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31 de março de 2007

Edmon Lucas, Sec. Integracao Regional da Bahia

"A saúde está em decadência em Itabuna"
- afirma o secretário Estadual de Integração Regional, Edmon Lucas. Ele lembra que o município já foi uma grande referência na prestação desse serviço. "Eu garanto que a cidade vai voltar a ter uma saúde de qualidade porque o Governo do Estado não está só preocupado com esta questão, mas empenhado nos inúmeros problemas enfrentados pela sociedade".
      Numa entrevista descontraída, o secretário conversou sobre a região e afirmou que o Estado tem projetos para a revitalização do Sul da Bahia, não só na saúde, mas na educação, agricultura, geração de emprego e renda.

A Região - O senhor assumiu uma nova secretaria. Qual a principal função dela?
       Ela tem como missão coordenar as ações do Governo Estadual através de outras secretarias, no sentido de que elas possam, em cada região, diminuir as diferenças sociais e econômicas. O governo pretende fazer um trabalho conjunto para que no menor espaço de tempo possível possamos dar às pessoas mais dignidade e cidadania.

AR - A secretaria absorveu a Companhia de Desenvolvimento Regional (CAR) que era da Seplan. O que muda?
       A CAR trabalha com a parte rural dos municípios e vai continuar tendo essa função, é o braço executivo da Sedir. Mas o governo vai fazer tudo convergir. Exemplo: a CAR perfura poços, a Embasa, a Funasa, o Denocs também. Então estamos discutindo a nível de estado e federal que esta seja uma ação coordenada por uma só secretaria, a do Meio Ambiente.

AR - Facilitaria o trabalho?
       Sim, a Secretaria do Meio Ambiente gerenciará todas as ações que sejam de perfuração de poços para que não ocorra o aconteceu no passado, quando empresas não conversavam entre si e, na mesma região, produziam as mesmas ações.

AR - Que história é essa da Petrobras, que não achou petróleo mas achou água?
       Quando a Petrobras perfurava em outras regiões, não nas regiões costeiras, eles faziam perfurações mais profundas do que essas para buscar água. Mas não dava petróleo e sim água abundante, com poços de até 150 mil litros. Como eles não buscavam água, esses poços estão fechados, mas a Petrobras, com a ação do governo, vai atender e tirar água com uma ação ordenada de seu uso, senão vai jorrar água para nada. Quer dizer, ia ter um oásis em torno daquele poço mas sem nenhuma finalidade naquela região.

AR - Sua secretaria tem ligação com a transposição do Rio São Francisco. É projeto polêmico mas ainda não foi bem explicado. Como o encara?
       Essa transposição do São Francisco precisa ser mais explicada pelo governo e vamos ter essa oportunidade porque o novo titular da Integração Nacional é o baiano, Geddel Vieira Lima. A transposição que o governo preconiza é a retirada de água de 26 mil metros cúbicos por segundo numa área depois da barragem de Sobradinho. Essa água sai com destino ao mar e com a transposição ela vai com destino para uso humano e animal. O São Francisco tem capacidade de 380 mil m3 por segundo. Cerca de 80 mil já estão sendo utilizados no sistema de irrigação.

AR - E o processo de revitalização?
       Já está havendo investimento. No governo passado de Lula foram gastos R$ 160 milhões com a recuperação do rio. Neste mandato já tem recursos alocados de um bilhão e 200 milhões de reais para a recuperação do São Francisco, que inclui a plantação de matas ciliares, a transformação em um rio navegável para o transporte dos grãos do oeste da Bahia.

AR - Mas pelo se divulga fica parecendo que a transposição será de qualquer jeito...
       O governo está preocupado com a recuperação do São Francisco e isso precisa ser bem mais explicado. Até eu mesmo achava que antes de fazer essa transposição já devia fazer uma ligação com o rio Tocantins para ter volume maior de água, mas precisa que a calha do São Francisco seja mais aprofundada e tenha uma lâmina de água maior para não ter enchentes.

AR - Parece que tem municípios com enchente e seca simultaneamente...
       É, inclusive o governo está com dois decretos, um de calamidade por cheia e outro para seca no mesmo município. Os estudos do Instituto de Meteorologia do Brasil mostram que vamos ter, até 2010, muita chuva nas cabeceiras do São Francisco. Então a água do rio vai ter que vazar para algum lugar. Eles acreditam que a barragem do Sobradinho vai continuar vertendo no máximo possível.

AR - E quanto à nossa região cacaueira, quais são os planos imediatos?
       Para o sul da Bahia temos muitas prioridades concretas, primeiro em relação ao débito dos cacauicultores. Precisamos tirar a preocupação daqueles que devem sem culpa, em função da vassoura-de-bruxa. O governo também está vendo que precisa melhorar a produtividade das fazendas de cacau e deixar de ser exportadores de grãos. Temos que vender chocolate. A Ceplac aparece com uma experiência excelente, já produzindo um chocolate de qualidade.

AR - Além do chocolate, é viável, por exemplo, instalar prensas nas fazendas para exportar massa e não amêndoa?
       Tenho a impressão que essas máquinas instaladas na Ceplac vão ser recicladas. Já tem uma em Teixeira de Freitas. Vai ser através de cooperativa, para que você possa agregar valores ao cacau e ele não seja mais vendido como baga, mas sim em chocolate. À medida em que a gente possa ampliar a quantidade de arroba por hectare vamos ter um excedente paras chocolate.

AR - Existem estudos do aumento em faturamento entre baga e chocolate?
       Não precisa nem estudos, basta chegar alí no Aeroporto de Ilhéus. Um quilo de chocolate custa R$ 20, enquanto uma arroba de cacau, com 15 quilos, é vendida por R$ 50. Se vendêssemos os 15 quilos a R$ 20 teríamos R$ 300 e não R$50. Precisamos colocar o cacau na merenda escolar. Eu comentei isso com o diretor geral da Ceplac: precisamos oferecer nos gabinetes dos governos, ao invés do cafezinho, o chocolate e as barras também.

AR - O senhor falou recentemente que nosso secretários precisam se reunir mais...
       Reunião não só com os secretários, mas também com a comunidade regional. Temos que ir ao encontro dos desejos e anseios da região. Precisamos discutir as necessidades reais, não aquilo que estamos trazendo com o pensamento burocrático, mas dentro de uma realidade, de uma necessidade. Itabuna era uma cidade vista como maior prestadora de serviço de saúde, hoje estamos decadentes com relação a essa prestação de serviço. A mesma coisa é com a educação. Só que hoje temos um secretário de educação com família em Itabuna e ele vai estar lá com mais frequência. A gente pode conversar mais amiúde a respeito da educação.

AR - Por falar em emprego, o senhor tem algum plano para a diversificação?
       Não vamos fazer nada que não seja em torno da diversificação. Hoje temos instaladas na Bahia duas das maiores fábricas de pneus do mundo. Há uma tendência do crescimento de consumo de borracha e não de sintético. Então vai haver uma solicitação muito maior pela borracha natural, em torno de 5% ao ano. E podemos fazer um consorciamento entre a seringa e o cacau. Temos uma demanda mundial de biodiesel, e temos o baixo sul e os tabuleiros costeiros com potencial muito grande para o dendê.

AR - Isso pode significar o retorno de milhares de pessoas para o campo?
       Se tivermos a oportunidade de melhorar rapidamente a quantidade de produção de cacau por hectare, se atuarmos na melhoria do plantio do dendê com a seringa, só aí devem retornar ao campo em torno de 150 a 200 mil famílias que fizeram uma migração forçada por conta do cacau e veio inchar as cidades. Temos um volume muito grande de universitários na região e temos que aproveitar essa inserção cultural para dar um "upgrade" cultural, melhorando a qualidade do ensino e dando oportunidades iguais.

AR - Temos como utilizar melhor o Porto de Ilhéus, não é?
       Temos que melhorar em muito a ação do Porto. Temos que atrair para ele as 500 mil toneladas de celulose que geram recursos, temos que ampliar a saída de soja. O secretário de Agricultura Geraldo Simões está empenhado e discutindo a instalação de um porto pesqueiro naquela área. Temos que tentar fazer uma retroárea. O Porto de Ilhéu, no ano passado, que não foi muito bom, movimentou US$ 300 milhões. Podemos ampliar o leito do porto para atrair navios de maior porte. E tem a franja litorânea, com aporte de milhões de reais em complexos hoteleiros em Itacaré, Canavieiras e Una.

AR - E a rodovia Ilhéus/Itabuna?
       Há uma tendência muito grande do estado em duplicar a rodovia Ilhéus/Itabuna, até por causa da visão de ampliação da movimentação do Porto de Ilhéus. Então temos a possibilidade de atuar naquela região com bom senso e integração, não só das secretarias que estão colocadas sob o comande de pessoas da região, mas de outras. Muitas vezes a região é pobre do ponto de vista econômico, mas é muito rica do ponto de vista cultural. Vamos trabalhara com isso também.

 

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