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1 de Maio de 2004

Jairo Araújo, presidente do Sindicato dos Comerciários
"Que é isso, companheiro?"

      
       é a pergunta que deixa no ar o presidente do Sindicato dos Comerciários, Jairo Araújo, ao referir-se a algumas decepções com a política econômica do governo federal. Para Araújo, Lula realmente herdou diversos problemas da gestão FHC, mas já passou da hora de avançar com medidas de promoção ao crescimento do País.
       O sindicalista diz que o governo às vezes parece demonstrar falta de vontade política para dar essa guinada, mesmo com os índices de desemprego cada vez mais crescentes.
       Na semana em que se comemorou o Dia do Trabalho e Lula anunciou o aumento do salário mínimo para R$ 260,00, Araújo é taxativo ao avaliar que ou o governo muda, ou a situação do País "se tornará cada vez mais grave".

A Região - Juros altos, desemprego recorde e um aumento de R$ 20 para o salário mínimo. Era o cenário esperado?
       Com certeza não. Os movimentos sociais, os sindicatos, a própria CUT entendiam a necessidade de um período de transição, que se esperava ser de no máximo um ano. O governo está chegando no limite e os trabalhadores também, porque estamos muito distantes daquilo que se propagava na campanha. O País está batendo recordes de desemprego, cujos índices aumentaram nos últimos três meses, de acordo com o IBGE. Não se conseguiu romper as amarras criadas pelo governo FHC e a única área em que o atual governo ainda consegue ter êxito é a política externa, que tem colocado o Brasil com certa soberania perante a economia mundial. Mas internamente, ou o governo coloca o País no rumo do desenvolvimento econômico, ou a situação se tornará cada vez mais grave.

AR - O trabalhador já está sentindo os efeitos desta política econômica?
       Hoje, milhões de jovens não têm nenhuma perspectiva de vida. Como se tudo isso não bastasse, ainda vem essa última notícia com relação ao salário mínimo. De acordo com o Dieese, uma família com três pessoas precisaria de um salário superior a R$ 900,00 para viver com um mínimo de dignidade. E o governo continua a permitir que o Brasil seja um dos campeões em concentração de renda. Como o País vai crescer se a gente mantém um dos menores salários do mundo?

AR - Governo e movimento sindical já não falam mais a mesma língua?
       O movimento sindical ainda acredita no governo e está pronto para defendê-lo, inclusive nas dificuldades. Mas o governo precisa voltar a discutir com as bases, dialogar com os trabalhadores, os estudantes, até para ficar menos dependente de uma base legislativa sustentada através do fisiologismo.

AR - O governo alega que herdou uma série de problemas de FHC e ainda estaria num período de transição.
       A gente não pode deixar de reconhecer que o País, após os oito anos do governo FHC, foi deixado numa situação drástica. Antes de Fernando Henrique o Brasil era a oitava economia do mundo e hoje é a 12ª. Os números do desemprego, a desestruturação do Estado brasileiro com a venda das empresas estatais, acabaram tirando a possibilidade desse País ter uma base para, por si só, estruturar-se e construir o desenvolvimento econômico. A questão do governo Lula é de decisão política, passa pelo entendimento de que esse modelo que ele está aplicando é o mesmo que levou o Brasil à atual situação. E o povo votou em Lula exatamente com a esperança de que esse modelo econômico do governo anterior fosse substituído. Ou Lula atende a essa expectativa, ou terá um governo fracassado. Ele disse na campanha eleitoral que não tinha o direito de errar, mas infelizmente está errando.

AR - As bandeiras dos sindicatos eram "Fora Alca", "Fora FMI". E hoje, quais são?
       Essas continuam sendo bandeiras de luta dos movimentos social e sindical. Todos os males enfrentados pelos trabalhadores brasileiros são provenientes de uma relação de dependência absoluta com o capital internacional. Se a Alca for implementada do jeito que os americanos estão querendo vai significar uma anexação do território brasileiro aos Estados Unidos. Nós não vamos ter condição de competir com a maior economia do mundo, que consome 45% de tudo o que é produzido no planeta e gasta mais de 50% da energia produzida.

AR - Lula disse que os empresários devem ter o direito de demitir. Como você vê essa declaração?
       Essa foi uma declaração desastrada. O que nós precisamos é de medidas que estimulem as contratações e o que está faltando ao governo é essa capacidade de agir em defesa do crescimento, de investir em infra-estrutura e estimular uma política efetiva de geração de empregos. Afirmações como a de que os empregadores devem ter o direito de demitir não ajudam em nada. O que o presidente deveria dizer é: os trabalhadores precisam de oportunidades e um salário decente. São coisas assim que se espera de Lula.

AR - Na reforma trabalhista uma das propostas do governo é o fim da unicidade sindical (um sindicato em cada lugar). Você concorda?
       O fim da unicidade sindical significaria o enfraquecimento das estruturas criadas para defender os interesses dos trabalhadores. Criaria, inclusive, a possibilidade da existência de "falsos" sindicatos, que representariam os patrões mas teriam autorização para firmar acordos coletivos que poderiam retirar direitos dos trabalhadores. É uma pena que a articulação sindical, corrente que comanda a CUT, defenda essa proposta. Mas o nosso grupo, a Corrente Sindical Classista, é totalmente contra.

AR - Como está a situação dos comerciários hoje em Itabuna?
       Todos nós sabemos que o comércio é o carro-chefe de Itabuna e o setor que, disparadamente, mais emprega. No entanto, ainda convivemos com situações absurdas, a exemplo da extrapolação da jornada de trabalho sem que o trabalhador receba um centavo a mais. O sindicato está sempre atento a situações como essa e já acionou dezenas de empresas na Justiça e no Ministério do Trabalho. Outra briga que travamos é contra o trabalho em domingos e feriados, que tira do empregado a chance de ter momentos de lazer com sua família. É por isso que, entre as nossas principais bandeiras, estão a redução da jornada de trabalho e a proibição do trabalho em domingos e feriados.

AR - O Sindicato não teme afastar o empregador ao escolher essas bandeiras?
       Muito pelo contrário. Os pequenos comerciantes, aqueles que mais geram empregos, só levam prejuízo com a abertura do comércio em domingos e feriados. Nesses dias, as lojas vendem pouco e não compensa o gasto com energia elétrica, mão-de-obra, entre outras coisas. Até mesmo no shopping grande parte dos lojistas rejeita o funcionamento em domingos e feriados, mas existe uma imposição da administração. É bom ressaltar que o Sindicato não é intransigente nessa questão e a prova é de que existem vários acordos para a ampliação do expediente no comércio, como nas vésperas do Dia das Mães, do São João. As duas únicas exigências são a previsão na convenção coletiva e o respeito a todos os direitos dos empregados.

AR - O governo municipal tem investido em capacitação de trabalhadores. Você acha que esse é o caminho?
       Nós saudamos todas as iniciativas nesse sentido, mas acreditamos que a causa primordial do desemprego está na falta de estímulo ao crescimento econômico. A capacitação ajuda, é claro, mas não adianta estar preparado para o mercado se as vagas não existem.

 

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