Opinião
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5 de Julho de 2008
Jucara Feitosa (PT), candidata a prefeita
“Um dos diretores do hospital é dono de funerária”
“Assim não dá,” diz Juçara Feitosa, candidata do PT a prefeita de Itabuna, sobre a situação da Saúde em Itabuna, onde ela lembra que Geraldo simões deixou o setor estruturado.
Ex-secretária de desenvolvimento Social, filiada ao PT desde sua fundação e escolhida como candidata do partido por mais quase 90% dos filiados, Juçara conta com o apoio de três secretários estaduais, o governador Jaques Wagner e o presidente Lula.
Ela afirma que não faltam recursos para o administrador competente e lamenta o caos em que se encontram a saúde, a educação fundamental, com índices abaixo dos registrados há 5 anos, e o abandono da infra-estrutura. A seguir, Juçara fala com exclusividade a AR.
A Região - Dizem que você só está na disputa porque é mulher de Geraldo Simões, que caiu de pára-quedas no PT...
Tenho orgulho de ser esposa de Geraldo e a trajetória que construímos, ao longo de 28 anos de partido, possibilitou que nosso nome, quando colocado como candidata, tivesse essa repercussão.
AR - Como avalia seu desempenho como secretária de Desenvolvimento Social?
Muito positivo. Sou formada em administração de empresas e isso permitiu colocar em prática ações de planejamento, organização e metodologia de pesquisa. Imagine que para implantar o Alimenta Itabuna eu pesei e medi mais de cinco mil crianças. Quem quer fazer um trabalho criterioso como esse? Eu fiz.
AR - Esse trabalho foi interrompido na atual administração, não foi?
Foi interrompido e tivemos, em conseqüência, um alto índice de desnutrição. Nessa campanha estamos com um diagnóstico para mostrar a situação atual de Itabuna, onde tem aumentado o índice da mortalidade infantil.
AR - Na administração anterior foi implantado um centro para crianças carentes...
Era uma creche-casulo, em Ferradas, que deu às crianças desnutridas acompanhamento permanente, com alimentação e apoio de especialistas, além do exercício do intelecto. A falta de alimento também destrói a capacidade da criança de pensar, planejar e criar, por isso ela também precisa brincar e ser espontânea.
AR - Que projetos foram mais importantes?
Todos, mas esse de acompanhamento nutricional foi dos mais relevantes. Tivemos o Viva Maria, importantíssimo porque eu tinha uma angústia muito grande quando via os orfanatos cheios, mulheres dando seus filhos. Eu recordo que planejei esse projeto antes mesmo da eleição de Geraldo. Eu disse a ele que, se pudesse participar, faria um projeto assim.
AR - Esse projeto também afeta a mortalidade infantil?
Não só da mortalidade infantil como das mulheres, por conta de uma injeção que as que tinham sangue diferenciado do marido tinham que tomar, sem escolher entre a mulher ou a criança. Essa injeção era muito cara, uns R$ 180 e as mulheres eram muito pobres. Como o SUS não cobria essa despesa, tínhamos no Viva Maria exames e medicamentos gratuitos.
AR - Mudando um pouco, afinal, quem vai ser prefeito, você ou Geraldo?
Olhe, cada um na sua função tem responsabilidades para com Itabuna. Quando assumi a pasta de Desenvolvimento Social, eu tinha autonomia e colocava minhas condições, mesmo Geraldo sendo o prefeito. O que eu desejo é a integração. Quem vai governar é uma coligação onde sete partidos estarão juntos, administrando. Na condição de deputado ou de secretário de governo, Geraldo pode trazer recursos para o município.
AR - O que é prioridade numa futura administração?
A prioridade são os bairros, a infra-estrutura, a pavimentação, a drenagem, o esgoto, a água, que precisa ser melhorada. Então, tudo é importante, porque o abandono é muito grande em quatro anos. E olhe que veio muito dinheiro. Outro dia li que uma escola com pouco mais de um ano estava desabando. Isso é um indício de que os recursos não estão tendo o destino correto.
AR - E a saúde, tem jeito?
Tem sim, porque deixamos uma saúde organizada, equipada e não tínhamos os recursos de hoje. Na época já cumpríamos tarefa que esse governo não cumpre. A emergência do Hospital Calixto Midlej, da Santa Casa, era aberta e havia atendimento. Tínhamos dois hospitais, três com o São Lucas, convênios com clínicas e implantamos o Creadh, importante para a reabilitação de pessoas portadoras de deficiência.
AR - Foi uma ação da sua secretaria também?
Foi sim. Quando montamos o programa fui à Nova Califórnia, onde fazia atendimento de famílias e encontrei uma mãe com um menino nas costas. Eu lhe dei uma carona e conversamos. Ela me disse que tinha que levar seu filho para fazer fisioterapia três vezes por semana. Foi aí que surgiu a idéia do projeto de reabilitação de crianças. Hoje o centro está debilitado, mas foi projetado inclusive para ter uma piscina olímpica aquecida e doar próteses. Era para termos uma fábrica aqui, sem a necessidade de comprar fora.
AR - Como avalia o Hospital de Base, que era referência e hoje está um caos?
Um dos diretores do hospital é dono de funerária, então fica complicado... Você tem que colocar para administrar a empresa pessoas que tenham competência. Administrar o hospital é uma ação conjunta dos governos federal, estadual e com recursos dos municípios.
AR - Você é a favor da estadualização?
Sou a favor de fazer com que o Hospital de Base sirva de referência para as universidades. Sua estadualização será uma decisão do conjunto de pessoas que pensam na saúde. Inicialmente penso em aplicar o dinheiro que está vindo para o hospital e não obrigar as famílias a levar comida para os pacientes. A saúde tem recursos para manter o hospital.
AR - Havia conversa entre PT, PSB e PcdoB. Sena virou seu vice e Edson saiu candidato. Por que?
Conversávamos com oito partidos e quero falar da forma elegante e distinta que os outros partidos trataram essa questão. Tínhamos vários nomes colocados, como Saulo Pontes, Moacir Smith, Sílvio Porto, mas os partidos deixaram que houvesse essa disputa entre PCdoB e PSB, porque estavam colocados como prefeituráveis. Quando fechamos a vice com Sena, foi uma decisão dos partidos.
AR - Que mensagem você deixa para o eleitor?
Quero ressaltar a importância dessa cidade para a região e para a Bahia. Quero destacar a importância da nossa candidatura, pautada no apoio do presidente Lula, do governador Jacques Wagner e dos secretários Geraldo Simões, Adeum Sauer e Edmon Lucas. Eu lembro que o presidente sempre olhou para nossa região, especialmente Itabuna, mesmo sabendo da má-utilização de recursos que ele manda e dos projetos que não são implementados. Mas reconheço a atitude louvável dele quando trouxe o gasoduto.
AR - O gasoduto vai ter um impacto grande, não?
É uma fonte de energia que o mundo todo está discutindo, trouxemos uma base de gás natural e isso é muito importante. Por isso, precisamos de pessoas comprometidas em traze
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