Baixa vacinação para sarampo preocupa
A primeira morte por sarampo em 2022, registrada na quarta-feira (4), em Rondônia, chama a atenção para a importância da vacinação contra a doença. A idade e o gênero da vítima não foram divulgados pelos gestores estaduais, por questão de sigilo.
O óbito ocorreu em meio à campanha nacional de vacinação contra o sarampo, e na esteira de um cenário em que estados e municípios patinam para bater as metas de imunização. Levantamento do projeto VAX*SIM revela que, em 2021, nenhum estado atingiu a meta preconizada pelo Ministério da Saúde, de vacinar 95% das crianças.
Na esfera municipal, apenas 660 municípios - ou cerca de 12% das prefeituras - alcançaram essa taxa no ano passado. Segundo o estudo, em 2021, de cada três crianças que tomaram a primeira dose do imunizante, uma não voltou para completar o esquema vacinal, de duas doses.
“Não temos uma causa para a queda da cobertura vacinal, mas começou a acontecer em 2016. E tivemos vários surtos significativos no Brasil, em 2018 e em 2019. A gente perdeu esse selo de erradicação do sarampo”, diz a coordenadora do projeto, Patricia Boccolini.
Ainda de acordo com o VAX*SIM, em 2020, o país bateu o recorde de 10 mortes de menores de 5 anos por sarampo. Entre 2018 e 2021, 26 crianças nessa faixa etária morreram. Segundo o observatório, esses dados são um "retrocesso em um país que, entre 2000 e 2017, havia registrado só uma morte, em 2013".
A diretora do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cássia Rangel, explica que, além do horário de funcionamento dos postos, muitas vezes incompatível com a rotina dos pais, a falta de informação sobre a atual situação da doença no país pode ter contribuído para a queda.
"As principais causas relacionadas a essa queda de cobertura são o sucesso das coberturas de vacinação ao longo dos anos, o que pode causar uma falsa sensação de que não há necessidade de se vacinar. Muitas doenças já foram eliminadas e as pessoas não têm lembrança da ocorrência dessa doença".
"E também o conhecimento individual sobre a importância dessas vacinas ofertadas gratuitamente pelo SUS, e até mesmo uma baixa percepção de risco dessas doenças que são Imunopreveníveis”, explica a diretora.
O número crescente de hospitalizações por sarampo também preocupa. Entre 2018 e 2021, o levantamento aponta que 1.606 crianças foram hospitalizadas com a doença no Brasil. Nos quatro anos anteriores, entre 2014 e 2017, o país havia registrado um total de 137 hospitalizações infantis por sarampo.
Cássia Rangel alerta para a necessidade da imunidade de rebanho, que só é alcançada quando se vacina cerca de 95% do público alvo, e para a importância de a criança completar o esquema vacinal, com as duas doses, já que as complicações podem ser graves.
“As principais complicações de sarampo, as mais comuns, são a otite média, diarreia, pneumonia e a laringotraqueobronquite. Em alguns casos, por causa dessas complicações causadas pelo sarampo, podem levar à hospitalização, especialmente crianças desnutridas e imunocomprometidas”. Com Brasil 61.
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