Brasil perde um publicitário "retado"

O Brasil perdeu um de seus maiores publicitários, o baiano Duda Mendonça. Ele fundou a agência DM9, em Salvador, em 1975, e a colocou entre as mais criativas do país, com campanhas memoráveis. Um ano depois já recebia o título de Agência do Ano regional. Entre 1978 e 1988, conquistou dezenas de prêmios nacionais e internacionais.

Em 1988, Domingos Logullo e Nizan Guanaes, que tinha sido estagiário da agência, se tornaram sócios de Duda e a DM9 abriu uma filial em São Paulo. Em 1990, eles se separaram e a marca DM9 ficou com Guanaes, em sociedade com João Augusto Valente e o Banco Icatu. A parte de Duda virou a DS/2000.

A campanha política que marcou a carreira de Duda foi a de Mário Kertész para prefeito de Salvador, em 1985, usando um coração como marca, o slogan "Salvador Meu Amor" e um jingle tão irresistível que as rádios tocavam de graça, em várias versões gravadas por artistas baianos.

A campanha deu à DM9 o Top de Marketing de Melhor Campanha Política do país. Em 1992, Duda usou a mesma ideia na campanha vitoriosa de Paulo Maluf para prefeito de São Paulo, chamando a atenção do meio político nacional. Duda acabou reabrindo, em 2000, a DM9 em São Paulo, com os ex-estagiários João Vitor Sparano e Guilherme Lima.

Em 2002, foi o autor da campanha publicitária que ajudou a eleger Lula. Duda faria outras campanhas políticas vitoriosas, inclusive em Portugal. Em dezembro de 2012, sua agência, Duda Propaganda, foi fundida com a Blackninja, de Antonio Lavareda.

A política deu a Duda o sucesso nacional, mas foi também o ponto negativo de sua imagem. Envolvido no escândalo petista do Mensalão, Duda conseguiu ser absolvido, mas o futuro mostrou que aquela era só a ponta de um iceberg que mancharia sua biografia.

Em julho de 2013, a Polícia Federal (PF) indiciou Duda Mendonça e outras 23 pessoas por desviar recursos do projeto ‘Jampa Digital’ para financiar a campanha do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), em 2010. Em abril de 2016 passou a ser investigado na Operação Lava Jato, mas fechou delação premiada em 2017.

Independente de sua participação nos crimes do PT nas últimas décadas, Duda Mendonça deixa um legado importante para a publicidade nacional. Entre as campanhas memoráveis, a do Dia das Mães, para a Johnson&Johnson, com um bebê com Síndrome de Down; pipoca com Guaraná, e a "mamíferos" para a Parmalat.

Duda Mendonça faleceu nesta segunda-feira, aos 77 anos, vítima de um câncer no cérebro. Ele estava internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, há dois meses.

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