e compromisso com a continuidade do processo que norteia a trajetória da Universidade, diz a atual
reitora, Renée Albagli Nogueira. Mesmo considerando que é muito cedo para tratar desse assunto, ela
destaca como fundamental no seu substituto, conhecimento da história institucional e da cultura
regional e compromisso institucional com a universidade, além de outras habilidades como diálogo
permanente com as comunidades interna e externa e com o Governo do Estado.
Renée Albagli Nogueira, graduada em Biologia e pós-graduada também em Genética e Administração
Universitária, casada, uma filha, é vista como a cara da Uesc, com quem se confunde desde 1975
quando se tornou assessora de Planejamento da instituição. Foi diretora acadêmica, diretora de
graduação e extensão, pró-reitora de graduação, vice-reitora e reitora, exercendo atualmente seu
segundo mandato.
Nesta entrevista ela mostra um balanço positivo de sua atuação e fala de planos e projetos que tem
em mente, mesmo que não reúna tempo e condições para executar alguns deles, como é o caso do
mestrado em Comunicação Social. Encontramos algumas dificuldades, diz a respeito, deixando no ar
certo grau de frustração.
A Região - O que se destaca na administração da Uesc neste segundo período que tem a senhora como
reitora?
Renée Albagli - Um programa intenso de capacitação do corpo docente já existente e a oferta
de concurso público para o ingresso de mestres e doutores vêm possibilitando que haja uma
consolidação da pesquisa e da pós-graduação, bem como da ampliação da perspectiva de captação de
recursos externos, através de projetos elaborados pelo corpo docente. A isso podemos acrescentar é
claro, alguns cursos de graduação que foram pensados, em especial Medicina e Comunicação Social,
que estão com desempenho muito positivo.
AR - Que recomendações a senhora faria a quem pretende substituí-la como gestora da Uesc?
RA - Consideramos que, a um ano e cinco meses do término do nosso mandato, é muito cedo para se
tratar desse assunto. Entendemos que essa articulação com vistas à escolha do futuro reitor se fará
no momento oportuno, nas instâncias colegiadas que têm competência para tal nesse caso, o Conselho
Universitário , possibilitando também a ampla participação da comunidade acadêmica.
AR - Mas qual seria o perfil do administrador que vai dirigir o complexo em que se transformou a
Uesc?
RA - Fazer isso não é tarefa fácil, pois cada pessoa tem um estilo próprio de se conduzir, de
encarar a realidade que o cerca, de agir e interagir quando no comando de uma organização. No caso
específico da Uesc, uma instituição universitária pública ainda jovem mas caminhando firme para a
sua consolidação como centro de excelência desta região, nos parece importante que alguns
pré-requisitos integrem o perfil do futuro reitor. Antes de qualquer coisa, legitimidade do mandato.
AR - E o que mais?
RA - Destacaria também conhecimento da história institucional e da cultura regional, compromisso
institucional com a Universidade, trânsito amplo nos diversos segmentos da sociedade, diálogo
permanente com as comunidades interna e externa e com o Governo do Estado, somando-se a esses
pré-requisitos o espírito de liderança. Universidade cuja trajetória tem como referencial o
desenvolvimento social e econômico da região em que está inserida, supõe-se que deve prevalecer na
Uesc o compromisso com a continuidade do processo que norteia essa trajetória.
AR - A Uesc tem um projeto de juizado-modelo. Em que nível de execução está esse plano?
RA - A estrutura física do juizado-modelo está totalmente concluída, faltando apenas a aquisição do
material permanente. Neste momento, através do Departamento de Ciências Jurídicas, já mantivemos
contato com o Tribunal de Justiça da Bahia visando a sua implantação. O juizado vai não só
dimensionar o aspecto teórico-prático do Curso de Direito, como preparar esse curso para o processo
de recredenciamento.
AR - E o investimento compensa, socialmente?
RA - É claro que o retorno social compensa. Devemos ter a visão de que os suportes básicos de uma
sociedade são os princípios da ética e da justiça. Ora, se nós através do Curso de Direito da Uesc
oportunizamos aos nossos estudantes o exercício teórico-prático desses princípios, fica evidente que
o retorno social é relevante, levando-se em conta a gratuidade dos serviços a serem prestados.
AR - O Curso de Comunicação teve participação muito importante na RedeCom...
RA - A RedeCom foi um evento realizado em Salvador e sediado pela Ufba, reunindo todos os cursos de
Comunicação Social do Estado. A Uesc mandou a maior delegação sim, com 76 participantes entre
professores e alunos. Do total de 26 trabalhos inscritos e apresentados, 15 foram elaborados pelos
nossos alunos, o que representou mais da metade da produção científica do evento. Os temas levado ao
1º RedeCom 2002 novos e polêmicos e a forma de apresentação tornaram a Uesc a grande revelação
daquele evento.
AR - Houve também uma premiação em vídeo...
RA - Esse foi outro destaque do curso de Comunicação Social: a conquista agora em setembro, no
Congresso da Intercom, em Salvador, de Menção Especial na categoria Cinema e Vídeo, do trabalho do
estudante Gildon Oliveira Silva e equipe, com o título de Três Vidas. Nesse evento foram
apresentados sete trabalhos de alunos e um de professor. A qualidade dos trabalhos contribuiu
decisivamente para a consolidação da imagem do nosso curso diante das demais universidades públicas
e privadas da Bahia.
AR - Mas há reivindicações de um curso em nível de mestrado, como forma de renovar os quadros
docentes...
RA - Se eu quisesse estabelecer uma meta a alcançar antes da conclusão do meu mandato, com relação
ao Curso de Comunicação, seria na forma como foi feita com os outros cursos, priorizando a
capacitação docente dos seus quadros na própria Universidade, como está ocorrendo com Direito e
Medicina. Isto é, estabelecendo uma parceria para implantar um mestrado interinstitucional em
Comunicação, considerando que é uma necessidade que se impõe...
AR - E por que não?
RA - Devo acrescentar que há cerca de seis meses iniciamos os contatos para a concepção de tal
objetivo, entretanto encontramos algumas dificuldades. Por isso é que eu não posso afirmar que será
implantado de imediato um mestrado interinstitucional em Comunicação Social. Entretanto posso
estabelecer esse projeto como meta nossa para o início de 2003.
AR - Como está a Uesc com a comunidade externa, principalmente aquela além do eixo Ilhéus-Itabuna?
RA - Podemos afirmar que no tocante a trabalhos relacionados com a comunidade externa, colocamos em
destaque a Unidade Intermediária instalada no hospital da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna.
Temos também projetos de saúde que são desenvolvidos em vários municípios da região, tanto no
atendimento às comunidades carentes quanto no aperfeiçoamento de profissionais de saúde. Há um
trabalho que consideramos bastante relevante que é o Núcleo de Síndrome de Down, com ações
importantes no universo de pessoas com necessidades especiais.
AR - E quanto à educação?
RA - Assinamos convênios com as prefeituras de Porto Seguro, Camacã, Mascote, Santa Luzia, Pau
Brasil, Arataca e Jussari para dotar de formação universitária 200 professores municipais através
dos núcleos de Camacã e Porto Seguro, ocupando nosso espaço no Extremo Sul. No programa de
alfabetização de jovens e adultos a nossa atuação tem sido ampla, com a capacitação de mais de 1.700
alfabetizadores em 30 municípios da região, trabalhando um universo de 42.700 alunos.
AR - Há novos cursos e projetos em vias de implantação?
RA - Seria ideal, no final de 2003 ou início de 2004, implantar o Curso de Engenharia de Produção e
Sistemas, cujo projeto já foi aprovado pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão
(Consepe), mas que necessita de alguns equipamentos indispensáveis. No tocante a obras seria
construir mais um pavilhão, destinado ao Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas, abrindo
assim perspectivas para a implantação de cursos na área de Engenharia, e a consolidação dos demais
projetos em andamento.