13 de Novembro de 2004
Edmundo Dourado, diretor do Colegio Sistema
"Lei do calote virou rotina nas escolas particulares"
afirma o professor Edmundo Dourado, diretor do Colégio Sistema, que ensina há 42 anos, tendo passado por quase todas as escolas particulares e a extinta Fespi, além de fundar os colégios Galileu, Gama e Sistema e ser vereador três vezes e presidente da Câmara.
Formado em Filosofia, esse sergipano "naturalizado" itabunense tem uma verdadeira consideração pelos grandes educadores de Itabuna, como Plínio de Almeida, Lindaura Brandão João Harbage, Rita Fontes e Nestor Passos.
A imprensa também é vista com respeito e carinho pelo professor. A biblioteca da escola leva o nome de Pedro Ivo Barcelar, um dos veteranos do jornalismo no estado. "Foi Pedro Ivo quem me ensinou a conhecer a imprensa por dentro".
A Região - Qual é a lei que o senhor diz que o Governo Federal impõe às escolas?
É uma lei maluca, chamada de "Lei do Calote" que, sem nenhum exagero, diz que o aluno que não paga tem que ser mantido na escola, recebendo toda a formação, porque não pode ser constrangido. A obrigação da educação não é da escola particular e sim do governo. Ótimo seria que a escola pública pudesse oferecer uma educação de qualidade para todos. Mas o governo descobriu que não pode fazer isso sozinho, então concede à escola particular essa parceria. Só que uma escola particular tem de pagar impostos, professores e para isso cobramos a mensalidade do pai do aluno. Como vou pagar as obrigações financeiras se o pai do aluno, que é a receita, não vem aqui?
AR - O índice de inadimplência é grande?
Temos um número considerável, mas outras escolas têm índices maiores. Mas temos alunos que não pagam desde fevereiro. Pai de aluno faz a matrícula e não aparece mais. Eu não posso cobrar do aluno, não posso tirar sua prova nem falar que o pai dele está devendo. Nenhum aluno aqui sabe que o pai deve. Eu acredito que, quando não se paga, quem está constrangendo o aluno é o pai, um irresponsável que coloca o aluno na escola sem pagar. Quando ele descobre é porque viu em casa uma carta que enviamos para o pai.
AR - O que deveria ser feito para evitar essa situação?
Acredito que a justiça deveria processar esse pai porque é ele quem está criando restrições para o filho. Eu queria entender esse tipo de lei em que o próprio governo incentiva o pai a ser caloteiro. Mas não dá para entender. O que entendo é que existem pais que não têm condições de pagar em dia, mas pelo menos vão até a escola se justificar e pagam como podem. Mas tem outros que não gostam mesmo de pagar e eu conheço a cara desses, mesmo sem aparecer na escola.
AR - A escola tem um método de ensino muito elogiado. Por que?
A educação no colégio moderno deve ser direcionada em primeiro lugar para formar o jovem, depois para o conhecimento. Não adianta encher a cabeça do jovem de conhecimento, tecnologia e ciência se não se prepara o jovem para receber essas informações. Nos colocamos à disposição da família para ajudar na formação do aluno. Isso é uma prioridade nossa, nesta idade que parece um visgo, onde tudo pega e depois se reproduz na vida adulta. Dividimos os três anos do ensino médio em partes. No primeiro, a formação é mais intensiva. No segundo, equilibramos com a formação e a informação.
AR - E no terceiro?
Por último já cedemos com a formação dos dois primeiros anos e intensificamos a informação para levá-lo à universidade. Essa bi-dimensão de procedimento educacional é que faz a escola moderna e a leva a ser uma parceira da família, se preocupando em ajudar a educar o jovem. Sabemos que os pais hoje trabalham fora e não têm tanto tempo em educar os jovens sozinhos.
AR - O colégio está completando cinco anos de atividades. O que comemora?
Posso dizer que o sucesso que obtemos é um sucesso sem arroubos. Ainda não é o que temos pensado para a escola, mas temos sido agraciados porque é um projeto para 10 anos e realizamos em cinco. O projeto envolve quantidade de alunos, aperfeiçoamento educacional e projeto pedagógico. Mas posso assegurar que o sucesso está na equipe, que é a mesma de quando começamos. Cada um se localiza nesse projeto e isso faz com que todos vistam a camisa, desde o porteiro até a direção. Minha única participação nesse sucesso é deixar a equipe funcionar. A figura do patrão e do empregado acabou no mundo de hoje, o que existe é parceria.
AR - Como a parceria com outras escolas funciona para o ensino em Itabuna?
Não trabalhamos com o ensino fundamental, mas temos muitas escolas preparadas para isso. A Pio XII, Curumim, Carrossel, Colégio Batista, Senhora Santana e tantas outras trazem a sabedoria do ensino fundamental para o nível médio. Por exemplo, a Pio XII prepara o aluno até 8ª série e envia para o Sistema. Aqui damos continuidade ao projeto de ensino. Coaraci, Buerarema, Ubaitaba, Itajuípe também têm escolas que a gente acompanha de perto, até para saber como continuar o trabalho no nível médio. Esse é um dos fatores para o sucesso nesses cinco anos. Sem essa parceria forte, eu não teria a qualidade de alunos que chegam aqui nem o ensino de boa qualidade que damos.
AR - Quais são as novidades do Sistema para este ano?
Temos uma biblioteca virtual com internet à disposição do aluno, em paralelo com uma outra tradicional, e orientamos a pesquisa que eles fazem. Para o próximo ano estamos avançando na tecnologia porque vamos colocar a escola online. O que acontecer com o aluno durante o dia será lançado ao computador e o pai terá acesso, mediante um código, para ele saber tudo o que se passa na vida de seu filho dentro da escola, seja um teste ou um problema que surja dentro do colégio.
AR - E a programação para o aniversário de cinco anos. Como será?
Quando a gente abre o jornal, encontra uma série de notícias sobre corrupção, assassinatos e outras tantas negativas, e poucos espaços para os grandes homens que promoveram a sociedade. Por isso vamos homenagear três personalidades que têm contribuído para o desenvolvimento sócio, econômico e cultural da nossa região. Neste ano vamos homenagear o professor Selem Rachid Asmar, diretor da FTC, o empresário Helenilson Chaves e o médico Jaime Nascimento, diretor do Hospital Manoel Novais. As homenagens também serão extensivas a alunos, pais e educadores. Vamos selecionar os 10 alunos que mais se destacaram durante o ano, o que mais se preocupou ou brigou pela escola, o que mais vestiu a camisa, o que tirou a melhor nota e o pai que mais participou do dia a dia da escola. A nossa festa está programada para o próximo dia 18, a partir das 20 horas, na quadra da própria escola. E no dia 20 teremos a formatura do 3º ano, com festa no Grapiúna Tênis Clube.