entrevista
1.Novembro.2014



Davidson Magalhães, suplente de deputado

"É insustentável seguir esse modelo politico"
davidson afirma Davidson Magalhães, ex-presidente da Bahiagas e candidato a deputado federal pelo PC do B. Davidson não se elegeu, mas é segundo suplente e tem muita chance de ocupar uma vaga em Brasília com a ida de alguns eleitos para os governos estadual e federal.
      Davidson concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcel Leal no programa Mesa Pra 2 (quartas, 15h) na Morena FM e agradeceu aos eleitores pelos 65.171 votos, que ele considera expressivos, depois de 12 anos afastado do processo eleitoral.

Marcel - O PC do B em Itabuna sempre foi visto como um partido atrelado ao PT mas nunca foi respeitado para ser cabeça de chapa. Você teve 10 mil votos a mais que Geraldo Simões. Isso muda a força entre os parceiros?
       Davidson - O PC do B faz parte de um bloco politico que desde o governo Lula participou desse bloco. Em Itabuna já fui candidato a prefeito, apoiamos o PT em três ocasiões, ganhamos uma e perdemos duas.
      Na última eleição para prefeito fizemos uma releitura e vimos um esgotamento das principais lideranças petistas. Apostamos na candidatura de uma terceira via e Vane foi o eleito.

A saída de Vane do PT se deu pela falta de espaço, então?
       Ele não teve espaço para crescimento. Itabuna sofre o processo de renovação do PT. No partido nacional e estadual há uma renovação grande, com Wagner e Rui. Itabuna tem o PC do B comigo, Luis Sena, Léo, Wenceslau, Jairo e agora Aldenes.
      Há uma renovação grande aqui. O partido que não se renova termina asfixiando as lideranças. Acredito que em Itabuna o próprio PT vai rever essa situação.

Sabemos que Itabuna é a “capital do boato”, e o que se ouve nas ruas é de que você sairá candidato a prefeito, rompendo com Vane. Procede?
       Estamos fazendo parte do governo municipal. Nós temos Wenceslau como vice prefeito e vamos caminhar com o processo de reeleição de Vane. Itabuna nunca reelegeu ninguém antes. Minha prioridade agora é assumir o mandato na suplência para fazer valer os mais de 30 mil votos na região e dar o retorno.

Rui acompanhou todo os projetos atuais e tem um certo carinho pela região, não?
       Não só carinho como um compromisso politico. Perdemos com Dilma apenas em Buerarema e Itabuna refletiu a polarização nacional. Grandes investimentos direcionados para Itabuna, muita gente não viu. Agora vamos ter condições de materializar, porque não houve tempo antes.
      O gasoduto, por exemplo, que vamos inaugurar no ano que vem em Itabuna e Ilhéus, a ferrovia que está a todo vapor. Um tema que eu puxei quando fui presidente da Bahiagás foi a região metropolitana. Vamos voltar ao tema.

Itabuna ficou representada por você e Augusto Castro. Como é sua relação com ele?
       Temos uma relação muito boa. Saímos juntos em Almadina, fizemos dobradinha em Ibicarai e Ubaitaba. A relação é muito boa.

Como você vê o trabalho na Câmara Federal, trabalhando sozinho?
       A eleição terminou e vamos construir ações como a articulação de uma bancada. Temos Felix Mendonça Filho, cujo pai foi prefeito em Itabuna, temos uma relação politica boa com ele, temos Carlleto e Josias Gomes, que tiveram votos na região.
      Eu acho que existe uma possibilidade de ampliação desse leque para os que foram mais votados aqui. Vamos fazer uma bancada que defenda uma agenda positiva para a região, para não deixar que ela fique isolada.

Você pensa em voltar para a Bahiagas?
       Não, porque completei o ciclo. Peguei uma empresa com 3 mil clientes e deixei com quase 60 mil, uma receita de R$ 700 milhões e deixei com R$ 2 bilhões. A empresa fez um grande investimento com o programa no interior.
      Além disso, já foi lançado um edital de projeto com o maior gasoduto já construído pela empresa, de 300 km, que vai ligar Ipiau até Brumado.

Você aprova o que Gavasa está fazendo?
       Não é surpresa para mim. Ele foi meu assessor e acompanhava de perto cada projeto. É um nome consolidado na Bahiagás, pela atuação brilhante que ele vem tendo. O segundo momento mais importante será a construção desse gasoduto.

O que você acha que será diferente na gestão de Rui Costa?
       Acho que Wagner tem uma característica de articulação politica. Ganhamos três eleições e ele disse sempre que iria ganhar no primeiro turno. Nas questões mais estratégicas do estado, vai continuar fazendo. O perfil do Rui é mais de gestor.

Que balanço você faz do PC do B na Bahia?
       Um balanço positivo. Elegemos três deputados estaduais, mantivemos. Na bancada federal tivemos 2 e por 6 mil votos não elegemos o terceiro. Diante do processo eleitoral, acredito que tivemos uma grande vitória, principalmente na eleição de Rui.
      O desempenho nosso não pode ser medido apenas pela eleição dos deputados. Temos influência no processo geral. No momento de maior dificuldade, estávamos presentes. Hoje temos nosso primeiro governador, senador e deputado federal.

No Maranhão, foi confuso o processo eleitoral?
       No Maranhão elegemos o primeiro governador do PC do B. Lá existia o acordo do PT nacional com o pessoal de Sarney. O PT apoiou Lobão Filho, candidato da família Sarney e o PC do B saiu com o PSB, PSD, PDT e grande parte da militância do PT, que nos apoiou.

Você acha que finalmente vai haver alguma reforma politica?
       É insustentável seguir o modelo politico que temos. Imagine você assumir uma administração do governo. São 8 meses para se dar o estilo de administração e, se não trabalhar cedo, se perde politicamente. No ano seguinte, já se trabalha para a próxima eleição.
      Outro ponto é a forma de financiamento de campanha. Eu procurei diversos empresários para me apoiar e alguns queriam ajudar, mas não queriam ficar marcados. O próprio sistema empurra o candidato para a ilegalidade. O melhor financiamento é o fundo partidário.
      Existem muitos picaretas por ai. Quando o candidato vai procurar um empresário, alguns dizem que podem dar uma contribuição por fora. Se o candidato aceitar, está cometendo ilegalidade já na busca. Eu vou fazer 36 anos na vida pública brasileira e a busca pelo caixa 2 é muito grande.

E os dois turnos?
       Eu apoio. O primeiro turno é um turno programático. Eu sou a favor que o PC do B comece a lançar candidatos. Mesmo se perder, está aparecendo. O primeiro turno é importante para o partido apresentar programa. Já no segundo ele iria negociar.
      O que eu acho fundamental é que reduza o espaço para a negociação da sigla. Os partidos menores negociam mais no primeiro turno. Os grandes patrimônios que os partidos tem são os programas de televisão.

Você é a favor de acabar com as coligações?
       Eu tenho resistência ao voto distrital puro. Hipoteticamente vamos dizer que se divida a Bahia em quatro distritos. Vamos supor que existem dois partidos e que o PC do B eleja um candidato com 49% em todos os distritos e o PSBD tivesse 50% em cada um.
      Na verdade, representamos 49% da população e eles 50%, mas levariam todos os 4 representantes. Sou a favor do distrital misto, onde parte é eleita diretamaente e parte pelo partido. Se tivesse que disputar só na região, a campanha seria mais barata.

O que você acha que faltou para nós de trabalho na Câmara Federal?
       Primeiro uma ação mais articulada na região. Os mandatos têm direcionamento de emendas e minha ideia, se assumir o mandato, é criar um conselho politico do mandato. Falta puxar uma agenda estruturante. Temos um programa não resolvido do passado, o cacau, e precisamos mobilizar mais.
      A região perdeu a capacidade de mobilização politica. E esse foi o principal problema. Tivemos dois momentos de grande mobilização, que foi a estadualização da Uesc e a vinda da Universidade Federal da Bahia. Isso é o resultado da articulação politica que pretendo trazer de volta.
      Não tivemos deputados para discutir nenhuma agenda. Não houve articulista no congresso de peso que se preocupasse com isso.

Voce está acompanhado a delação premiada e muita gente reeleita pode sofrer cassação. Em que medida você acha que vai atrapalhar os trabalhos ano que vem?
       Acho que deve se ter uma agenda permanente, porque a Câmara não pode parar por causa de CPI. Tem que trabalhar com o processo. Pela experiência que tenho, a raiz do problema está na forma de financiamento de campanha. Acredito que essa apuração será mais despartidarizada.

Você acha que tem como reduzir essa quantidade imensa de partidos?
       Isso é feito por uma seleção natural. Hoje existem barreiras para a criação de novos partidos. Os Estados Unidos tem vários, mas apenas dois vão para a disputa. Muitos foram criados, mas se vão resistir é outra questão.

A eleição foi esqeuntada, mas costumo dizer que não vale a pena brigar por causa de politica...
       Quando falta argumento as pessoas partem para o lado pessoal. Não tem sentido. Houve muita guerra, inclusive no WhatsApp, mas a gozação faz parte desse processo, só não pode continuar. Quero aproveitar para agradecer a todos da região e a você aqui na Morena FM pela oportunidade.
      Vamos partir para 2015 e preparar a região para o grande salto que ela vai dar. É o que podemos fazer. Vamos esperar, quando o governador assumir, para saber que outras contribuições ele vai dar.


 
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