7.Setembro.2002
"O cacau é a única cultura que preserva a Mata Atlântica"
A Região enviou perguntas por email para todos os candidatos a governador da Bahia. Esta é a
resposta e o pensamento de Jaques Wagner, do PT
Jaques Wagner quer cacauicultores compensados por conservar Mata Atlântica, que serviria até de
garantia para empréstimos.
"O governo precisa levar em conta que o cacau é cultivado à sombra da Mata
Atlântica, a única cultura que preserva o que ainda resta da floresta em nosso Estado," disse o
candidato petista por e-mail, com exclusividade ao jornal A Região.
Wagner salientou que esta preservação é muito importante e precisa ser remunerada, e alertou para a
necessidade de o governo subsidiar a recuperação da lavoura, aceitando como garantia das dívidas a
preservação da Mata Atlântica.
Jaques Wagner defendeu o controle do poder público sobre o uso da floresta, através do órgão
ambiental estadual, do Ibama e do Conama.
"Medidas apenas proibitivas de derrubada da mata não são suficientes para preservação do patrimônio
natural, que até 1945 cobria 82% do Extremo-Sul baiano e hoje não chega a 8% de seu território
original", afirmou.
O candidato defendeu a renegociação a longo prazo da dívida global dos produtores de cacau, com
período de carência, política de crédito especial para a produção no sistema agroflorestal conhecido
como ´cabruca´, estímulo à produção orgânica, uso de práticas de conservação do solo e de redução do
assoreamento dos mananciais de água.
E acrescentou que essas medidas precisam ser complementadas com
políticas especiais, estimulando a produção de chocolate caseiro e consumo de achocolatados na
merenda escolar e no programa de superação da fome, estímulo à produção de biocombustível e de óleo
combustível vegetal, com base no dendê, cuja tecnologia é de domínio das instituições da região.
Jaques Wagner reconhece que há mais de uma década a região do cacau vive uma crise sócioeconômica
agravando as precárias condições de vida dos trabalhadores, e principalmente da população de baixa
renda.
Ele diz que apesar de ter sido uma região rica a população, exceto um grupo minoritário de
grandes proprietários rurais, sempre viveu à margem do processo político e dos benefícios das
políticas públicas.
Causas para tais problemas, são na visão do candidato, mais remotas do que a vassoura-de-bruxa,
conforme alguns acreditam. É a herança de mais de um século de economia agrícola de exportação,
baseada na monocultura com alta taxa de lucro e baixo nível de remuneração, diagnostica.
Coleta de lixo
Coletar e tratar lixo na região será problema intermunicipal num eventual governo de Jaques Wagner,
que falou de maneira global sobre a questão.
Ele enfatizou a necessidade de criação de um sistema intermunicipal de coleta seletiva do lixo,
tratamento dos esgotos e usina de reaproveitamento dos resíduos sólidos, implantação de um sistema
intermunicipal de captação e tratamento de água e proteção das bacias hidrográficas; e políticas de
habitação popular.
Também citou abastecimento e comercialização de produtos industrializados, artesanato e
semi-manufaturados, interligada à política de produção agropecuária e agroindustrial; duplicação da
BR-415 trecho Ilhéus-Itabuna, e retomada das demandas de expansão do Porto de Ilhéus.
O candidato salientou que o eixo Ilhéus-Itabuna, em torno do qual circulam populações de cidades de
menor porte compondo uma população de 555.625 habitantes, assim como os municípios que integram as
bacias dos rios Almada, Cachoeira, parte das bacias do rio de Contas, rio das Almas e rio Pardo,
demandam um planejamento integrado.
Para isso ele afirmou ser necessário aproveitar o imenso acervo
e experiência técnico-cientifica da Ceplac e criar uma Agência de Desenvolvimento Regional com
capacidade de articular as ações das diversas instâncias estatais e o papel de planejar e agir na
alavancagem de uma nova dinâmica para a economia regional.
Jaques Wagner disse que não se pode perder o contato com um modelo produtivo que garanta a
conservação e recuperação dos recursos naturais e as condições de vida.
"Propomos políticas específicas de crédito aos produtores e de recursos à pesquisa direcionada à
produção agrícola, com produtos tradicionais como cacau, seringa, dendê, piaçava, coco, pimenta,
guaraná, cravo, fruteiras, essências nativas e para a produção de alimentos, inclusive derivados de
leite, de forma cooperativada, com ênfase nos assentamentos rurais e comunidades de pequenos
produtores familiares."