Ação da PF mira em empresário e Dausler

A Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal executaram nesta terça a Operação Cianose, que investiga a fraude na compra de respiradores durante a pandemia da Covid. O esquema envolve desvio e lavagem de dinheiro, num montante que passa de R$ 48 milhões.

Em Salvador, a PF agitou o Corredor da Vitória ao entrar no edifício Mansão Victory Tower. O alvo era o empresário Cleber Isaac Ferraz Soares, que sofreu mandado de busca e apreensão. O dono da empresa Biogeoenergy, Paulo de Tarso Carlos, revelou que Cleber negociou a compra com o governo do estado.

Ele teria recebido uma comissão de R$ 3 milhões para fazer o negócio acontecer. Além da fraude dos respiradores, também pesa contra ele um golpe com venda de loteamento em Itacaré. Outro alvo da PF é o ex-chefe da Casa Civil da Bahia, Bruno Dausler (à direita na foto).

Homem de confiança de Jaques Wagner e Rui Costa, atuando nos dosi governos, ele foi denunciado pela dona da Biogeoenergy/Hempcare, empresa que fabrica produtos de maconha, mas foi contratada para produzir os respiradores. Ela contou que Dausler pediu para superfaturar o preço e pagar propina.

Em abril de 2020, o Consórcio Nordeste contratou a Biogeoenergy para fornecimento de 300 ventiladores pulmonares. Os integrantes do Consórcio combinaram que cada estado receberia 30 equipamentos, com exceção da Bahia, que ficaria com 60 respiradores. Rui Costa era o presidente do Consórcio.

A contratação, sem licitação, foi formalizada pelo Governo da Bahia, já que o Comsórcio não tem registro legal. A auditoria da CGU descobriu que, apesar dos valores altos, não existia no processo justificativa para escolha da empresa, que vendia remédios à base de maconha, nem comprovação de experiência e capacidade.

Além disso, o pagamento foi antecipado, em quase R$ 49 milhões, sem nenhuma garantia contratual. Por fim, os respiradores nunca foram entregues e o contrato foi rescindido sem a devolução do dinheiro. Em 1º de junho de 2020, a Polícia Civil apreendeu documentos e prendeu os sócios das empresas.

O Ministério Público Federal, a PF e a CGU identificaram um esquema criminoso com lobistas, empresários, agentes públicos e pessoas jurídicas que atuavam principalmente na Bahia e em São Paulo. Para viabilizar a aquisição, cada Estado transferiu para o Consórcio Nordeste R$ 4.947.535.

A Bahia entrou com R$ 9.895.071, referente a 60 respiradores. Os desvios promovidos pela empresa e os envolvidos deixou a população de nove Estados carente não apenas de equipamentos imprescindíveis para a sobrevivência de pessoas com Covid, como de recursos que poderiam ser aplicados no combate à pandemia.

A Operação Cianose cumpre 14 mandados de busca e apreensão na Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. O trabalho conta com cerca de 60 policiais federais e de 10 auditores da CGU.

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