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12.Abril

"ACM é a vassoura-de-bruxa da política brasileira"

afirmou a pré-candidata Lídice da Mata, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), para delírio de um público estimado em 500 pessoas entre militantes socialistas e líderes comunitários de Itabuna e de outros municípios regionais convidados para ouví-la na noite de sexta-feira, 12, no auditório da Central Nacional dos Produtores de Cacau (CNPC).
       A pré-candidata socialista ao governo do Estado cumpriu uma extensa agenda política em Ilhéus, Itajuípe e Itabuna no final da semana passada, a convite do deputado estadual Renato Costa. Nos três municípios a deputada estadual Lídice da Mata prestigiou nova filiações ao PSB, fez caminhadas e inauguração de sedes e de movimentos internos como as secretarias da Mulher e da Juventude.
       Esperançosa, a pré-candidata confia na união das oposições e dos partidos de esquerda e até em vitória no 2º turno, na disputa com a chapa do PFL. A seu favor, aposta na militância e no maciço apoio do eleitorado. A deputada Lídice da Mata recorda que nas eleições de 1990 foi bem votada em Ilhéus e Itabuna. Na segunda cidade a candidata conquistou 12.688 votos, 55 menos que o ex-governador Roberto Santos (PMDB) que obteve 12.743, ante 15.632 dados a ACM, que foi o governador eleito. Foram registrados 12.159 votos brancos e 18.591 nulos, tendo comparecido ao pleito um total de 76.826 eleitores. Veja a entrevista que concedeu ao repórter Luiz Conceição.

A Região - Que avaliação a srª faz de sua campanha nesse momento?
Lídice da Mata - O momento é excelente. O PSB escolheu o meu nome em menos de um mês e já encontramos receptividade no partido em nível de capital e interior e principalmente no contato com a opinião pública, com o eleitor, muito esperançoso. Devo dizer que este é um momento especial porque estamos sentindo que nossa candidatura tem possibilidades reais de crescimento.

AR - Vai ser possível a união das oposições ou cada partido vai lançar candidaturas isoladas?
LM - Acredito na unidade no 2º turno, que é um dado absolutamente certo. Vamos nos unir no 2º turno em torno de qualquer que seja a candidatura de oposição. O que precisamos agora é manter uma estratégia de unidade mínima para o 1º turno quando estamos com candidaturas diferentes. A interpretação que o TSE dá à lei eleitoral nos impede de fazer a unidade geral da oposição e da esquerda na Bahia (a entrevista foi concedida no sábado, 14, portanto anterior à decisão do STF). Vamos correr em raia própria mas construindo a grande unidade das oposições para ganhar as eleições no 2º turno.

AR - A srª vive a experiência da pré-candidatura ao governo estadual mas foi candidata a governador em 1990 e teve boa votação. Acredita que no eleitor ainda tenha ficado esta lembrança?
LM - Olha, é uma lembrança residual, já que se passaram mais de 10 anos e fizemos uma campanha muito modesta, que chegou a 9% dos votos no Estado naquele momento, mas se vivia um outro momento político. Queremos passar e muito do percentual daquela época e chegar na frente para o 2º turno eleitoral. Temos muita esperança de que a junção da campanha presidencial de Garotinho na Bahia, que tem crescido muito, está em 13% dos índices de aprovação, o partido que se organizou e tem mais força e penetração, tem deputados, a esperança do povo em uma candidatura nova, moderna, mas experiente politicamente, possa nos dar como resultado a vitória.

AR - A pré-candidatura do PFL está colocada e tem a máquina do governo. Isto não é uma ameaça às suas pretensões?
LM - De jeito nenhum. Esse um é um jogo conhecido. O time está escalado dentre todos os partidos, e a nossa coisa agora é começar a jogar. O jogo não começou. A Copa do Mundo começa em maio e ninguém sabe quem vai ganhar.

AR - A srª considera o ex-senador ACM como a vassoura-de-bruxa da Bahia. Com isto quer dizer que a vida política dele está no ocaso?
LM - Completamente no ocaso. O sr. Antônio Carlos está em descenso, no apagar das luzes do seu império; não tem mais capacidade de sobrevida. Acham que ganham esse governo e eles próprios (ACM e seu grupo) sabem que se ganharem será o último. Nós acreditamos que vamos ganhar e que este (governo deles) que passou é que foi o último. E tudo indica isso. Qual é o presidente da República que vai apoiar uma força política em descenso na Bahia? Vai querer apoiar aquelas forças que em crescimento e que sinalizem para o futuro.

AR - O ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, já é o terceiro colocado nas pesquisas de opinião. A srª acredita que as eleições na Bahia podem ter reflexos na eleição nacional?
LM - A eleição baiana tem suas características próprias. No plano nacional vamos nos unir, todos, com candidaturas diferentes mas para derrotar o neoliberalismo do Fernando Henrique Cardoso. Na Bahia temos a tarefa de derrotar o Antônio Carlos, como prioridade. Derrotar suas forças e representantes. Eventualmente temos o Antônio Carlos falando contra o governo de Fernando Henrique que ele apoiou a vida inteira mas que apenas agora que está desprezado quer se colocar como oposição. Ele está desesperado. Não tem candidato a presidente da República que encoste e queira ter o seu apoio. Por isso disse que ele é a vassoura-de-bruxa: porque se tornou uma praga na política brasileira que onde encosta destrói e ninguém quer ser destruído por ele.

AR - A srª considera vitoriosa sua agenda política no Sul da Bahia?
LM - Absolutamente vitoriosa. Foi acima da nossa expectativa e além das nossas forças, nesse momento organizadas. Nós queremos que a campanha cresça muito, já que a lançamos aqui. Já tive o prazer e a honra de obter o voto do povo de Itabuna quando concorri ao governo do Estado em 1990, sendo praticamente a segunda colocada na campanha política. Agora quero bater esse recorde e ser a primeira com o apoio de todos.

AR - Que mensagem a srª deixa ao eleitor do Sul da Bahia?
LM - A minha mensagem é de esperança e de acreditar que esse povo que construiu a Bahia, já que o estado teve cerca de 60% da receita própria advinda do cacau, não pode ser uma mãe ingrata nesse momento. Se construímos o Centro Industrial de Aratu, o Pólo Petroquímico e toda a economia do Estado baseado nesta arrecadação; se até a folha de pessoal tínhamos de depender do que era produzido pelo cacau, agora não podemos olhar para trás e abandonar os nossos filhos à míngua e à própria sorte. Agora precisamos pegar a riqueza produzida em outros lugares da Bahia e trazer para recuperar o Sul do Estado e a produção de cacau. Temos de pensar a produção do cacau, com a sua retomada, já que é preciso diversificar a economia da região Sul, mas é preciso recuperar a lavoura que é preservacionista da Mata Atlântica. Temos que pensar no desenvolvimento econômico com preservação ambiental e manutenção dos recursos naturais. Sem isso não se pode pensar no desenvolvimento sustentável, moderno da humanidade.

 

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