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27.Abril

"Meu mandato será em benefício do povo"

e não dos interesses pessoais ou partidários, afirma o técnico agrícola Everaldo Anunciação Farias, servidor público federal, lotado na Ceplac, a partir de 1979, 42 anos, nascido a 1º de maio, casado, três filhos - sendo um adotivo. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), desde 1982, agora tenta mais um desafio, ao postular uma vaga na Assembléia Legislativa, com o aval dos diretórios do partido em Ilhéus, Itabuna e região.
       Foi candidato a deputado federal, em 1994, obtendo 12.780 votos na Bahia, dos quais cerca de cinco mil votos em Itabuna. Foi eleito vereador, em 1996, com mandato até o ano 2000. Além disso, presidiu a CUT regional, por dois mandatos de 1990/95, e foi membro da coordenação internacional da Plataforma Cacau - organização internacional de trabalhadores da cadeia produtiva do cacau, com sede na Holanda.
       Tem como destaque do mandato de vereador a aprovação do programa de incentivo ao 1º emprego, projeto de lei votado pela Câmara Municipal, em 1999, e só agora implementado. É um programa que deseja ver adotado em todo o estado, de forma e evitar o deslocamento dos jovens de sua cidade natal para outros centros urbanos, onde são vítimas dos marginais e das dificuldades naturais de sobrevivência. Veja o que pensa o candidato Everaldo Anunciação na entrevista ao repórter Luiz Conceição.

A Região - O por quê do sr. manter a candidatura única a estadual do PT?
Everaldo Anunciação - Primeiro porque o PT em Itabuna, que é o principal município da Região Cacaueira, detém a confiança da maioria do povo. Como demonstram duas pesquisas recentes, o PT tem a preferência de 17% dos eleitores. O segundo partido, aparece com apenas 9%. Tínhamos a confiança de somente cinco por cento na administração passada. O crescimento, portanto, resulta da aceitação popular e das políticas públicas do partido no tocante a Itabuna. Além disso, tivemos apoios e manifestações para que a candidatura saísse do âmbito do município, a compreensão do diretório do PT de Ilhéus e do valioso companheiro Nelson Simões, que também tem características de que seria um bom parlamentar. Todos fatores convergiram para a candidatura e isso nos motivou no campo partidário. Também acenos favoráveis de lideranças de outros partidos que vêem no nosso nome capacidade de lutar pela região e ampliar a representação regional.

AR - Que apoios o sr. espera ter na sua luta por uma cadeira na Assembléia Legislativa?
E.A. - Além do meu partido, o PT, e das legendas que têm candidatos a deputado federal mas não têm a estadual, espero o apoio das pessoas envolvidas nos movimentos populares, das pessoas de bem da Região Cacaueira e daquelas que acreditam que é possível fazer uma política sem corrupção e sem subserviência. As pessoas que espero contar estão em ONGs, em sindicatos e até em movimentos sem um nível de organização tradicional mas que no dia-a-dia demonstram os mesmos ideais do PT e do candidato.

AR- Qual é a característica mais marcante de sua candidatura? O que é que o sr. acha que atrai mais apoios e eleitores?
E.A. - É difícil dizer mas as pessoa têm revelado que acreditam na nossa capacidade de fazer articulações sem ser sectário nem estreito, bem como em até se articular com os adversários para fazer de nossas idéias uma realidade concreta. Depois, é o conhecimento dos problemas regionais e o envolvimento com os setores que a gente deseja representar. Então, a candidatura tem o conhecimento, a capacidade para o parlamento, como demonstrado no mandato de vereador, e a história de lutas e comprometimento do candidato e do partido, em um momento em que o PT vê chances reais, com a vitória de Lula.

AR- O que o eleitor regional pode esperar do seu mandato, caso venha a ser eleito?
E. A. - Pode esperar que o mandato não será para interesses pessoais. Depois que vou agir na defesa dos interesses da sociedade e não do PT. Além disso, será um mandato que não será subserviente seja quem for o governador eleito, Paulo Souto, do PFL, ou Jaques Wagner, do PT. O meu mandato será para servir aos interesses da população regional dentro do respeito e da civilidade. O que desejamos é provocar os governos estadual e federal quanto a adoção de políticas públicas para recolocar o Sul da Bahia em situação de dignidade.

AR - O que o sr. quer dizer com isso?
E. A. - Por exemplo, está na hora de nós, da Região Cacaueira, e quero ser porta-voz disso junto ao governo da Bahia, que não se pode pensar em desenvolvimento apenas para Salvador e sua Região Metropolitana. O que precisamos é implantar a Região Metropolitana Cacaueira, envolvendo os municípios de Ilhéus e Itabuna e o entorno, como nova forma de restabelecer ações produtivas. A lavoura do cacau não pode ser abandonada mas vista com nova realidade não apenas de produtora de sementes e amêndoas mas que possa se desenvolver com apoios firmes a agroindústria. A Ceplac e a Uesc têm de ser fortalecidas, já que indispensável a presença do Estado na retomada do desenvolvimento regional.

AR - O prefeito Geraldo Simões disse, em uma solenidade, que o setor de prestação de serviços de saúde é importante para a economia regional. O que você tem a dizer sobre isto?
E. A. - Itabuna é uma cidade de excelência na prestação de serviços de saúde. Se você fizer uma avaliação com outras cidades do mesmo porte de todo o Nordeste brasileiro, verá como a cidade se destaca. Agora é preciso potencializar os serviços para ampliar o atendimento ao norte de Minas e do Espírito Santo, incluíndo outras regiões do Estado da Bahia. Quando se desenvolve o setor se cria empregos na rede hospitalar e hoteleira. Também defendo a instalação de um campus de Medicina da Uesc na cidade, quando se poderá criar todo um conjunto de ações em favor do paciente e do setor.

AR - O sr. se acha articulador político. Vai ser possível conviver com as outra siglas que integram o governo municipal sem criar mal estar?
E. A. - Claro, já fizemos isso para ganhar a prefeitura e não foi apenas com a visão oportunista de ter o governo municipal. O projeto nosso não é ter apenas a Prefeitura de Itabuna, já que queremos ganhar a Bahia e o Brasil e o PT jamais ganhará sozinho. O partido precisa de uma política de alianças que passa por essa boa relação com os deputados Renato Costa e Edmon Lucas, com o ex-secretário Davidson Magalhães, e com o conjunto de bons candidatos na esfera federal Ubaldo Dantas, João Xavier e Josias Gomes para que a relação saía vitoriosa. Mapeamos as cidades onde vamos trabalhar e em apenas 29 cidades temos mais de 600 mil eleitores. Só no eixo Ilhéus-Itabuna têm mais de 250 mil eleitores. Se o sentimento do eleitor for o de não mais pulverizar o voto com os candidatos que aqui vêm só nas eleições, poderemos ter uma grande bancada e com qualidade.

AR - O sr. aglutina os diretórios do PT de Ilhéus e Itabuna. O seu mandato vai se cingir apenas às duas cidades ou será mais regionalizado?
E. A. - Não podemos pensar em trabalhar para desenvolver uma região com quase três milhões de habitantes e 800 mil votos concentrando ação política. Quando falo em Região Metropolitana desejo envolver municípios que estão a até 100 quilômetros das duas principais cidades. O efeito sucção, que é pensar que se desenvolve Itabuna e os municípios crescem por si só não acontece. Coaraci, Itajuipe, Itape, Ibicarai etc. sofrem com o efeito do êxodo da população para Ilheús e Itabuna, onde incha a periferia de pessoas que se sentem excluídas.

AR - Qual é tipo de desenvolvimento que o sr. sugere?
E. A. - É preciso consolidar as duas cidades, como maiores referências, sem deixar de criar condições para os municípios menores e que também têm importância. Fala de coisas concretas, como a criação do campus de Medicina em Itabuna. Por quê não se estender o campus de Agronomia para Uruçuca, campus de Veterinária para Ipiaú, campus de Turismo para Itacaré, etc., e falo em educação e formulação de políticas públicas, com a participação do poder público de tais municípios. Do contrário, a gente não transforma a região sul do Estado.

AR - Sua idéia é criar campus ou projetos avançados de extensão universitária?
E. A. - Hoje a Uesc tem apenas um campus. O que penso é que ela pode se tornar multicampi, onde poderia se desenvolver as faculdades atendendo as peculiaridades e vocação de cada microrregião. Com a descentralização, acredito que vai se ampliar o conhecimento científico e os reflexos no desenvolvimento.

AR - O sr. confia na caminhada a deputado estadual?
E. A. - Estou confiante pela demonstração de parte de Itabuna, do PT, o clima favorável ao partido, em nível nacional, que está crescendo e ganhando a confiança, a reação positiva das pessoas, e o sentimento que carrego comigo de ser um deputado, não por interesse pessoal, mas para lutar pelos excluídos, representar a região onde nasci, cresci, meus filhos crescem e onde haverei de morrer deixando uma sociedade mais justa e igualitária.

 

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