Opinião
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TheBigDoor.com
2 de Agosto de 2003
"A universidade precisa estar cada vez mais próxima da comunidade"
defende o professor Antonio Joaquim Bastos da Silva, 53 anos, dos quais 29 dedicados à ex-FESPI e atual Universidade Estadual de Santa Cruz. Ele é um dos candidatos a reitor e tem em seu plano de trabalho uma maior integração da Uesc com as instituições nacionais e internacionais.
Além de professor, o candidato já ocupou os cargos de coordenador de colegiado, é ex-presidente da Câmara de Pesquisa e Pós-graduação e da Associação de Professores Universitários (APRUNI) e atual diretor do DCRC.
Professor titular, com mestrado em Economia rural pela Universidade Federal de Viçosa, Antonio Joaquim Bastos também prega a consolidação do Plano de Desenvolvimento Institucional.
A Região - Caso o senhor seja eleito reitor da Uesc, qual o seu principal desafio?
Joaquim Bastos - O primeiro desafio é consolidar todas as atividades que foram desenvolvidas ao longo dos últimos oito anos pela reitora Renée Albagli. A universidade teve um crescimento muito grande nesse período, por isso precisamos ajustar os projetos recém implantados. O segundo ponto é implementar novas atividades que são cobradas pela comunidade regional. Entendemos que a universidade precisa abrir os portões, não podemos só desenvolver trabalhos 'intra-muros', sem atender ao anseio gerail da população.
AR - Como o senhor pretende administrar uma universidade com orçamento cada vez menor?
JB - Além de explorar meus conhecimentos nas áreas de economia e administração, será necessário que haja um planejamento bem elaborado por nossa equipe de trabalho. Também vamos buscar a melhor maneira de usar os recursos do orçamento da universidade.
AR - Mas só isso será bastante para a sobrevivência da Uesc?
JB - Claro que não. Esse é apenas um ponto. Temos planos de obtermos, através de agências de fomento e de novos convênios, mais recursos para a instituição. Para isso, planejamos criar uma fundação para captar essa verba extra. Acreditamos que, com a implantação da fundação, conseguiremos recursos necessários para atender a todas as atividades acadêmicas, não só de pesquisa, mas também de reforço das áreas de extensão.
AR - Quanto a implantação de novos cursos. Existe esse compromisso no seu programa?
JB - O nosso plano de trabalho está dividido em cinco áreas de importância fundamental. E o principal deles é o ensino, onde temos vários problemas a ser solucionados, com o melhoramento de cursos existentes. Por isso, temos que realizar algumas alterações no projeto pedagógico da universidade. Ele está sendo desenvolvido na Uesc já há alguns anos, mas precisa ser implementado de modo que a instituição possa acompanhar a evolução quase permanente do ensino. Com relação à implantação de novos cursos, a curto prazo não há esse compromisso. O grande objetivo é continuar a política de melhoramento dos já existentes.
AR - Esses citados problemas estão relacionados ao baixo desempenho de alguns cursos?
JB - A universidade tem desenvolvido um programa de melhoramento de seu corpo docente. Isso pode ser constatado principalmente após a realização dos dois últimos concursos públicos. Mas existem problemas que nós imaginamos ser resolvidos com a preparação dos professores através de cursos de pós-graduação e doutorado para que esses mestres sejam reprodutores de conhecimento. Isso é muito importante para que possamos consolidar os cursos que hoje apresentam deficiências. Mas é bom lembrar que essas soluções não estão só na universidade, que nos últimos tem feito um esforço muito grande para eliminar essas deficiências.
AR - Embora apresente bons resultados em diversas áreas, a Uesc parece distante das comunidades mais pobres...
JB - Entendemos que a universidade precisa estar cada vez mais próxima de todos, em especial das comunidades carentes. Percebemos que muitos municípios são carentes em determinadas áreas e a Uesc poderia desenvolver um papel importante nessas localidades. A nossa preocupação é que essas pessoas sejam um veículo de desenvolvimento social e econômico.
AR - Quanto ao ensino fundamental e médio. Existem planos para atender os estudantes antes do vestibular?
JB - Temos uma preocupação muito grande com relação ao ensino médio na região. Precisamos criar mecanismos permanentes para melhorar a qualidade da nossa matéria prima, que é o estudante que ingressa na universidade. Entendemos que a Uesc teria um papel importante trabalhando junto às instituições de ensino médio, especialmente as públicas, de modo a promover uma melhoria de rendimento dos alunos. Temos planos de desenvolver um programa para atender esses estudantes e pretendemos fazer isso como o apoio das redes municipais e estadual de ensino.
AR - Como seria esse trabalho?
JB - Além dos cursos de capacitação que a Uesc promove hoje para os professores de diversos municípios, seria interessante que a universidade realizasse oficinas para os estudante nas áreas de língua portuguesa, exatas, com aulas de física e química para preparar melhor o aluno que sai do ensino médio pensando em cursar o superior. Percebemos que na maioria das vezes o estudante que termina o ensino médio nem sempre chega na universidade com um nível de conhecimento satisfatório. Ele chega com uma série de deficiências que, com essas e outras medidas, podemos resolver com os cursos oferecidos pela Uesc.
AR - Com relação ao planejamento e infra-estrutura, o que seu plano administrativo prevê?
JB - Temos diversas propostas, dentre elas a criação da cooperativa de crédito dos funcionários da universidade, porque entendemos que essa é uma das maneiras de se melhorar o salário do servidor dentro de uma instituição que está atrelada a um plano de salário a nível de governo de estado, que não é muito flexível com relação ao crescimento salarial das pessoas. A instalação de um centro de vivência, onde as pessoas possam se encontrar, comemorar, enfim, um local destinado ao lazer. Isso possibilitaria que as pessoas se conhecessem melhor, professores, servidores e os próprios alunos.
AR - Além da melhoria na qualidade de ensino, o que mais os estudantes podem esperar?
JB - Pretendemos trabalhar na melhoria de acesso à universidade, pois notamos que as reclamações contra a segurança, a iluminação e o sistema de transportes são permanentes. A deficiência nesses serviços prejudicam principalmente os estudantes. Inclusive, pensamos até em construir uma rótula no portão de entrada da universidade e uma passarela sobre a pista.
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