desprezo pelos artistas da terra, representado nesta frase, me choca até hoje. E não foi a única vez em que ouvi esta frase.

Sabará, lenda da bateria não só daqui como do Brasil, que já formou dezenas de fantásticos bateras, falou a mesma coisa, assim como Adelindo Kfoury, nosso maior historiador. Minha felicidade foi conseguir homenagear pessoas ainda vivas, porque esta é a homenagem que importa.

O mesmo com amigos que perdemos, como Paulo Mesquita, ex-presidente da AABB; Milton Mendes, que fez história na área de sonorização; escritor e jornalista Hélio Pólvora; Pedro Mattos, que formou atores como Fábio Lago; e Candinha Dórea, eterna dama do teatro.

O Jupará também fez justiça entregando troféus especiais a pessoas que lutam pela cultura, como Bruno Susmaga, que tinha a Casa dos Artistas como maior polo cultural da região; ou Cármen Modesto, que ajudou demais a arte regional no Centro de Cultura de Itabuna.

Como Marcelo Sá, que deu ao Teatro Municipal de Ilhéus sua melhor fase; Missinho Mendes, que seguiu Milton no apoio aos nossos artistas, montou o primeiro estúdio profissional, o MM Studios, onde os CDs Jupará foram produzidos, e o arranjador deles, Hugo Andrade.

Homenageamos Julius Kaiser (Nestlé) e Djalma Chiepper (Águia Branca), sem os quais o Projeto Jupará jamais teria existido; o maior santeiro do mundo, Osmundinho Teixeira, criador das estatuetas do Jupará; o empresário Bob Brito, que ajudou o projeto desde o início e a arte regional a vida toda.

Tive o prazer de entregar o troféu especial a dois parceiros que consegui pegar de surpresa durante a festa. Um foi o jornalista Ramiro Aquino, com quem tive a honra de apresentar a festa ao longos dos 15 anos. Outra foi Lucimar Del Pomo, responsável pela produção.

Pude homenagear um poeta e escritor Antonio Nunes, que merece mais atenção; e o cantor Fábio Souza, que levou nossa música para todo o Brasil.

Infelizmente, três pilares da nossa cultura só puderam ser homenageadas depois de partir: Filemon Carvalho, fundador do Lordão e do Cacau Com Leite; Cody Reis, bailarino e coreografo renomado; e Équio Reis, um símbolo da qualidade da arte de Ilhéus.

Nos 15 anos, fizeram show no Jupará Marcionílio, Abel Duerê, Márcia Salomon, Cacau Com Leite, Gilcélia Vaz, Fabiano Carillo, Robertinho Rondó, Caê, Edu Casanova, Emerson Mozart, Kokó, Lula Palmeira, Ari PB, Jan Costa, Neguinho do Sopro, Fábio Souza, Silvano Gonzaga, Marcelo Ganem, Mari Antunes e Vera Cruz.

1999 teve uma novidade internacional, com Meredith Sloane, diretora do Qradio (do maestro Quincy Jones) apresentando uma das categorias, com tradução simultânea minha. Muito chic.



A rádio Morena FM 98 completou 30 anos em dezembro de 2017, por isso seu fundador, Marcel Leal, conta aqui a história e as estórias da rádio mais ousada da Bahia.

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