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1.Março.2003

"BNB tem mais de R$8 mi para financiamentos"

destinados a empresários e agricultores na Região Sul da Bahia. Este valor pode ser ainda maior se a procura pelas linhas de financiamento aumentar por parte dos pequenos, médios e grandes empresários.
       A informação é do gerente-geral do banco, Jonas Souza Sala, que ressalta a importância da liberação de créditos para o desenvolvimento econômico e a transformação da Região Nordeste. Ele reconhece que houve um grande crescimento econômico e financeiro nos últimos anos na região, mas ainda existe uma grande lacuna a ser preenchida por empresários capacitados.

       Ele lembra que uma nova realidade deve estar na mente das pessoas. Trata-se da competitividade gerada pela globalização. "Ela faz com que as pessoas procurem produzir não para Itabuna, nem para a Região Sul da Bahia, mas para o Brasil e o mundo", lembra. Para isso, na opinião do gerente, o empresário vai precisar de financiamento para tocar os negócios e claro ter um produto de boa qualidade para que possa competir também no mercado externo.

A Região - Além da apresentação do projeto, que outras providências o Banco do Nordeste exige para a liberação de recursos?
Jonas Souza Sala - O projeto em si já engloba todas as exigências que o banco precisa. O que fazemos inicialmente é discutir as viabilidades técnica, econômica e ambiental da proposta. A discussão engloba o que essa empresa vai produzir, se consegue produzir de maneira técnica e eficiente, se tem tecnologia dominada, e ainda se tem produtividade. O segundo passo é saber se financeiramente esse projeto é viável. Ou seja, será que o que se vai produzir vai remunerar o capital, vai ter lucro com isso? E por último tem a questão do meio ambiente como um limitador de tudo isso. É preciso ter cuidados com o impacto ambiental que qualquer projeto possa gerar.

AR - Mas parece que além de todas essas exigências que giram em torno do projeto, existem outras barreiras que inviabilizam a liberação de recursos.
JS - É verdade. Tem a questão gerencial. E aí vêm outros questionamentos: Será que a pessoa que está conduzindo o projeto tem capacidade de gerenciar, tem qualificação, ou tem outras pessoas que estão lhe assessorando? Depois vem as questões bancárias, como por exemplo as garantias reais que são exigidas, não apenas pelo Banco do Nordeste mas pelo sistema financeiro, o que é um procedimento legal da prática bancária. E para as linhas de crédito temos ainda algumas opções para quem não dispõe de algumas garantias. Por exemplo: temos as linhas de crédito do BNDES, que dispõe de um fundo de garantia de competitividade que pode complementar as partes de garantia. Uma outra coisa é a questão dos recursos próprios. Como o banco não financia 100% do projeto, a pessoa tem que ter a contrapartida.

AR - E um microempresário que necessita de um financiamento mas não tem nenhuma experiência burocrática para elaborar um projeto? Ele pode pedir esse empréstimo?
JS - Qualquer pessoa a princípio é candidato a um empréstimo. Se um microempresário estiver com sua empresa constituída, naturalmente ele tem alguma proposta concreta para apresentar. Caso contrário ele tem que vir da informalidade. Se é um empreendedor na área rural, ele não tem problemas porque o banco financia por exemplo, a criação de codornas ou uma produção de polpas de frutas. Mas se ele for da área urbana, aí temos um problema porque as linhas de crédito que são colocadas para o empreendedor informal, que são linhas de fundo de amparo ao trabalhador, têm um limitador com relação à inadimplência daquele município. No momento que essa inadimplência atinge 10% do município, ele não tem mais condições de arcar com o empréstimo.

AR - Em Itabuna, como está a questão da inadimplência?
JS - Embora não tenha números exatos, a inadimplência em Itabuna está superior aos 10% permitido em cada município. Entretanto se a pessoa tem uma empresa, mesmo pequena, com CNPJ, o banco está de portas abertas para apoiar financeiramente os pequenos empresários. Ser um empreendedor formal tem muitos benefícios, como o imposto Simples, do governo Estadual, que facilita uma série de fatores.

AR - Quem está mais na inadimplência, o micro, o médio ou o grande empresário?
JS - Ela atinge todos os segmentos. Temos que separar essa inadimplência em dois critérios: existem aqueles que tomaram empréstimo antes do "Plano Real" e que ainda estão no mercado, mas que até hoje sentem dificuldades para pagar, embora continuem tentando. Foi uma época em que a economia sofreu um processo inflacionário complicado por causa das mudanças de planos. Já outras, por questão de despreparo ou de mercado não tiveram como pagar. Mas o banco tem manejo para negociar as propostas, reduzindo valores, tentando adequar a capacidade das pessoas à possibilidade de pagamento.

AR - Existe algum tipo de punição imposta pelo banco para aqueles que não podem pagar suas dívidas?
JS - Não é interesse do banco punir quem não possa pagar suas dívidas, mas usamos todos os meios legais. A partir da inadimplência o banco tem que registrar essas pessoas no Serviço de Proteção ao Crédito. É uma providência que tem que ser tomada. Outra coisa é que a pessoa automaticamente estará incluída no Cadim cadastro de inadimplente do Governo Federal, que atinge a rede bancária. Em último caso, quando não há mais recurso, o banco tem que procurar a via judicial para executar a dívida. Independente de tudo isso o banco tenta negociar da melhor maneira possível junto ao credor.

AR - Quais os prazos de pagamento para quem entra na linha de financiamento?
JS - Se for para a área rural, pode chegar a 12 anos com até cinco de carência. Na área urbana pode chegar a oito anos também com dois a três anos de carência. Existem prazos ainda que variam de dois a cinco anos, a depender do montante.

AR - E quanto à questão dos juros, já que o governo aumentou a taxa básica? Esse aumento naturalmente será repassado para o cliente em dívida com o banco...
JS - As menores taxas de juros, com certeza são do Banco do Nordeste. Temos uma linha de crédito, o FNE Fundo Nacional de Desenvolvimento do Nordeste, com juros que vão de 6% a 14% ao ano. Além de serem juros baixos, tem ainda o bônus de desconto. Mas temos uma série de outros fundos que nos permitem empréstimos a médios e longos prazos e a juros bem abaixo do mercado financeiro.

AR - Quanto à questão da cacaucicultura? Muitos produtores rurais se queixam da morosidade na aprovação de propostas e conseqüentemente na liberação de verbas. Tem fundamento tantas reclamações?
JS - Temos prazos para avaliar cada proposta. Algumas são mais simples e atendem todas as exigências imediatas do banco. Outras requerem um estudo mais detalhado. Entretanto muitas propostas já aprovadas se encontram à disposição do cliente e alguns não aparecem para saber como está a situação. Inclusive faço um apelo para que aqueles produtores que deram entrada no pedido de financiamento, que compareçam ao banco. Pode ser que sua proposta esteja aprovada e só dependa da sua assinatura.

AR - Quanto o banco tem disponível para a cacauicultura regional?
JS - O Banco do Nordeste disponibilizou R$ 30 milhões para toda a Região Cacaueira. Estão incluídos Santo Antônio de Jesus e o Extremo Sul da Bahia. Só em Itabuna nós já colocamos aproximadamente R$ 10 milhões. Inclusive a Lei Federal nº 10.464, que oferece bonificação para que tem projeto rural e que foi contratado até o ano de 98. Quem está nesta faixa não deixe de nos procurar para fazer sua opção e aderir aos benefícios dessa lei. Ela estabelece que o pequeno produtor solicite o benefício. Quando ele formaliza esse beneficio terá bônus e descontos no pagamento das prestações futuras. Esses descontos podem chegar até 30%. Mas existem produtores que desconhecem e estão perdendo uma grande oportunidade.

 

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