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15.Agosto.2015 Tweet Harrison Nobre, pioneiro do rugby “Rugby é democrático, tem desde forte até magro” diz Harrison Nobre, pioneiro do rugby em Itabuna. Ele conta que conheceu o esporte quando estudava em Joinville (SC). Depois de montar um time na universidade, “viajamos para a Argentina, Curitiba, Florianópolis, sempre jogando rugby”. Harrison foi o convidado da programa Mesa Pra 2, da Morena FM (quartas, 15h), onde conversou com o jornalista Marcel Leal e explicou tudo do esporte, que surgiu na Inglaterra e hoje tem na Nova Zelândia seu time mais forte. Confira. ML - Foi difícil começar para quem nunca viu rugby? HN - O difícil é a coordenação motora, que a pessoa tem que desenvolver com o esporte, jogado com as mãos. O primeiro presente que um menino ganha aqui no Brasil é bem provável que seja uma bola de futebol. Diferente da Inglaterra, Nova Zelândia e Africa do Sul, onde é uma bola de rugby. Tem gente que nunca viu rugby, mas já viu futebol americano, que é parecido mas não é igual, não é? O futebol americano surgiu do rugby. Os americanos jogavam rugby porque os ingleses que foram colonizar jogavam. A única diferença tática é que eles jogam pra frente e o rugby pro lado, o resto é igual. Então o rugby só pode jogar pro lado ou pra traz. E como você avança? Você também pode chutar. Se fizer a conversão são 5 pontos para o time. O gol é um “H” e tem que ser por cima dessa “trave”. Quem sabe chutar bem desenvolve a técnica, lembrando que a bola é oval e bem maior do que a do futebol americano. Como eles lançam pra frente, diminuíram o tamanho da bola e deixaram mais pontuda. A gente tem que receber o passe e sair correndo, avançando. Qual o tamanho do campo em relação ao campo de futebol? É o mesmo tamanho. A gente joga dois tempos de 40 minutos no time oficial de 15 e temos a modalidade Seven, com 7 minutos de cada lado. O time que estamos desenvolvendo é de Seven, que é uma modalidade da OIlimpíada. Vocês pensam em ir para a Olimpíada? Como é o acesso? É preciso ter um atleta na idade olímpica e ele jogar torneios estaduais como o nosso ou o nacional, e se destacar. Hoje a seleção é aberta, tem muita gente com potencial e que pode chegar lá. Temos um baiano, Diego, com quem joguei em Salvador. Lá existem dois times, um com equipe de homens e de mulheres, o Malaguetas, e o Alto de Ondina. Temos times em Conquista, Porto Seguro, Senhor do Bonfim e nós aqui em Itabuna. Então tem bastante... Sim. Itabuna tem o nosso, que se chama Black Rocks, que é pedras pretas, numa homenagem à cidade. Tivemos a intenção de formar um time feminino também, fizemos uma divulgação, algumas meninas procuraram a gente, mas ainda não foram treinar. Está aberto. Minha esposa joga no time de Malaguetas em Salvador. O campo ele tem algum tipo de divisão? Sim, tem as marcações de linhas de offside, as laterais e o “in gol”, que é a parte onde você faz o ponto, o “try”. Na divisão tem a linha de 22 metros e a de 5, que são áreas que determinam a forma de jogar. Por exemplo, você dá um chute na linha de defesa. Se sai na lateral, tem o direito da posse de bola. São regras do jogo que dependem das marcações do campo. No futebol temos defesa, meio campo e ataque. E no rugby? A principal posição são todas. É a equipe. Um atleta pode se especializar numa posição ou mudar de posição no meio da carreira. Mas a definição da função vai do biotipo e do jeito que ele está jogando. Os avançados são os mais fortes e os backs, os mais fortes e ágeis. Temos o scan, o rock... Explique melhor isso... O objetivo do rugby é fazer o ponto. Colocar a bola depois da linda do “in gol”. Você tem que levar a bola até ali e colocar no chão. É o contato da mão, do campo e da bola. Os três juntos. Não pode soltar a bola, não pode passar correndo com ela. Se fizer isso, não vale. Também não é um esporte onde ninguém fica magrinho... É, são as funções. Você tem do mais forte ao mais fraco. Eu chamo de esporte democrático. No futebol, o cara tem que ser magrinho. No rugby não, existem o magrinho e o mais forte. E tem o scan, que é o mais pesado, para aquela formação de oito de cada lado, empurrando. Parecendo uma caranguejeira que fica empurrando... Exatamente. O enfrentamento é entre 8 de cada lado, que são os mais fortes. Quando um empurra o outro, vai ganhando território e solta a bola para o time que está avançado. Ela é jogada para quem está atrás, em linha. É muito interessante. É igual jogo de xadrez, com as mãos. Onde a gente pode assistir rugby na TV? Está sendo passado nos canais fechados. A gente teve uma ou outra visualização na Band. A Sportv vai transmitir a Copa do Mundo em setembro e já transmitiu os jogos internacionais. Inclusive vem passando uma série de copas do mundo na ESPN. A Sportv passa os jogos nacionais. No Brasil, quais os times mais fortes? O São José, de São Paulo, que tem um projeto muito forte. Eles tem um campo de rugby e os jogos são no campo deles. Tem o Rio Branco, o Farrapos em Santa Catarina, o Coritiba Rugby... são hoje a base da seleção brasileira. Mas ainda não dá para competir com a Argentina ou Chile. E o no mundo, quem domina? Nova Zelândia. Quem assistiu o filme sobre Mandela, “Invictus”, pode ver o All Blacks no filme, que mostra o que o esporte pode fazer por um país. Além de Nova Zelândia, são fortes a África do Sul, Inglaterra, Irlanda e França. Onde vocês treinam, já que em Itabuna não tem campo de rugby? Estamos de forma provisória na quadra de areia, na Beira Rio. Temos equipamentos como protetores bucais e alguns usam protetor de orelha. A Penalti daqui fabrica as bolas. Sempre consigo algumas quando vou lá. Jogamos na pracinha até como forma de divulgar o esporte. Tivemos um bom desempenho, o pessoal para, pergunta o que é e quer jogar. Já curtiram nossa pagina no Facebook, e o site itabunarugby.com tem muitos acessos. Não temos ainda o campo oficial nem jogamos oficialmente. Começamos no mês passado e esta semana foi o quinto treino. E quando nenhum time conseguem o try, como é feita a pontuação? É muito difícil isso acontecer no rugby mas, se acontecer, há um empate. Se for uma final, tem prorrogação. Vale ponto o chute direto com a bola em movimento, que dá direito a 3 pontos. O chute parado vale 2 pontos e 5 fazendo o try. Já vi vários times internacionais serem bons de chute. Buscam faltas e, quando isso acontece, o cara chuta do meio de campo, a mais de 70 metros, e faz. O que caracteriza falta nesse jogo? A bola pra frente. A Seleção Brasileira comete muito esse erro. O passe é o fundamento principal do treinamento. Se não tem um passe bom, comete esse erro. A bola tem que estar sempre em movimento e a pancada é falta se não estiver com a bola. O toco no alto, receber tipo uma gravata no pescoço, uma jogada no ar. Se sobe para pegar a bola, o outro jogador não pode ter contato com você, só depois que tocar o chão. O certo é não agredir, mas puxar a bola. A técnica é entrar em contato com o ombro e com as mãos, não com a cabeça. A bola também não pode ficar parada. Se cair, tem que soltar a bola, senão é falta. Vocês vão disputar um campeonato agora? Vamos disputar uma etapa do baiano do Seven, a federação está definido uma etapa em Senhor do Bonfim, e em novembro o Morro de São Paulo terá o Beach Rugby, na praia. Já jogamos lá e é muito legal, porque é na área de praia. Já estão no quarto ano. É um torneio internacional. Temos um projeto para desenvolver uma etapa, no final do ano, em Ilhéus, com apoio da Morena FM. E o papel do técnico? Nosso técnico é o argentino Alejandro, que não ganha nada. Estamos formalizando o time e não arrecadamos nada ainda. Uma diferença para o futebol é que o técnico não fica na beira do campo. Ele fica numa cabine, no alto, observando as estatísticas, com um radio. O capitão é que executa o que ele definiu, é a referência dentro e fora do campo e o único que pode falar com o juiz. E o pessoal que quiser entrar em contato com vocês? Pode fazer pelo contato@itabunarugby.com e na pagina do Face, itabunarugbyclube. O pessoal também pode ir no treino, às terças a partir das 18h30 e aos sábados às 16 horas, na praça da antiga Cotef. Estamos formando o time para jogar as modalidades de 15 e de 7. |
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