afirma o capitão PM, Fábio Santana, 37 anos, separado, dois filhos, itabunense, que se lança pela
segunda vez candidato a uma vaga na Assembléia Legislativa. Há 19 anos na Polícia Militar, ele está
concluindo o curso de Direito que está fazendo na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).
O Capitão Fábio, como é mais conhecido, estreou na política em 1998, concorrendo à Assembléia
Legislativa da Bahia e se diz até hoje surpreso com o seu desempenho. Foi votado em mais de 150
cidades, conquistou 16.538 votos, dos quais 9.538 somente em Itabuna. Àquela época concorreu ao
mandato pelo Partido Liberal (PL), que abandonou para voltar à corporação.
Neste ano concorre pelo Partido Republicano Progressista (PRP), em coligação com o PT do B, PSD e
outros partidos nanicos. Capitão Fábio está confiante e vai à convenção do PRP no próximo dia 18, em
Salvador, na expectativa de ser homologado. "Hoje estou aliançado ao governo e tenho apoio", diz,
ao final desta entrevista concedida a Luiz Conceição.
A Região - O sr. foi candidato a deputado em 1998 e quais são agora suas pretensões?
Capitão Fábio - Estou dando continuidade a um projeto político. Em 98 não fui eleito. Mas continuei
no cenário político, participei em 2000 das eleições municipais defendendo o candidato do governo e,
infelizmente, não tivemos condições de conseguir a vitória mas foi um trabalho muito bonito. As
minhas pretensões estão voltadas para as necessidades da região, necessidades essas que estamos
cansados de ouvir de outros candidatos: trazer benefícios que a região requer para a renda; emprego;
salário; saúde e educação. São princípios básicos que a região requer e precisa. No entanto, pelo
meu vínculo e especialização na área de segurança - sou capitão da Polícia Militar e técnico nessa
área - futuramente terei condições como deputado estadual de dar minha colaboração para a solução
desta questão gravíssima que afeta não só a região como o país. São falhas que podem ser corrigidas
a médio o longo prazos.
AR - Sua campanha será centrada na segurança. Quais os projetos que podem marcar sua trajetória até
6 de outubro?
C. F. - Meu slogan diz: "O futuro com segurança", e, inclusive, é proposital. Chamo atenção do
eleitorado para essa situação da violência que tomou conta das ruas. Não temos condições hoje, em
determinados setores da cidade, de sair tranquilamente às ruas por estar sujeitos a assalto ou
seqüestros-relâmpago. As nossas crianças e jovens se sujeitam às drogas, que estão até dentro dos
colégios. Se imaginava que o traficante estaria no carrinho de pipoca, disfarçado, e isso é coisa do
passado, uma figura que saiu de moda. O traficante está agindo dentro da escola, por isso temos de
tomar o maior cuidado com a violência. Daí que a nossa maior proposta é com referência a área da
segurança. Recentemente tivemos as paralisações das polícias militar e civil, foram muitas as
reivindicações apresentadas ao governo do Estado e houve até dificuldade de entendimento por não ser
possível identificar os líderes, o que prova que dentro dos próprios organismos militar e civil há
uma falta de organização. Qualquer setor tem que ter organização política e, no nosso caso, sendo
um representante não só da Região Cacaueira como dos policiais, terei condições de ouvir as suas
necessidades e levar a quem de direito e discutir de igual para igual.
AR - O sr. se considera o porta-voz dos policiais junto ao governo?
C. F. - Com a certeza de que assim poderemos solucionar muitos problemas que afetam a nossa
sociedade. As vezes, a sociedade é a maior vítima desses impasses. Segurança, tanto pública como
privada é cara, tem que haver investimento, o que está faltando. Então, o que falta é que seja
levado ao conhecimento do governador, dos deputados estaduais, na Assembléia Legislativa, dos
deputados federais quais são as necessidades para realizar uma atividade de policiamento à altura da
sociedade. Não podemos mais brincar de segurança.
AR - O sr. fala do crescimento da violência. Quais as suas causas?
C. F. - A causa principal é o fator social. Nós, cidadãos, temos um pouco de culpa nisso tudo
porque somos omissos com os problemas que nos deparamos no dia-a-dia. Quando estamos dentro dos
nossos veículos, vemos aquela criança se aproximar e pedir ajuda, uma moedinha. Muitos negam e
fecham os vidros, outros dão. Aquela criança é um alvo fácil desse sistema em que vivemos, já que
por trás dela há um adulto que a está viciando e estimulando a praticar a mendicância. Depois que a
criança entrega o dinheiro, vai para as ruas cheirar cola e não vai ter uma atenção que a sociedade
deveria dar. Deveríamos promover movimentos no sentido de tirar essas crianças das ruas, dar um
direcionamento. Os quartéis da Polícia Militar poderiam vir a promover esse trabalho porque também
tem que haver interação entre a PM e o meio social. Acho que esses problemas, essas falhas que hoje
ocorrem podem ser corrigidas, só falta boa vontade e iniciativas, daí estar entre os nossos
projetos a interação. A Polícia Militar previne o crime, mas poderia prevenir a formação de
deliqüentes ao promover trabalhos sociais junto com Lions, Rotary, Maçonaria, empresários e a
sociedade constituída.
AR - O sr. diz que não há um mediador entre esses conflitos entre a polícia e o governo, acredita
estar credenciado para exercer esse papel?
C. F. - Estou preparado porque estive sempre junto aos maiores problemas da nossa corporação. No
movimento grevista não participei das negociações porque não tinha ainda cargo eletivo, e não estava
respaldado para isso. Mas de qualquer maneira externei ao governador, através de carta, a nossa
preocupação com referência ao que ocorria e o alertei muito antes. A insatisfação dos policiais
militares era grande e não é só com referência ao salário, mas a assistência social que é um grave
problema que estamos contornando. Devemos dar maior ênfase a essa questão porque a assistência
social dentro dos quartéis ainda enfrenta muitas dificuldades.
AR - Sendo da base do governo o sr. acredita ter maiores chances de negociação quanto à questão
social?
C. F. - Acredito que sim. O governo, o Estado, ele é uma entidade fria que apenas executa projetos
apresentados e aprovados pela Assembléia Legislativa e os nascidos de projetos dele mesmo. Agora
cabe ao deputado apresentar ao governo aquilo que a sociedade requer. Se apresentamos uma coisa
deficiente isso será executado pelo governo e fatalmente quem será prejudicada é a sociedade.
AR - Na primeira campanha o sr. teve quase 17 mil votos. Agora tenta uma segunda chance, são maiores
as oportunidades de ser eleito?
C. F. - Em 1998 saí por uma legenda forte, o PL. Hoje estou saindo por uma coligação de partidos
pequenos mas com grande densidade eleitoral e temos condições de disputar e ser eleito. O PRP é um
partido que leva consigo o PT do B, o PSD e outros partidos que estamos negociando para formar uma
coligação para que façamos dois ou três deputados estaduais. Acredito que dentre o grupo de
candidatos a deputado tenho condições de disputa.
AR - A sua base política há quatro anos foi Itabuna mas conseguiu votos na região inteira. O sr.
continua trabalhando toda a região para colher votos?
C. F. - Sim, e faço uma ressalva. Em Itabuna, o eleitorado correspondeu, tive condições e tempo e,
por ser natural da cidade, já vinha fazendo um trabalho. Faltou tempo para levar nossa proposta a
outros municípios. Fui votado em diversos municípios, tive votos em 156 cidades baianas e atribuo
isso à Polícia Militar. Agora tive condições de fazer um trabalho regional e, se forem realizadas
pesquisas, apareço muito bem, até em primeiro lugar, independente do apoio de prefeitos e isso é
muito importante. Leva a crer que o eleitorado está consciente da necessidade do voto regional para
que tenhamos representatividade à altura para defender nossos interesses na Assembléia Legislativa e
na Câmara Federal.
AR - O sr. está mais confiante nessa campanaha do que em 1998?
C. F. - Em 98 era um desconhecido, saí do anonimato, supreendi, e fui a grande revelação, e não sou
eu que digo, mas políticos mais experientes. Não tive o apoio do então prefeito, o sr. Fernando
Gomes, e fui o mais votado até mesmo que os candidatos apresentados por ele. Fui o único candidato
governista nessa situação. Hoje estou aliançado ao governo e tenho apoio, já que o senador Antônio
Carlos Magalhães demonstrou interesse em nossa eleição. Defendo o nome do deputado Paulo Magalhães,
político de prestígio junto ao governo do Estado e ao senador ACM, e não é um deputado
desconhecido. O apoiei na eleição passada e ele teve mais de dois mil votos. É um deputado que tem
vínculos com a região, já que a família Magalhães está enraizada no Sul da Bahia.