Opinião
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TheBigDoor.com
20 de Setembro de 2003
"O ex-prefeito não fez uma única obra com recursos do município"
afirma o deputado estadual e pré-candidato do Partido Republicano Progressista (PRP), Fábio Santana, o Capitão Fábio, eleito com 21.431 votos, 9.386 em Itabuna, que aposta no alto índice de rejeição dos seus concorrentes. Capitão Fábio confirma que a sua candidatura é para valer.
Tendo iniciado sua carreira militar em 1984 como cadete da Polícia Militar da Bahia e promovido por diversas vezes, ele chegou a capitão em 1996. Capitão Fábio também é o fundador do 4º Grupamento do Copo de Bombeiros de Itabuna.
Na entrevista ele critica os erros administrativos tanto do atual quanto do ex-prefeito, e afirma que, além do PRP, PT do B e PSC, espera uma aliança com outros partidos para vencer a eleição do ano que vem.
A Região - Como o senhor avalia sua pré-candidatura e a de seus concorrentes?
Capitão Fábio - A população está querendo mudanças e procura um candidato que represente essa renovação. Eu estou entre os candidatos com esse perfil. Durante a convenção dos partidos, que futuramente farão parte de uma coligação vitoriosa, percebi que a comunidade não suporta mais os administradores dos últimos anos. Isso pode ser constatado pelo alto índice de rejeição do atual e do ex-prefeito.
AR - O senhor sabe que mesmo assim seus concorrentes serão difíceis de ser vencidos...
CF - Sim, não podemos subestimá-los. Mas Itabuna é reconhecida como uma comunidade reacionária no bom sentido, ou seja, quando a população quer mudança, realiza. O que tem acontecido nas gestões do prefeito e do ex-prefeito é que a administração tem ficado muito a desejar. A população de Itabuna vive apenas de promessas. Durante a administração anterior ainda foram realizadas algumas obras pelo governo do estado. O ex-prefeito não realizou uma única obra com recursos do município. Já o atual vive prometendo que o governo federal vai investir em Itabuna.
AR - Quais as principais deficiências do município para o senhor?
CF - O prefeito está se preocupando muito com o centro e esquecendo dos bairros. Sei que é importante cuidar bem do centro, mas não esquecendo da periferia da cidade, onde moram as pessoas mais necessitadas. Por exemplo, continua faltando água nos bairros e praticamente não existe pavimentação. Espero até que o prefeito reaja, perceba essa situação e venha a realizar as obras que a comunidade está reivindicando.
AR - O senhor é mesmo candidato do governo do estado a prefeito de Itabuna?
CF - Hoje sou deputado estadual e faço parte da base de sustentação do governo do estado, uma situação bem diferente de 2000, quando eu não tinha mandato e o ex-prefeito Fernando Gomes estava no poder. Ele era o dono da bola, inclusive reunimos forças em apoio a sua candidatura na época. Não tenho culpa dele ter sido derrotado pelo atual prefeito (Geraldo Simões). Lembro também que ele assumiu um compromisso com o meu grupo de nos apoiar para deputado estadual nas eleições de 2002 e não honrou. Mas isso é fato passado, não vem ao caso.
AR - Sua candidatura tem mesmo o apoio do estado?
CF - Não quero colocar o ex-prefeito no escanteio, acho até que ele tem que participar do processo pelo que fez no seu primeiro mandato. Mas acho que ele deve deixar espaço para alguém que venha com novas idéias e um novo programa de governo. Nesse sentido estamos nos posicionando.
AR - Então seriam dois candidatos apoiados pelo governo do estado. O senhor acredita que boa parcela do PFL votaria no Capitão Fábio?
CF - Claro, uma prova disso foi a presença do prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro (PFL), na nossa convenção. Além de Jabes, temos o apoio de Paulo Magalhães, Heraldo Rocha, enfim todos os deputados da base do governo. Inclusive eles prometeram que virão à Itabuna fazer campanha para o Capitão Fábio.
AR - Mas o senhor já conversou com o governador e com o senador ACM?
CF - Recentemente estive com o senador no escritório dele em Salvador e passei um resumo dos nossos trabalhos em Itabuna. Ele gostou muito e nos estimulou. Essa é uma demonstração de que estou muito bem lembrado pelo eleitorado de Itabuna. Creio eu que de maneira nenhuma haverá imposição nem minha nem do ex-prefeito para ser candidato exclusivo do governo. Se houver algum entendimento, será ele desistindo para nos apoiar.
AR - O senhor está dizendo que poderá aceitar o apoio do ex-prefeito, mesmo ele tendo um índice de rejeição alarmante?
CF - Política hoje é soma. Aquele que disser que não aceita apoio de determinadas lideranças não é político. Se eu pudesse teria o apoio até do atual prefeito Geraldo Simões. Os dois são grandes lideranças que contribuíram com a cidade. Estamos no momento em que as pessoas querem mudanças e eu estou na mesma onda. É bom que se diga que não é a vermelha.
AR - Então o senhor está afirmando que de maneira nenhuma apoiará o ex-prefeito.
CF - Não apoiarei em momento nem hipótese alguma. Não por uma questão pessoal, mas por um momento histórico, em que a população de Itabuna pede mudanças. Se me posicionasse dessa maneira estaria indo de encontro à vontade do povo. Não sou louco, sou um deputado que quer seguir a carreira política e não vou cometer nenhum ato de loucura por ninguém.
AR - Como o senhor, que é ligado a área de segurança, vê o aumento da violência?
CF - Entre os projetos que incluirei no programa de governo, a segurança terá prioridade. Como técnico da área podemos afirmar que Itabuna será um exemplo no estado. Pretendemos fazer com que as polícias militar, civil e a guarda municipal autuem em conjunto para garantir a segurança na nossa cidade. Hoje enfrentamos algumas dificuldades na área de segurança que podem ser resolvidas com medidas simples.
AR - Entre essas dificuldades o senhor inclui a falta de condições da cadeia pública, que hoje é um depósito de presos?
CF - Não, pois esse problema deverá ser sanado dentro de mais alguns meses. O governador já autorizou a licitação da obra de construção do presídio de Itabuna. Não posso afirmar o dia em que ele começa a ser construído, mas acredito que ainda neste ano haverá alguma sinalização neste sentido. Será um presídio moderno, que acabará com as constantes fugas da cadeia pública de Itabuna.
AR - Mas essa conversa é antiga.
CF - O projeto realmente estava engavetado há muitos anos. Mas agora vai sair, pois conversei com o secretário estadual de segurança e ele assegurou que os recursos já estão disponíveis. Não saiu antes porque faltava uma ação política. São nesses momentos que percebemos a necessidade de se ter mais representantes da região na Assembléia Legislativa.
AR - O senhor sabe que só o presídio não resolve a questão da violência. Existe uma série de fatores, como falta de combustível...
CF - Não há falta de combustíveis. Inclusive já conversei sobre isso com o secretário de segurança e ele me garantiu que entregaria o cargo se isso estivesse acontecendo. O que ocorre é a necessidade de renovação da frota, o que está sendo providenciado pelo comando-geral da PM. Um estudo para verificar qual o veículo ideal para a PM vem sendo feito. Sabemos que as viaturas existentes estão deficientes, mas isso será corrigido.
AR - As blitzen estão suspensas em Itabuna, o que ajuda agravar o problema da segurança na cidade. Com vê essa suspensão?
CF - As blitzen são necessárias e têm que ser feitas. Eu não creio que elas estejam suspensas, tudo indica que está faltando comunicação entre os organismos para que as operações retornem.
AR - Voltado à candidatura. Comenta-se que o senhor consegue votos por causa dos adesivos (salvo-condutos) para o motorista não ser parado em blitzen...
CF - O que tem de verdade é que as pessoas que colocam o adesivo no carro estão declarando que são eleitores do Capitão Fábio. Esse negócio de que os adesivos funcionam como autorização para passar nos postos (das polícias) não existe. Posso até levantar o número de veículos que foram autuados com nossos adesivos, o que mostrou total imparcialidade dos organismos de trânsito.
AR - Para que fique bem claro e o senhor possa ser cobrado depois: se ACM mandar que desista de sua candidatura, o senhor desiste?
CF - Não. Vou garantir de novo que sou candidato de qualquer jeito, porque sou candidato do meu partido e seria desmoralizado se desistisse da candidatura.
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