No dia 11 de maio Ilhéus e Itabuna receberam a segunda visita do candidato a presidente da República
pelo PSB, Anthony Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro que começou sua bem sucedida carreira
política como prefeito de Campos (RJ) por duas vezes.
Garotinho estava acompanhado de várias lideranças de seu partido, a exemplo do deputado estadual e
líder do PSB na AL, Renato Costa, da candidata a governadora Lídice da Mata, do presidente do
partido na Bahia, Domingos Leonelli, deputados e prefeitos baianos.
O encontro com as lideranças regionais aconteceu no almoço oferecido a Garotinho pelo médico Edson
Dantas, secretário de Saúde de Itabuna, em sua residência no bairro São Judas, onde também aconteceu
uma coletiva para a imprensa local.
Antes disso o presidenciável esteve no Hotel Transamérica, onde foi o único candidato a atender ao
convite feito pelos maiores empresários do país para expor seu programa de governo. Lula não foi
nem deu explicações; Ciro Gomes ficou de ir mas faltou; Serra enviou como representante José
Aníbal.
A agenda de Garotinho incluiu ainda visitas à Igreja Batista Teosópolis e ao bispo católico Dom
Ceslau Stanula, seguidas de uma visita à rádio Morena FM 98.7, onde Garotinho concedeu uma longa
entrevista ao presidente da emissora, Marcel Leal.
Os assuntos tratados na entrevista da Morena FM e no Transamérica estão resumidos abaixo.
1. Solução para a seca do nordeste.
Garotinho tem em mãos um estudo da Petrobrás, feito em 82, que mostra que o subsolo do Nordeste tem
a maior reserva de água do planeta. Sua intenção é determinar que a Petrobrás use a mesma tecnologia
de perfuração de solo para petróleo com outro objetivo: extrair água para irrigar todo o nordeste. O
candidato explicou que isto não foi feito até hoje, basicamente, por três motivos. O primeiro é
econômico - um barril de petróleo vale cerca de US$29 e um de água não tem valor para a empresa. O
segundo é o lobby da indústria e agroindústria do sul e sudeste, que teme uma concorrência do
Nordeste. O terceiro é a máfia da seca, um grupo de políticos que vive dela e depende desta situação
para manter seu poder.
2. Reforma tributária
Garotinho propõe que os 52 impostos existentes no Brasil sejam reduzidos para 7 ou 8. Sua idéia é
acabar com os que incidem, em cascata, sobre os produtos e serviços; agregar os que têm finalidade
semelhante; extinguir os injustos, entre os quais a CPMF. "O Brasil é o único país do mundo onde
você paga imposto para pagar uma conta com cheque."
3. Geração de empregos
A aposta do candidato é uma maior presença do governo no setor produtivo, inclusive através de
subsídios ao agronegócio. "Eu fiz o projeto Frutificar, financiando os produtores com juros de
2% ao ano em uma área de 5 mil hectares numa região do estado do Rio que tinha um alto
desemprego. Em pouco tempo esta área se tornou uma produtora de frutas (maracujá, manga e abacaxi),
gerando 20 mil empregos e atraindo quatro indústrias, duas das quais exportadoras." Garotinho afirma
que a agricultura é subsidiada em todos os países e que no Brasil também deve sê-lo.
4. Indústria e exportação
"Não podemos ficar exportando matéria prima e importando produtos derivados dela," afirmou, "temos
que pegar o cacau e o granito, por exemplo, beneficiá-los e exportar o produto acabado." Para o
candidato, muitos produtos feitos no exterior com nossa matéria prima poderiam ser feitos no Brasil
e depois exportados.
5. Salário mínimo decente
Garotinho deixou o governo do RJ com um salário mínimo de R$280 para a iniciativa privada e de R$400
para funcionários do governo. Ele quer definir um salário-mínimo nacional de R$280 para maio de 2003
e de R$400 para maio de 2004. Perguntado sobre a incidência deste salário sobre a previdência
social, Garotinho foi enfático em dizer que esta é uma desculpa esfarrapada para não pagar um mínimo
melhor. "Uma minoria produtiva sustenta a previdência. Se esta minoria tiver um salário melhor, sua
contribuição também será bem maior, compensando o gasto dos inativos."
6. Crescimento econômico
Para o candidato é preciso ter juros menores, mais crédito ao consumidor e um melhor salário mínimo
para que a economia cresça. "Os juros menores e o crédito mais fácil geram vendas, que geram
empregos, que geram crescimento." Segundo o ex-governador também é preciso investir em educação e
tecnologia para que o Brasil não fique para trás, em especial na área de informática e internet.
7. O futuro do cacau e da região
Garotinho assumiu o compromisso de investir em pesquisas e subsídios para que a lavoura possa
erradicar a vassoura-de-bruxa. Além disso, ele propõe investimentos para que tanto o cacau como
outras matérias primas regionais sejam beneficiados aqui e exportados já como produto
acabado.
6. Governo para o social
"FHC foi o Papai Noel dos banqueiros," gosta de repetir Garotinho, para quem o governo precisa se
voltar mais para a área social, como foi feito em sua gestão no Rio de Janeiro. Citando como
exemplos o restaurante a R$1 e a pensão de R$1, Garotinho explicou que as ações simples e diretas
obtém efeitos imediatos e permanentes na vida das pessoas mais carentes. "Um trabalhador que não
tinha dinheiro para ir almoçar em casa nem na rua, hoje tem o Restaurante Popular Betinho, onde pode
se alimentar com qualidade pagando apenas R$1," afirma, "quero espalhar uma rede nacional destes
restaurantes e da pensão."
7. Segurança
Garotinho tem como proposta na área de segurança acabar com a obrigação de cada estado ter duas
polícias. "Terá duas o estado que achar necessário." Ele pretende ampliar os quadros da Policia
Federal, fazendo com que ela atue em conjunto com as estaduais na área de inteligência. Outro ponto
importante para ele é a criação de um cadastro nacional de condenados e de presídios federais.
"Também temos que criar uma Polícia de Fronteira, pois é pelos portos, aeroportos e fronteiras que
entram 90% das armas usadas pelos bandidos."
8. As críticas do PT
Perguntado sobre as críticas feitas pelo PT do RJ à sua administração, Garotinho foi direto: "saneei
as contas do Rio, implantei dezenas de programas sociais, recuperei a indústria e deixei mais de R$1
bilhão em caixa para o PT administrar. A governadora deve criticar menos e trabalhar."
Depois da entrevista concedida à rádio Morena FM, feita ao vivo, com gravação simultânea para uso no
Jornal das Sete de segunda e terça-feiras (18:45h), Garotinho recebeu de Marcel Leal CDs da Jupará
Records com artistas do sul da Bahia e seguiu para o show Gospel realizado no bairro Góes Calmon.