Perícia mostra PM executando Wesley
Uma perícia contratada pela associação dos policiais e bombeiros da Bahia enterra as alegações oficiais do Governo da Bahia. Ela esclarece as causas da morte do soldado Wesley (foto), fuzilado pelos colegas na Barra, em Salvador, em março deste ano, ao protestar contra o mau uso da corporação.
A perícia concluiu que Wesley foi assassinado em uma ação desastrosa, com excesso de força letal e despreparo dos policiais envolvidos. Assinado pelo Secrim, o laudo indica que dos sete disparos recebidos pelo Soldado Wesley, quatro foram quando ele já estava caído e ferido, indicando claramente o excesso.
O laudo também torna evidente que ele não atirou contra a guarnição, como alegado oficialmente pelo comando da PM baiana. O soldado atirou para cima, como advertência, segundo o soldado Prisco, coordenador geral da associação dos policiais militares.
A perícia mostra ainda que Wesley, não continuou atirando contra a guarnição depois de caído, nem mesmo para revidar o ataque dos colegas. O documento ressalta a quebra dos protocolos de negociação por parte do Bope, deixando no ar a posssibilidade de execução para evitar que ele continuasse protestando ao vivo na tv.
As medidas inconstitucionais e o estado policial implantado pelo petista Rui Costa na Bahia há muito já afetavam os PMs psicologicamente, obrigados a deixar de lado a luta contr aos criminosos para prender lojistas, donos de bar, trabalhadores, pessoas honestas. Era um baril de pólvora esperando por uma chama.
Num domingo, 29 de março, indignado como vãrios colegas de farda, o PM Wesley Soares Góes não suportou mais a situação. Ele saiu de Itacaré, dirigiu até Salvador e fez um protesto no Farol da Barra, atirando para cima para chamar a atenção das pessoas e explicando sua causa.
“Eu não vou mais prender trabalhador, não entrei na polícia para prender pai de família. Quero trabalhar com dignidade, porque sou policial militar da Bahia”, gritava. Palavras não de alguém que surtou, como afirmou o Governo do Estado, mas de quem encontrou a lucidez para enxergar a situação da corporação na pandemia.
Somente no primeiro mês de confinamento noturno da população, mais de 300 pessoas foram presas, algemadas e levadas para delegacias como se fossem bandidos perigosos. O impacto psicologico nas famílias e a humilhação acabam gerando uma revolta contra a própria Polícia Militar, mesmo ela estando apenas cumprindo ordens.
Wesley pintara o rosto de verde e amarelo e gritou frases sobre a desonra e a violação da dignidade dos PMs ao cumprir as ordens abusivas do governador Rui Costa. “Eu não vou deixar, não vou permitir, que violem a dignidade humana do trabalhador. Seus filhos estão presenciando sua covardia, policiais militares do estado da Bahia”.
Uma PM, nas redes sociais, disse que o grito de Wesley "está engasgado na garganta de todos nós, PMs, que somos obrigados a cumprir ordens ilegais" e ironiza as alegações do major que comandou a negociação dizendo que Wesley era "um surtado lúcido", numa referência a seu protesto por ser obrigado a prender trabalhadores.
Acostumada a negociar por horas e até dias com bandidos que fazem reféns, a PM abriu mão de negociar depois de apenas 3h30. O comando alega que Welsley disparou na direção dos colegas, como vários marginais já fizeram durante negociações. Mas neste caso, a PM preferiu encerrar tudo atirando dezenas de vezes contra o soldado.
O psicólogo Gustavo Pestana também não viu "surto psicótico" em Wesley. Ele postou um texto em redes sociais onde discorda do que foi divulgado pelo governo.
"Não vejo um quadro de surto psicótico no caso do SD PM Wesley. Ele dirigiu aproximadamente 250 km até Salvador, estava com discurso orientado, escolheu um local de ampla visibilidade e não direcionava aleatoriamente seu protesto. Aparenta, a meu ver, um quadro de nervosismo, agitação e inquietação".
Para Pestana, pode ser um caso de Síndrome de Burnout. "Inúmeros profissionais da segurança pública têm passado por isso em todo o Brasil, como também, por quadros de transtorno de adaptação, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico e outros quadros ansiosos".
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