14.Setembro.2002

"Lavoura cacaueira não quer perdão ou anistia de dívidas"

A Região enviou perguntas por email para todos os candidatos a governador da Bahia. Esta é a resposta e o pensamento de Prisco Viana, do PMDB

       "Lavoura cacaueira não quer perdão ou anistia de dívidas e sim reunir condições para que os cacauicultores consigam a reabilitação do crédito junto às instituições financeiras", diz o candidato a governador do Estado, Luiz Prisco Viana, com exclusividade ao A Região.
       Sem isso eles não têm como retornar à nobre missão de produzir riqueza para o Estado, e conseqüentemente para o país, afirma.
       Prisco Viana acredita que a atual conjuntura vem sendo favorável, com as garantias começando a ser reais, os preços do cacau se recuperando, e a produtividade das áreas clonadasaumentando a cada dia.
       E promete que num seu eventual governo, daremos apoio ao Projeto Genoma do Cacau, desenvolvido em parceria pela Ceplac, Universidade Estadual de Santa Cruz e Unicamp, que consideramos um importante passo para o breve estabelecimento do controlee do fim da vassoura-de-bruxa.
       Ele acrescenta que procuraremos intensificar a substituição gradativa do cacaual atingido pela vassoura-de-bruxa por espécimes clonados, resistentes à doença.
       O candidato justifica a criação em seu eventual governo, de um plano efetivo de apoio à cacauicultura, dizendo que são enormes as dificuldades por que passam os produtores de cacau, cultura que durante várias décadas, ininterruptamente, serviu de esteio à economia brasileira, sustentando por meio de suas exportações, a nossa balança comercial.
       Prisco Viana lembra que do final dos anos 70 até os dias atuais o Brasil caiu de segundo produtor mundial de cacau para sexto colocado, com graves conseqüências sociais.
       Somente em Itabuna existem mais de 300 mil pessoas desempregadas, homens e mulheres que trabalhavam na lavoura do cacau, hoje passando necessidades, mostra o candidato, para quem a queda do preço do produto no mercado internacional, a falta de visão por parte dos burocratas, a ausência de políticas claras e outros fatores contribuíram para que se chegasse a essa terrível situação.
       Prisco Viana defende para a cacauicultura um projeto bem elaborado e de longo prazo de produção, orientação e comercialização, com garantia de impacto positivo na economia regional, pois o cacau é uma cultura com imensa capacidade de geração de milhares de oportunidades de trabalho, promovendo a dignidade e o acesso às mínimas condições de sobrevivência dos trabalhadores rurais.
       Ele salienta que na Bahia existem 90 municípios que dependem da lavoura cacaueira, municípios que hoje passam por um processo de empobrecimento que se processou de forma lenta e gradual devido à crise que se abateu sobre a lavoura.
       Afirmando que a agricultura ainda é o pilar da economia brasileira, o candidato a governador pelo PMDB acredita que milhares de empregos poderiam ser gerados se houvesseuma política agrícola de longo prazo, bem elaborada, voltada para a defesa dos interesses nacionais e do nosso mercado.
       "No curto prazo, diversificação é a principal saída econômica para a região," segundo Prisco Viana. Vejo a diversificação de atividades econômicas como o turismo, a agroindústria, montadoras de informática, indústrias de confecções e calçadistas, diversificação agrícola, pecuária leiteira, entre outras, como uma saída a curto e médio prazos.
       Mas o candidato não parece acenar com falso otimismo ao reconhecer que essas atividades ainda não atingiram condições de estabilidade econômica a ponto de compensar o quase colapso da economia cacaueira e sejam ainda necessários vários anos para que a economia se estabilize num novo patamar e a região retome o seu desenvolvimento.
       O candidato do PMDB ao governo do Estado afirma que a diversificação da agroindústia é uma boa opção para promover, com a potencialização do uso dos amplos recursos naturais existentes na região, uma fonte de renda para o produtor local através de múltiplas atividades econômicas.
       Luiz Prisco Viana dá exemplos de diversificação com a fruticultura (maracujá, graviola, cajá, cupuaçu, acerola, magostão e macadâmia) para atender ao mercado de consumo in natura e às agroindústrias de polpa, configurando-se numa importante fonte de receita e geração de empregos.
       Ele destaca também a pecuária bovina (em franca expansão e já é a segunda atividade econômica do Sul da Bahia e a primeira em termos de área ocupada, com aproximadamente 1,8 milhão de hectares), a piscicultura (em função das condições climáticas altamente favoráveis à criação de peixes de água doce, a exemplo de tambaqui, carpa prateada, carpa cabeça grande, carpa comum, tilápia nilótica e curimatã pacu, entre outros) e a apicultura.
       Ele defende o incentivo ao cultivo de palmáceas, principalmente dendezeiro, coqueiro,piaçava e palmiteiros, a heveicultura (uma atividade que se encontra em plena expansão, sobretudo o plantio consorciado com o cacau e açaí, entre outros).
       O candidato lembra que essa atividade vem se tornando a principal opção econômica e ecológica de exploração, já alcançando uma área ocupada de 24 mil hectares de seringais que proporcionam a geração de mais de 1.000 empregos diretos.
       Prisco Vianana relaciona ainda, entre os itens de diversificação agrícola, as especiarias, notadamente pimenta-do-reino, cravo-da-índia, canela, noz-moscada e guaraná, cuja produção vem sendo favorecida pela ocorrência de clima quente e úmido e solos adequados.