afirma João Xavier, ex-secretário de Esportes da Prefeitura de Itabuna, candidato a deputado
federal pelo PMDB. Defensor intransigente do voto regional, Xavier está nas ruas pregando seu nome,
e no caso em que o eleitor tenha outra preferência, pedindo que vote em outro candidato, mas que
seja de Itabuna e com propostas em favor da Região Cacaueira. Em meio ao descrédito que o discurso
político ganhou nos últimos tempos, João Xavier vai à luta escudado em sua própria história de
trabalho e contando com o apoio do prefeito Geraldo Simões. Eu creio que meu currículo e esse apoio
terão efeitos positivos para minha candidatura, diz esperançoso.
Tradicional batalhador pela regionalização do futebol, João Xavier acrescenta à sua bandeira de
campanha as preocupações com a recuperação da cacauicultura. Na visão do candidato, se a região
tivesse representação política competente os produtores não mais estariam soibrenadando numa crise
que já dura dez anos.
A seguir os principais trechos da entrevista ao repórter Ailton Silva:
A REGIÃO - Diante das dificuldades impostas pela verticalização, a candidatura do senhor é pra
valer ou é uma forma de plantar seu nome para futuros projetos políticos?
João Xavier - Pela minha história de vida, por tudo aquilo que já realizei em Itabuna, não. Embora a
verticalização tenha criado dificuldades para alguns partidos, nossa candidatura é pra valer, até
mesmo pelo princípio da necessidade que a região tem de eleger pessoas compromissadas com nossos
problemas. Nós sempre tivemos uma experiência negativa quando se vota em candidatos de outras
regiões. Então o sul da Bahia, que atravessa momentos difíceis, não tem tido nenhum apoio do governo
Estadual em trazer projetos econômico-sociais que possam enfrentar a crise existente há 10 anos e
desenvolver a região. Enfim, nossa candidatura visa formar ao lado de uma bancada forte, para que
possamos defender os interesses regionais.
AR - O senhor imagina que essa baixa representatividade da região na Câmara Federal vai mudar em 6
de outubro?
JX - Creio que sim. O eleitorado está se conscientizando de que não recuperaremos a economia, se não
houver mudança política, com atenção maior para os candidatos da região. Talvez tenha sido o
primeiro candidato a deputado federal que está fazendo um trabalho de conscientização das pessoas
com quem tenho oportunidade de conversar, para que, se não tiver preferência pelo meu nome, votar em
outro candidato de Itabuna, compromissado com a Região Cacaueira.
AR - No entanto, prefeitos apoiam pessoas de outras regiões, e os candidatos fazem dobradinhas com
políticos de fora...
JX - Lamento profundamente, porque na teoria se diz uma coisa e na prática se faz outra totalmente
diferente. Acho que Ilhéus e Itabuna, onde se concentra a maioria dos candidatos, deveriam oferecer
um apoio maior aos candidatos regionais. Realmente, há muitos políticos que pregam o voto regional,
mas na hora da eleição trazem candidatos de fora, que aqui são votados e desaparecem até a próxima
eleição.
AR - Itabuna, considerado seu coeficiente eleitoral, não teria excesso de candidatos à Câmara?
E.L. - Acredito que a democracia é necessária para que as pessoas tenham opção. Então se o cidadão tem
de direito de votar ele tem direito de ser votado, de ser candidato. Os candidatos à Câmara Federal,
que são quatro na nossa cidade, me parecem perfeitamente condicionados ao percentual de votos que
nós temos. São mais de 134 mil votantes para quatro candidatos.
AR - O senhor acredita que formar ao lado do prefeito de Itabuna pode ser um fator positivo na sua
campanha?
JX - Perfeitamente. Fazemos parte de uma coligação que elegeu o atual prefeito, participamos do
governo como secretário (de Esportes), tivemos ações positivas, e o governo Municipal está
trabalhando, trazendo desenvolvimento para Itabuna. Na realidade eu creio que meu currículo e esse
apoio terão efeitos positivos para minha candidatura.
AR - Na sua opinião, quais são as grandes bandeiras que devem ser levadas à praça nessa campanha
para deputado federal?
JX - Em primeiro lugar, reafirmo que temos de eleger deputados vinculados à região. O segundo passo
é defender a cacauicultara, pois acredito que o cacau ainda é a mola mestra do desenvolvimento do
sul da Bahia. Sou defensor intransigente da revitalização da Ceplac, porque essa instituição é
importantíssima no processo de recuperação da lavoura cacaueira. Se tivermos representatividade
suficiente na Câmara Federal, seremos capazes efetivamente de trazer os recursos que faltam para o
cacau, até agora não liberados pelo governo Federal. Como esse objetivo não foi atingido até o
momento, os produtores estão sem condições de recuperar suas roças e até de pagar dívidas antiga.
AR - De que forma a candidatura de Luiz Prisco Viana ao governo do Estado poderá facilitar a eleição
do senhor?
JX - AA partir do momento em que a campanha começar pra valer, evidentemente a candidatura do
ex-deputado Prisco Viana vai atrair votos para todos concorrentes do partido, inclusive para a nossa
candidatura. Na realidade pode-se observar que a campanha ainda não começou de verdade. A disputa
começará a partir do horário eleitoral obrigatório no rádio e na televisão, de sorte que Prisco
Viana tem todas as condições de ser eleito governador e alavancar votos para os candidatos a
deputado.
AR - O PMDB não está em desvantagem quanto ao coeficiente eleitoral, em vista das coligações
partidárias?
E.L. - O coeficiente de uma eleição para deputado federal fica em torno de 120 a 130 mil votos. A
vantagem do PMDB é não ter feito coligação proporcionalmente, o que beneficia o partido, porque ele
dispõe de candidatos com potencial de votos muito grande. A avaliação é que os 11 candidatos na
disputa das próximas eleições, além do voto de legenda, têm capacidade de reunir cerca de 700 mil
votos. Isto me favorece de certa forma, pois estou entre os oito primeiros candidatos com
expectativa de conseguir votação expressiva, o que facilita a nossa eleição.
AR - A oposição mais uma vez está dividida para as eleições deste ano. O senhor acredita que mesmo
assim é possível enfrentar a máquina do governo estadual?
JX - Acredito que sim. Nós sempre tivemos a capacidade de ir à luta e mostrar nossas propostas. Os
candidatos da oposição estão trabalhando para chegar ao segundo turno, sabemos que haverá
dificuldades mas vamos chegar. Essa é a primeira etapa. A segunda será um trabalho dos partidos de
oposição para vencer as eleições para o governo do Estado.
AR - Como foi o trabalho do senhor como secretário de Esportes de Itabuna?
JX - Desde a primeira gestão do atual prefeito que implantamos diversos projetos no município, entre
os quais o Campeonato Interbairros de Itabuna, que tem revelado ótimos jogadores, e criamos as
escolinhas de bairros, que hoje têm cerca de 400 alunos. Isso significa que estamos tirando
crianças e jovens das ruas, da marginalidade, do tóxico, da bebida. Quando esses alunos não estão
na escola, estão no campo, quadra ou piscina, praticando esportes, com acompanhamento de monitores
profissionais. O projeto para as escolinhas de campo vai beneficiar 2.400 crianças, enquanto as da
Vila Olímpica atendem 1.200. Também encaminhamos um projeto, através do deputado Edmon Lucas, para
o Ministério dos Esportes, que prevê a recuperação do estádio Luiz Viana Filho. Enfim, serei o
deputado do Itabuna Esporte Clube e da Região Cacaueira.
AR - O que está faltando para tornar o esporte regional mais forte e competitivo?
JX - Falta apoio do empresariado. Não se pode fazer futebol profissional sem que haja parceria com
os empresários. Observe que todos os clubes brasileiros, especialmente os maiores, têm parceria com
empresas importantes, e não tem porque fugirmos à regra. Falta o entendimento de que o futebol é um
mercado tão grande como qualquer outro para o desenvolvimento da cidade. Outra questão que nos
prejudica é a estrutura do Campeonato Baiano, que é interiorizado mas não é regionalizado. O certame
teria que ser interiorizado mesmo na região, com a participação de Itabuna, Ilhéus, Coaraci,
Eunápolis e outros que já têm estádio com iluminação, podendo formar uma grupo. O mesmo seria feito
em outras regiões, cruzando, tirando-se duas equipes de cada grupo até chegar à decisão. A capital
também teria sua chave que disputaria a grande final. Aí sim, teríamos um campeonato forte, com a
mobilização de todas as regiões.
AR - Itabuna chegou aos 92 anos de emancipação política na semana passada. O que o município já
conquistou e ainda tem por conquistar?
JX - Falta ainda muita coisa a ser conquistada, não só por Itabuna nos seus 92 anos, mas por toda a
região, onde temos 250 mil pessoas desempregadas. Esses desempregados vêm para o município,
alimentam bolsões de favelas em Itabuna e Ilhéus, dificultam a administração pública. Mas o prefeito
Geraldo Simões tem feito uma governo bom, pois em um ano e meio de gestão já executou obras que em
quatro anos prefeitos anteriores não realizaram.