Opinião
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3.Maio.2014
Adélia Pinheiro, reitora da Uesc
“O principal desafio é ter cursos entre os melhores”
do Brasil, alcançar a excelência como universidade, afirma a reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz, Adélia Pinheiro, que para muitos devolveu a dignidade e a respeitabilidade que o cargo tinha perdido nos anos anteriores.
Adélia chegou à reitoria depois de ter feito um trabalho muito elogiado em várias instâncias da universidade, inclusive a vice-reitoria. Graduada em Medicina pela Ufba, doutora em Saúde Pública pela USP, ela ensina na Uesc desde 1990.
A reitora da Uesc conversou com o jornalista Marcel Leal no programa Mesa Pra 2, da rádio Morena FM 98.7 (quartas, 15h). Adélia falou dos projetos, das dificuldades e do desafio de comandar uma instituição pública que atende dois milhões de pessoas em 73 municípios. Confira.
ML – A chegada da Ufesba ajuda ou atrapalha a Uesc?
AP – Completa. É uma enorme responsabilidade cuidar de toda esta região. Por mais que fosse enfrentada pela Uesc, não conseguiria dar conta. A Uesc tem 1.600 vagas de ingresso anual e a gente sabe que com a demanda da população sob nossa responsabilidade teria uma demanda três vezes maior do que isso.
Quantos alunos a Uesc têm hoje estudando?
Temos cerca de 9 mil, sendo 8 mil alunos de graduação e mil de pós-graduação. A Bahia conta com apenas 7% dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior, a Bahia inteira, e em nossa região não é diferente. O Plano Nacional de Educação estabelece uma meta para os próximos anos de 30%, que ainda é uma meta tímida, mas um desafio enorme.
E no sul da Bahia só existia a Uesc, pública...
Ficamos na Bahia toda, até há pouco tempo, apenas com uma única universidade federal na capital e todo o interior atendido por quatro estaduais. Era uma enorme responsabilidade.
Por mais que as universidades estaduais crescessem, a população ainda ficava desassistida. Os institutos federais, o IFBA, os IFBaianos e mais a Federal do Sul da Bahia se juntam à Uesc para que possamos atuar.
Já existe alguma parceria com a Ufesba?
Sim, desde o inicio, quando o Ministério da Educação se colocou favorável à implantação da universidade federal em nossa região, o Conselho Superior da Uesc fez a discussão e encaminhou solicitação para que a Uesc tivesse assento e participação na Comissão de Implantação.
O MEC participou à Ufba, que é a tutora, e desde o inicio fizemos parte da implantação, com grande satisfação, e assumindo a responsabilidade que temos de protagonizar a educação superior.
Como será essa parceria?
Temos os laboratórios, tem uma parte inicial de colaboração. Por exemplo, a Ufba está solicitando a cessão de salas para realizar concursos públicos. Fazemos parte de um grupo que discute a instalação de um Parque Tecnológico na área de Ceplac, com a participação das duas univesidadedse e da própria Ceplac.
Temos certeza de que, no processo de instalação da Ufesba, faremos as discussões e reflexões a respeito da implantação daquele modelo, seja o que a Uesc utiliza, vamos intercambiar, um qualificar o outro.
A participação de professores, em colaboração de desenvolvimento de pesquisa e projeto de extensão que venham a dar respostas às necessidades da população.
A implantação da Federal no Sul da Bahia gera e traz a expectativa de colaboração permanente, voltada para a produção do conhecimento e para as respostas a problemas que nossa comunidade tem.
Quais os principais desafios para os próximos anos?
O principal desafio é alcançar excelência enquanto universidade. É ter cursos de pós graduação que figurem entre os principais e melhores no Brasil e tenham referência para transformar isso em resultado permanente, sólido e contínuo.
Que os cursos de pós graduação possam crescer e manter resultado de avaliação consistente e crescente; que tenhamos pesquisa com publicação cientifica de referência internacional. É o desafio, é a nossa proposta.
Você acredita que é possível fechar o grupo de professores todo com doutorado?
Não. Esse é um processo de longo prazo. No momento estamos em discussão com pelo menos um mestrado em cada área do conhecimento, oportunizando ao jovem que conclua a graduação e queira concluir os estudos em pós graduação na região.
O fato de existir muitas universidades particulares atrapalha a captação de professores?
As faculdades privadas não fazem disputa de professores. Elas fazem com frequência complementação de professores.
Mas existe menos professor para captar no mercado?
É o contrario. As universidades formam e atraem professores, que usam parte de seu tempo de trabalho para atuar nas universidades privadas. São carreiras diferentes.
Então foi bom para a Uesc a chegada de faculdades privadas?
Se a gente considerar que as universidades têm responsabilidade com a população, disputa e defende isso, quando defendemos que o jovem tenha oportunidade de estar no ensino superior, que o estado ampare as instituições públicas, se o estado brasileiro ainda não é capaz de fazer a implantação da educação superior universal, para todos os jovens no sistema público - e estamos no sistema capitalista, o sistema privado deve complementar o sistema público. Instituições universitárias habitualmente se voltam para a formação integral.
Hoje temos um ensino público superior bem melhor do que o médio e o fundamental em qualidade de ensino? Ainda existem leigos dando aula no fundamental?
Sim, tem muitos. A sociedade tem que se qualificar para dar qualidade. É responsabilidade dos pais também. Como a universidade atua para isso? Formando pessoas.
A Uesc, por exemplo, tem 11 cursos de graduação de formação para professores, e tem cursos especiais para colaborar com politicas federais para formação de professores leigos, que estão na rede pública e não tem formação para isso.
Hoje temos de cerca de mil professores-alunos da educação básica. Já formamos turmas com retorno muito positivo desses professores. Então é parte da responsabilidade que uma universidade pública tem contribuir com a educação básica.
Estamos trabalhando para isso. Existem politicas federais e estaduais que se voltam para dar maior qualidade à educação básica publica. Quando a gente compara os resultados, as universidades públicas alcançam as melhores qualificações e as privadas vêm em seguida.
O contrário se dá na educação básica. É uma inversão que precisamos fazer.
Você foi aluna do professor Naomar Monteiro. Ele foi um bom professor? Fale a verdade...
(Risos) Foi um excelente professor na pós graduação, um pesquisador de referência. Tive a oportunidade de tê-lo como professor e vivenciar do conhecimento e experiência diferenciados que Naomar tem. Assim como foi uma satisfação estar aqui na Morena FM. Coloco-me à disposição para estar sempre aqui e a Universidade à disposição da nossa comunidade.
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