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15 de Outubro de 2005

Capitão Fabio, deputado estadual

"O prefeito já disse: é contra a candidatura do filho"
- afirma Capitão Fábio, "e nos apóia", acrescenta, confiando num acordo firmado no ano passado com Fernando Oliveira. O deputado assegura que o prefeito até aconselhou o filho a retirar a candidatura e cuidar apenas do interesse da família.
       Ele faz uma avaliação positiva do governo Paulo Souto e diz que o ingresso do ex-prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy, no PSDB está longe de representar uma ameaça ao grupo carlista.
       Capitão Fábio ainda avalia o seu mandato nesses mais de três anos e contesta a afirmativa de que só foi eleito por causa da boa votação obtida pelo então candidato a deputado estadual e hoje prefeito de Salvador, João Henrique.

A Região - O senhor fez um acordo com o prefeito de Itabuna, mas parece que ele não vai honrar o acordo, já que o filho dele é candidato.
       O prefeito já declarou publicamente que nos apóia, confirmando o que já estava acordado na nas últimas eleições municipais. O próprio Fernando já disse que é contra a candidatura e até o aconselhou a continuar cuidando apenas dos interesses da família. Mas independente disso, estou tranqüilo porque em Itabuna e na região o nosso nome já está apontado como um dos preferidos.

AR - Como ficou a situação do PRT depois do troca-troca nos partidos?
       Pelo quadro de hoje, o PRT sozinho tem condições de eleger três deputados. Mas nosso pensamento é realizar coligações com outros partidos pequenos, com quadro parecido com o nosso. Na eleição passada tivemos a surpresa da votação de João Henrique, quando ele teve mais de 180 mil votos e possibilitou que se abrissem mais três vagas fora a dele, mas duas já eram certas, a minha e a de Pedro Egídio.

AR - Qual o balanço o senhor faz destes três anos. Sai a estadual ou federal?
       Federal seria muito prematuro, pois ainda não me sinto preparado. A Câmara Federal é um projeto para futuro. Quanto ao balaço, acredito ser bastante positivo, pois já trouxemos para Itabuna e região alguns projetos, como o do Colégio da Polícia Militar, que foi muito bem aceito pela comunidade. Estamos trabalhando para implantar uma unidade também em Ilhéus. O governador gostou muito do processo de interiorização do Colégio Militar porque essa unidade de ensino é diferenciada de qualquer outra.

AR - Porque trabalha mais os valores?
       Porque a administração é da Polícia Militar e os alunos são submetidos a uma formação que não é mais realizada nos estabelecimentos de ensino público normal. O CPMI tem disciplina, hierarquia, valores esquecidos como moral e civismo. Os alunos ficam em forma, cantam o hino nacional, ingressam na sala com ordem. Quando o professor entra, é recebido com respeito.

AR - Que outro projeto o senhor acredita ter sido importante?
       A descentralização do policiamento rodoviário estadual, executada logo que fui eleito. Consegui convencer o governador, assim como o comando geral da PM, a descentralizar, uma vez que só tínhamos uma unidade especializada e a sede fica em Salvador. Hoje temos a 1ª Companhia Independente de Policiamento Rodoviário Estadual, com sede em Itabuna, que atende ao Sul e Extremo Sul.

AR - Mas houve aumento de efetivo?
       Sim. Eram pouco mais de 90 homens, hoje são quase 300, além de um maior número de viaturas e armamentos. Isto é muito importante para a região porque atende à fiscalização de trânsito e também é um meio de abordagem a possíveis bandidos que venham a ingressar nela. Houve uma redução muito grande no quadro estatístico de violência no Sul e Extremo Sul.

AR - Voltando à política. O senhor acha que Paulo Souto ainda é o favorito?
       Acredito que Paulo Souto seja um dos grandes expoentes da política baiana. Hoje ele tem o apoio do grupo do senador Antônio Carlos Magalhães, no entanto ainda não tem nada definido. Ainda será decidido se ele sai de novo ou será apresentado outro nome.

AR - O senhor acredita que a esquerda ainda tem chances?
       No que se refere ao PT, acredito que não só na Bahia mas também no Brasil o partido se desmoronou. Pelo que o PT é hoje, não acredito que tenha nome para disputar com uma figura como Paulo Souto ou outra do nosso grupo. Tem o Imbassahy, que está no PSDB mas pode ser que nem saia candidato ou saia para deputado federal.

AR - Qual o balanço que o senho faz do governo Paulo Souto?
       Avalio como muito bom. Ele tem a confiança do povo e isso é muito importante porque prova que Souto governa com austeridade e com competência. Ele é tido como um dos melhores governadores do Brasil.

AR - O senhor além é político, militar e cidadão. Como o senhor vê a proibição de venda de armas de fogo e munição?
       Como político não deveria nem responder, mas como cidadão eu seria contra a proibição, pois há muitos pontos negativos. É uma ilusão acreditar que proibindo a venda de armas e munições vai coibir o mercado. Está evidente que o crime organizado não utiliza o revólver 38, ele usa o fuzil AR-15, metralhadoras israelenses, pistolas 9 milímetro. São armas do mercado negro. O estatuto do desarmamento já é bastante rigoroso e controla essa vendagem de armas de fogo.

AR - E como presidente da Comissão Especial do Cacau, o senhor sabe como ficará a situação das dívidas dos produtores, já que o prazo está acabando?
       Por causa dessa confusão em Brasília muitos projetos ligados à agricultura ficaram atrasados. Há iniciativas de alguns setores da agricultura de negociar, não só a dívida do cacau, mas de toda a cadeia produtiva. Mas isto é sempre vedado pelo presidente Lula.

AR - E o erro nas duas primeiras etapas do programa de recuperação?
       O erro foi assumido pelo próprio governo, através da Ceplac em documentos, de que os dados da 1ª e 2ª etapa não estavam corretos e que isso poderia justificar a má utilização dos recursos. Além disso, houve falta de compromisso do governo anterior. O ex-presidente Fernando Henrique prometeu mais de R$ 400 milhões para o programa de recuperação. Esse dinheiro nunca apareceu.

AR - Além das dívidas, o produtor enfrenta o baixo preço.
       É verdade. Isso ocorre porque o preço não é controlado pelo mercado brasileiro. Mas esse ponto não será resolvido nem mesmo o país vindo a se tornar um grande produtor mundial. O Brasil não tem como controlar o preço internacional.

AR - Existe algum projeto seu para a recuperação da lavoura?
       Idealizamos a construção de 17 viveiros de cacau em diferentes cidades, com o Instituto da Biofábrica à frente. Eles vão facilitar o acesso dos cacauicultores aos clones e essências florestais, com o governo do estado garantindo o deslocamento e o acesso a esses materiais.

 

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