Uma rádio mundial
As visitas à TM Century, as palestras nos EUA e pioneirismo em som digital deram à Morena FM uma boa imagem junto aos americanos e isso acabou levando a um convite bem especial: fazer parte de um programa mundial de rádio.A TM produzia em Los Angeles um programa chamado World Chart Show, trazendo novidades musicais de 130 países, onde era transmitido. Faltava alguém no Brasil e o convidado fui eu. Entrava toda semana, por telefone, falando de música nacional, lançamentos e sucessos.
Eles faziam rodízio entre os correspondentes, mas, por algum motivo gostaram de mim e acabei sendo o correspondente que mais participou do programa. Não foi por ser fluente em inglês, porque todos eram. Talvez tenha sido por esse jeito informal que todos nós brasileiros temos.
A Morena também transmitia o programa. A participação, assim como tod0 o programa, era em inglês, mas nossos ouvintes gostavam do mesmo jeito, pela produção e pelas músicas. No final da fala, eu tinha que indicar uma música para tocar no programa. Adivinha o que eu indicava?
Como tinha levado os 4 CDs Jupará e distribuído para radialistas de lá, incluindo os produtores do programa, sempre indicava uma faixa nossa, do sul da Bahia. Que era tocada em 550 rádios de 130 países! Foi uma coisa surreal para uma emissora do interior da Bahia.
Em uma das ocasiões em que estava em Los Angeles, participei ao vivo do programa e causei espanto nos ouvintes duas vezes. Uma quando disse que adorava dirigir em LA (eles detestam, porque não conhecem o trânsito de São Paulo ou Salvador...).
A outra foi quando contei que o cacau, matéria-prima do chocolate, era o que mantinha a Mata Atlântica preservada. Nunca tinham ouvido falar de cacau. Fizeram muitas perguntas sobre ele, como era plantado, como virava chocolate, que gosto a fruta tinha, como preservava a mata.
Contei sobre o macaco jupará e expliquei porque ele dava nome a nosso projeto musical. Ficaram apaixonados pelo macaco que planta a semente depois de se alimentar com a polpa do cacau. Foi oportunidade única de divulgar a região.
Num outro ano, tinha ido para o congresso da NAB e me chamaram para fazer o programa ao vivo no pavilhão de exposições. Não ia ser uma participação. Eu ia apresentar o programa junto com a locutora oficial. Acharam que seria diferente. Mas por problemas técnicos não fizeram o show.
Uma coisa engraçada aconteceu por causa do World Chart Show. Na época em que fui divulgar o CD Jupara 3 em São Paulo, todas as rádios me receberam bem, ouviram o disco, várias tocaram faixas. Mas na Transamérica FM foi bem diferente. Voltei lá três dias seguidos e não me receberam.
No terceiro dia, deixei o CD, um material impresso sobre o projeto Jupará e fui embora. Meses depois, a Transamérica passou a transmitir o WCS, mas sem participar, pois eu continuava sendo o correspondente do Brasil. Ou seja, acabaram tocando as músicas do Jupará via WCS...
Gostaria de ter tido mais oportunidades de divulgar nossos artistas no exterior. Temos artistas de alto nível no sul da Bahia, por isso montei o Projeto Jupará de Valorização da Arte Grapiúna. Conto sobre ele semana que vem.
A rádio Morena FM 98 completou 30 anos em dezembro de 2017, por isso seu fundador, Marcel Leal, conta aqui a história e as estórias da rádio mais ousada da Bahia.
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