7.Dezembro.2002
¨Não existe e jamais existirá acordo com o ex-prefeito¨
esclarece o deputado estadual Renato Costa, respondendo a especulações de que os dois estariam
unidos na próxima eleição municipal de Itabuna. ¨Minha divergência com esse cidadão não é fruto de
uma briga política, de uma rusga. Minha divergência é por questão de princípios,¨ diz o parlamentar
do PSB. Renato Costa se recusa a pronunciar o nome do seu adversário, a quem chama de ¨esse moço,
esse cidadão.¨
Rechaçando um acordo político com Fernando Gomes (¨há 13 anos que não tenho nenhuma relação política
ou pessoal, ou mesmo tenha dado um cumprimento de boa-tarde ou boa-noite a esse moço¨), ele derrama
um olhar muito simpático sobre Ubaldo Dantas, vice-prefeito de Itabuna. Diz que teve pequenos
problemas e divergências mas nunca perdeu o vínculo, até porque Ubaldo tem outro nível, outra
qualificação, outro estofo.
Renato afirma que continua amigo de Ubaldo, com quem de vez em quando troca idéias. ¨Seria injusto
colocá-los no mesmo patamar. Ubaldo é Ubaldo. Agora o cidadão que não desejo citar, ex-prefeito,
ex-deputado federal e agora deputado estadual não eleito, o neocarlista, esse rapaz é outra
história,¨ diagnostica Renato Costa.
A Região - A Prefeitura teria atrapalhado de algum modo sua reeleição para deputado?
Renato Costa - Devo dizer que na minha campanha faltaram-me apoios mais efetivos aqui, na própria
comunidade. Acho que houve falhas, excesso de candidaturas locais, mais de uma dezena de candidatos,
mais alguns com inserções aqui Joabs Ribeiro, Paulo Dapé e outros , o que diluiu demais os votos.
Creio que algumas dessas candidaturas poderiam ter sido abortadas para que se concentrasse o eleitor
em candidaturas mais viáveis. Não lastimo nada. Ao contrário de outro candidato que disse que quem
perdeu foi Itabuna, digo o inverso: eu perdi a oportunidade de continuar servindo ao meu povo e à
minha região.
AR - Em 1994 e 1998 o senhor, o deputado estadual mais votado em Itabuna em duas eleições, agora foi
o segundo, enquanto Fernando Gomes foi o mais votado. Por que isso?
RC - É preciso dizer que o senhor Fernando Gomes ainda tem força política e absorveu muitos votos da
parte da população que rejeita a atual administração. Quando Geraldo Simões foi enfrentá-lo, em
2000, reuniu numa ampla coligação, nove partidos, o nosso PSB mais o PSDB de Ubaldo, o PMDB de João
Xavier, o PC do B de Davidson, o PDT de Dagoberto Brandão, o PV e outros tantos. E mesmo assim, com
a ajuda de todos, ganhou apertado. Agora nas últimas eleições, coube a mim o enfrentamento com ele,
contando apenas com meus amigos e os companheiros do PSB. Além disso a Legislação Eleitoral, com a
verticalização, dificultou as coisas, sem contar outros tantos fatores que não vale a pena lembrar.
AR - O seu futuro agora continua com a Medicina, a política... O que lhe passa pela cabeça agora?
RC - É preciso dizer que a última eleição, ao contrário de me desestimular me estimula a continuar
fiel aos meus princípios, servindo à minha comunidade e prosseguindo na luta em prol de nossa
região. Termino meu mandato no final de janeiro, quando retornarei a Itabuna para trabalhar como
médico, que é minha profissão. Embora não tenha me desvinculado totalmente, desativei um pouco meus
vínculos. Vou restabelecê-los com a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, com os hospitais,
clínicas etc. Volto para a militância da Medicina, mas minha vida política continua.
AR - Como sempre foi, não é? Sempre o político esteve em ação...
RC - É verdade que não deixarei de ser político por causa de uma batalha mal sucedida. Quanto a
embates futuros, as outras batalhas que virão, ainda estão muito distantes para qualquer avaliação e
digo que a Deus pertence o futuro. E o julgamento fica por conta também do tempo. Você sabe que a
verdade e a justiça são filhas do tempo.
AR - Há especulações em torno de uma composição política do senhor com o ex-prefeito Fernando
Gomes. Existe essa possibilidade de aproximação com ele?
RC - Em absoluto. Há 13 anos que não tenho nenhuma relação política ou pessoal, ou mesmo tenha dado
um cumprimento de boa-tarde ou boa-noite a esse moço. E para minha surpresa até me preocupou o fato
de ter ele dado uma coletiva à imprensa e ter feito elogios à minha pessoa. Me preocupou saber o por
quê de ter ele me elogiado. Depois, a declaração de que estaria em entabulação um acordo.
AR - O senhor acha que esse acordo está fora de questão?
RC - Isto não existe, não existiu e jamais existirá, porque a minha divergência com esse cidadão não
é fruto de uma briga política, uma rusga. Minha divergência é por questão de princípios. Não há
possibilidade do político Renato Costa estar junto com este cidadão. Estive com ele em uma ocasião,
Itabuna bem conhece a história, quando não conhecia sua verdadeira face, seu caráter, seus métodos.
Uma vez conhecidos, seria até uma perda de minha auto-estima voltar a me aliar a uma pessoa como
esse cidadão. Definitivamente, não há possibilidades.
AR - E com o vice-prefeito Ubaldo Dantas?
RC - Ubaldo é outra figura. Tivemos pequenos problemas e divergências, mas nunca perdemos o vínculo
de conversar. Até por que Ubaldo tem outro nível, outra qualificação, outro estofo. Portanto,
continuo amigo de Ubaldo e de vez em quando trocamos idéias. Seria injusto colocá-los no mesmo
patamar. Ubaldo é Ubaldo. Agora o cidadão, que não desejo citar, ex-prefeito, ex-deputado federal e
agora deputado estadual não eleito, o neocarlista, esse rapaz é outra história.
AR - Há notícias de que seu grande amigo e secretário de Saúde, Edson Dantas, perderia o cargo,
embora o prefeito já tenha declarado que o cargo continua nas suas mãos. E agora?
RC - Na verdade o cargo de secretário de Saúde não está em minhas mãos, mas nas mãos do meu partido,
o PSB. O dr. Edson é um homem de bem, íntegro, trabalhador, mas que teve dificuldades no dia-a-dia
da Secretaria, por falta de autonomia no seu trabalho. Portanto, se ele desejar continuar como
secretário, desde que lhe seja dada autonomia e as prerrogativas do cargo, poderá continuar.
Estivemos em uma reunião com o corpo clínico da Santa Casa discutindo o assunto, e para minha
surpresa, por unanimidade os médicos apoiam dr. Edson, desde que ele tenha autonomia. Como veio
trabalhando até o momento, não.
AR - O seu nome sempre é lembrado para prefeito de Itabuna nas próximas eleições. Passa por sua
programação essa possibilidade?
RC - Essas questões estão ainda distantes, por isso poderíamos dizer que sim e que não, a depender
do momento. O meu atual projeto é estruturar minha vida pessoal e profissional, já que passei oito
anos afastado das minhas atividades como médico. Quanto à sucessão de Itabuna, evidentemente temos
um papel importante e vamos discutir isso com nosso grupo, com nossos companheiros, mas acho que
ainda está muito distante. O político, desde que seja filiado e tenha domicílio, pode ser votado no
município. Qualquer cidadão que tem o direito de votar e ser votado pode ser candidato a qualquer
coisa.
AR - Como será a atuação do senhor nesta parte final do mandato?
RC - Quero dizer a todos os que me conhecem, e também àqueles que ainda não conheci, que não entrei
em política para tirar vantagens pessoais. Faço política para mostrar que é possível se fazer
política com decência, com ética, com espírito público. Até o último dia do meu mandato vou cumprir
todos os compromissos assumidos com os eleitores de Itabuna e da Região Cacaueira. Agradeço a
oportunidade de me dirigir à população e espero que as questões aqui abordadas tenham servido para
tornar o eleitorado cada vez mais esclarecido.