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01.Junho.2002

"Quero fazer alguma coisa pela minha região"

afirma o arquiteto e urbanista Ronald Rihan Kalid, 49, que pela primeira vez se lança candidato a um mandato popular, como deputado federal pelo PPS. Itabunense, casado, três filhos, Ronald foi secretário de Viação e Obras no governo do ex-prefeito Ubaldo Dantas (1983-1988).
       Para ele, sua maior realização na administração pública foi a elaboração do Plano de Desenvolvimento Urbano de Itabuna (PDU), que se perdeu em alguma gaveta da prefeitura nos mandatos dos seus sucessores, já que jamais foi implementado. Além disso, coube a Ronald a tarefa de dotar a cidade de uma malha viária que facilitasse o fluxo de veículos, e aí nasceram avenidas duplicadas e com boa infra-estrutura como a Manoel Chaves, no São Caetano; Aziz Maron e Mário Padre, no Góes Calmon; e a Amélia Amado, onde a construção de galerias pluviais pôs fim a graves problemas de alagamento.
       No plano político Ronald Kalid se considera a Terceira Via, já que é um político sem vinculações com o ex-prefeito Fernando Gomes ou com o atual prefeito Geraldo Simões. "Sou um político contra os dois, por uma questão ideológica", sentencia.
       Para ele, ser Terceira Via é não ter a obrigatoriedade de ter ódio das idéias dos adversários e achar o máximo a idéia dos correligionários. Na sua opinião, "se Fernando Gomes teve algum dia a idéia de criar o Estado de Santa Cruz, teve uma boa idéia. Mas ele a vendeu e sonhos não se vendem. Ele poderia vender até a alma, como a vendeu para o Diabo, mas nunca vender o sonho da divisão do Estado, como vendeu ao sr. Antônio Carlos Magalhães". Leia a entrevista concedida a Luiz Conceição.

A Região - O por quê de sua decisão de candidatar-se a deputado federal?
Ronald Kalid - Quero começar na política e para isso é preciso me candidatar. O princípio básico de um político é ser candidato. O principal motivo de minha candidatura a deputado federal é tentar fazer alguma coisa pela minha região. Só posso fazer, sendo eleito para qualquer cargo.

AR - Mas o sr. já vinha na política como secretário no governo Ubaldo Dantas, vinculado ao PSDB e há quase 20 anos. Só agora que amadureceu a decisão de sair candidato a deputado?
R. K. - Em algumas ocasiões quase saí candidato, principalmente nas eleições passadas, quando era meu objetivo ser candidato a prefeito mas houve o problema que todos conhecem, com o PSDB apoiando o candidato do PT.

AR - Sua campanha vai coletar votos só em Itabuna ou vai atingir outros municípios regionais?
R. K. - A idéia é ser candidato para me eleger. Basicamente, serei um candidato centrado nos problemas de Itabuna e da Região Cacaueira.

AR - Quais são os pontos principais de sua plataforma eleitoral?
R. K. - O ponto principal será o de fomentar o desenvolvimento através de uma mudança na sociologia da Região Cacaueira, e para isso é fundamental a nossa independência política e administrativa.

AR - O sr. encampou até a idéia de criação do Estado de Santa Cruz. Isso é viável do ponto de vista político?
R. K. - Será o Estado Bahia do Sul. É bom que se diga que não vamos deixar de ser baianos. Vamos continuar comendo farinha, falando painho, mainha, ôxente. Apenas queremos que a divisão do Estado da Bahia promova, na Região Cacaueira, uma mudança no comportamento da população que é condição necessária para o desenvolvimento. Foi um grande erro histórico do século centrar nos problemas econômico, contábil e monetário os elementos de indução do progresso. Esse elemento de indução do progresso começa na sociologia e nesse sentido a divisão do Estado é fundamental.

AR - Um dos defensores da idéia de divisão da Bahia foi o ex-prefeito Gomes, o sr. não teme as comparações?
R. K. - Estou sendo muito pressionado neste sentido. Mas lhe digo que o bom de ser a Terceira Via é não ter a obrigatoriedade de ter ódio das idéias dos adversários e achar o máximo a idéia dos correligionários. Se o sr. Fernando Gomes teve algum dia a idéia de criar o Estado de Santa Cruz, teve uma boa idéia. Mas ele a vendeu e sonhos não se vendem. Ele poderia vender até a alma, como a vendeu para o Diabo, mas nunca vender o sonho da divisão do Estado, como vendeu ao sr. Antônio Carlos Magalhães.

AR - O sr. tem feito sondagens e como é que a população responde à sua proposta de redivisão territorial do Estado?
R. K. - No momento a maioria é contra, mas isso não tem importância. Considero fundamental que o político apresente suas idéias. O político tem o direito e o dever de mudar a opinião da população, já que só fazer o que a população quer, é a base da demagogia.

AR - O sr. não acha que essa maioria contrária à redivisão não seja um fator contra a sua candidatura?
R. K. - A população está contra porque ainda não houve debates e as pessoas não sabem o que quer dizer a divisão do Estado. Aquela idéia de centrar o problema na economia e no valor contábil, de que o Norte é mais rico que o Sul, isso deturpa muito a idéia da divisão. Aliás, a discussão é muito mais profunda e neste sentido minha candidatura leva consigo essa discussão para a sociedade e não apenas de um maneira em que aparecem problemas formais e econômicos.

AR - As condições econômicas e políticas do País permitiriam a redivisão territoral que o sr. propõe?
R. K. - Tudo é possível a partir de um momento que um grupo detém o poder. Nada é dado. O poder não se dá, se toma e nesse sentido, como foi possível na época em que Fernando quis dividir o Estado, hoje também é muito possível.

AR - O sr. já vai lançar a idéia na sua plataforma de campanha, agora, na convenção do seu partido em junho?
R. K. - Quero insistir em um ponto: a Região Cacaueira se ressente da sua sociologia, sua psicologia e de seu modo de ser. É uma região individualista, apática e omissa, tudo em função do modo de produção da lavoura do cacau que povoa o nosso inconsciente, com esses vícios. A divisão do Estado vai fazer, obrigatoriamente, que a região se una e mude todos esses sentimentos negativos, pois aí será uma questão de sobrevivência: ou muda, ou morre. Daí então, a independência trará um poder extraordinário, imagine: três senadores, mais de 20 deputados, uma estrutura muito grande, um poder político incomensurável.

AR - A sua campanha política, calcada na divisão do Estado, encontra suporte, o sr. tem correligionários dispostos a apoiá-lo?
R. K. - Todo um grupo me apoiará e esse grupo tem aumentado a cada dia. À medida em que as pesquisas mostrarem o aumento de minha candidatura, isto vai melhorando. Evidentemente todo mundo que comunga com essa idéia terá de se unir em torno dela, inclusive pessoas que não votam em mim. Veja, já estão até surgindo grupos independentes defendendo a idéia da divisão do Estado.

AR - O sr. não teme que a obstinação em defender a redivisão territorial da Bahia encontre grupos políticos mais fortes dispostos a interromper sua trajetória?
R. K. - Não tem importância, a luta é que é mais importante. Sempre foi difícil e será muito mais ainda daqui para a frente. Itabuna nasceu para ser um dia capital e um dia o Sul da Bahia será independente.

AR - Itabuna enfrenta problemas estruturais que são antigos e o sr. conhece parte deles. Como então é possível imaginar a cidade como uma capital se ela não se preparou para tal?
R. K. - Nenhuma cidade do País esteve preparada para ser capital, e temos exemplos. Nos estados criados, as capitais foram construídas praticamente do zero. Itabuna e Ilhéus têm uma estrutura muito grande de se transformar em uma Região Metropolitrana. A partir da divisão do Estado, os recursos que a União obrigatoriamente vai aplicar nos permitirá fazer um grande planejamento, e com os estudos preparar uma capital viável.

AR - O senhor, que baseia sua trajetória política em pesquisa eleitorais, acha que o candidato Ciro Gomes será o presidente da República?
R. K. - É muito viável e veja que o Serra está caindo nas pesquisas e o Garotinho tem atrás de si alguns escândalos que já começam a sair na mídia. No segundo turno estarão Lula e Ciro Gomes.

AR - Quais são as pretensões do PPS, em nível de sucessão estadual?
R. K. - É uma posição muito complicada e com a verticalização ficou meio no ar, em relação à sucessão estadual. Acredito que seja lançado um candidato a governador apenas para absorver o tempo de televisão, como uma espécie de "candidato laranja".

AR - Como o sr. avalia o governo do prefeito Geraldo Simões?
R. K. - Primeiro, sou o único político de Itabuna que jamais foi Geraldo ou Fernando, e não sei se isso me servirá para alguma coisa, mas é uma realidade. Sou um político contra os dois por uma questão ideológica: sou antidemagogo. Sempre achei que Itabuna nunca teve essa visão de direita e esquerda e sim de populista e não-populista. Desde o passado, da época de Alcântara (ex-prefeito José de Almeida Alcântara) contra Pinheiro (José Soares Pinheiro), Ubaldo (Dantas) contra Fernando (Gomes). Agora a nova bandeira do populismo está com Geraldo Simões, que é o mais novo populista da Região Cacaueira, inclusive sofisticado, que tem atrás de si um partido sério e prestigiado como o PT, por isso mais perigoso.

AR - Que nota o sr. daria ao governo Geraldo Simões nesses 18 meses?
R. K. - Minha nota é cinco. Primeiro, o governo de Geraldo Simões é superior, nos aspectos morais, comparado ao que lhe antecedeu, e não posso deixar de reconhecer isto. Mas é um governo ruim no nível do planejamento, que não aproveita o potencial que tem, a coligação fabulosa que fez, com as pessoas de bem que estão lá, no PSDB, PSB, PDT, PMDB e PC do B. Tem muita gente boa por metro quadrado no governo de Geraldo, mas não são aproveitadas porque é um governo populista, demagógico como é a natureza de Geraldo Simões e não do PT, não deixa dividir o poder com as pessoas de capacidade da coligação.

AR - O sr. critica o cacau, que deixa uma mentalidade atrasada, chegou ao fundo do poço e agora começa a emergir, com a clonagem e a auto-estima. O sr. não é favorável ao cacau?
R. K. - O cacau é nossa grande esperança porque já é uma realidade instalada, uma infra-estrutura que traz uma característica de não poder ser trocada de uma hora para outra, como é o caso de outras culturas. O modo produção do cacau é muito perigoso, pois foi ele que incentivou no coletivo, esse espírito de individualismo, e espero que isso mude. Acredito que com essa virada, com a vassoura-de-bruxa e essa reciclagem nascida das cinzas, o cacau venha a ser novamente o sustentáculo econômico, junto com outras culturas. É a maneira mais fácil de se acabar com a miséria, reaproveitando a mão-de-obra remanescente.

AR - O cacau já não representa muito na geração de riquezas e o setor de serviços parece mais preponderante. Que avaliação o sr. faz?
R. K. - O setor de serviços é sem dúvida uma grande força de Itabuna. Mas é um setor que surge de uma base industrial ou base agrícola e sobrou para Itabuna, porque não chegamos ainda ao fundo do poço, já que todas as cidades circunvizinhas se abastecem aqui. Vivemos das sobras dos nossos vizinhos. É cruel só se pensar em Itabuna como agente de desenvolvimento dos serviços, quando a maioria das pequenas cidades parecem cidades-fantasmas. A Região Cacaueira está falida e precisa ser pensada de forma global e macro.

AR - O sr. acredita que o turismo pode ser uma nova vertente econômica para o Sul da Bahia?
R. K. - Não tenho esperanças no turismo como está sendo desenvolvido, principalmente com a falta de infra-estrutura urbana das cidades de Ilhéus, Una e Itacaré. As nossas praias estão se favelizando. Há muito tempo que venho defendendo um grande plano de expansão na orla, já que o turista gosta de coisas belas. Temos a beleza das praias, mas se continuar esta ocupação desordenada, em breve ao longo das nossas belas praias existirá uma grande favela.

 

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