22 de Maio de 2004

Renato Costa, candidato a prefeito de Itabuna
"Eles estão levando uma goleada"

      
       afirma o ex-deputado Renato Costa referindo-se, segundo ele, aos erros administrativos e políticos cometidos pelo prefeito Geraldo Simões e seus aliados nesses mais de três anos.
       Deputado estadual por duas legislaturas consecutivas, ex-aliado do atual prefeito de Itabuna, o médico Renato Costa teve o seu nome confirmado numa coligação que reúne o PSB, PSDB, PMDB, PPS, PV e o PTC.
       Esses partidos estarão reunidos neste sábado, às 19, no Clube Social do Itabuna, para confirmar o nome de Renato como candidato a prefeito de Itabuna e o vereador Ricardo Xavier, do PMDB, como vice.

A Região - Qual a importância da coligação que apóia o senhor?
       Está em cada partido e no conjunto que eles representam. Essa coligação reúne o PSB, partido que representamos, PSDB, do vice-prefeito Ubaldo Dantas, PMDB, do vereador Ricardo Xavier, PPS de Anísio Alcântara, PV, de Val Cabral, e o PTC, do vereador Linaldo Farias. E continuamos abertos para outras forças que queiram participar.

AR - O senhor acha que esse grupo está em harmonia o suficiente?
       Até aqui, quem apostou na ruptura do grupo, que é resultado do movimento iniciado há um ano, perdeu. Atravessamos um longo período de intrigas, onde adversários tentaram provocar desentendimentos entre as pessoas no nosso grupo. Houve até quem dissesse que haveria 'cacos' de partidos para todos os lados. Quem apostou nisso perdeu. Meu nome e o de Ricardo na vice foi uma decisão que tomamos em consenso. Ubaldo Dantas está muito motivado a participar da nossa campanha e deverá fazer parte da coordenação.

AR - Por que o senhor se acha a melhor opção para a Prefeitura de Itabuna?
       Além de conhecer muito bem essa cidade, me preparei para ser prefeito. Tenha certeza que comigo o itabunense conhecerá um novo modelo administrativo. Nos últimos anos a população tem experimentado apenas a maneira de governar do ex-prefeito Fernando Gomes e do atual. O ex tem um estilo ultrapassado que não está altura do povo de Itabuna. Isso ficou demonstrado com as derrotas em 2000 para prefeito e 2002 para deputado estadual. No outro lado, nós que apostamos em Geraldo como o novo ficamos decepcionados pela maneira como ele vem governando a cidade. Geraldo entrou num descaminho daquilo que sonhávamos.

AR - Então o senhor considera que representa...
       Uma administração mais arrojada, com mais transparência. Isso só será feito por quem tem a coragem e competência para enfrentar os grandes desafios existentes no nosso município.

AR - Essa crítica que o senhor faz ao prefeito é no lado político ou administrativo?
       Nunca um prefeito administrou a cidade com tantos recursos. Hoje a arrecadação do município é de R$ 172 milhões para este ano. Então se percebe que as dificuldades que a cidade enfrenta não é por falta de recursos e sim por falta de gerenciamento. Com exceção do centro, a cidade está feia. Até lamentamos que o prefeito tenha relegado a cidade ao estado de abandono e no último ano de governo, há poucos meses da eleição, ele entenda que melhorar a situação nos bairros é colocar um asfaltamento de qualidade duvidosa em ruas que não têm as mínimas condições receber os serviços, pois em alguns casos nem meio fio existe.

AR - Se eleito, a administração do senhor pretende priorizar o planejamento?
       Sim. A cidade terá um plano diretor urbano, pois temos que saber para onde ela deverá crescer e como será esse crescimento. Precisamos organizar Itabuna para que os visitantes encontrem uma cidade com o mínimo de organização, com ruas melhor cuidadas, com placas indicativas. As pessoas quando chegam a Itabuna ficam confusas.

AR - Quais outros problemas precisam ser resolvidos no município?
       A água é um deles. Resolver o problema da água é uma questão de vida ou morte para o futuro da nossa cidade. Itabuna não poderá crescer se depender de um sistema de água implantado há mais de 20 anos e que até hoje tem captação no Rio Almada.

AR - Qual a solução para resolver o déficit da água?
       A solução é captar água de um manancial bem mais volumoso do que o Rio Almada. Hoje existem duas alternativas, uma no Rio das Contas e outra com uma barragem na Estiva. Só que para viabilizar essa barragem, entre os rios Salgado e Colônia, é necessário que haja melhor estudo de impacto ambiental e econômico, porque a área de alagamento é muito grande e fica em terras caras, de pecuária. Enfim, não é uma obra para prefeito, mas para os governo do estado e federal. Mas vejo que não existe o empenho do atual prefeito em resolver isso.

AR - Com à sua área, saúde, as pessoas elogiam os postos dos bairros mas reclamam que marcação de consultas. Qual a solução?
       A demora na marcação de consultas está na burocracia. Não entendo porque hoje um simples exame de sangue, por exemplo, demora de 30 a 40 dias para ser entregue. Além do transtorno que pessoa tem, ao ficar de um lado para outro, sem saber onde vai ser atendido.

AR - O que o senhor propõe?
       O que pretendo implantar, se for eleito prefeito, são três grandes unidades em diferentes pontos de Itabuna, duas nos bairros e uma no centro. Elas seriam o SAC da Saúde, onde o paciente receberá todo o atendimento. Não precisa moto-taxista ficar rodando com exames para cima e para baixo, perdendo tempo e, às vezes, o resultado dos exames. Está faltando gestão, mas o problema não está no secretário, que é muito competente, mas na maneira com que o prefeito conduz essa área.

AR - Quais seriam suas primeiras ações?
       Uma reforma administrativa para que a máquina, que hoje está emperrada, possa caminhar. Mas a minha maior preocupação, no primeiro momento, é cuidar dos serviços essenciais, como saúde e educação.

AR - Já foi comum o prefeito que assumia não dar continuidade às obras do anterior, até Geraldo mudar isso. O senhor faria, por exemplo, com a Ficc?
       Essa prática do prefeito tomar posse e abandonar o que foi feito é ultrapassada. Meu projeto é aplicar 5% do orçamento na cultura, porque ela é a forma mais eficiente para se elevar a auto-estima do povo. Aqui a gente tem vocação para a arte, com música, teatro, artesanato, enfim, temos um potencial muito grande de artistas.

AR - Quais as ações positivas que o senhor apontaria na administração atual?
       Praticamente nenhuma. Posso assegurar que uma das negativas é a saúde. O péssimo atendimento ocorre porque o secretário não tem autonomia para gerenciar a pasta. No período em que Edson Dantas, nomeação do meu partido, esteve secretário os recursos da saúde eram geridos por um filiado ao PT. Isso acontece hoje também. O problema da saúde não ocorre por incompetência do titular da pasta, mas porque o prefeito dificulta o trabalho.

AR - O senhor não vê nenhuma ação positiva do atual governo, como o asfalto e esgoto nos bairros?
       Eles fizeram pesquisas e o que mais o povo reclamou foi o abandono dos bairros. A partir daí fizeram convênio com a Petrobrás e saíram jogando asfalto de qualquer jeito pelos bairros, há poucos meses das eleição. Isso não vai funcionar. Levaram ao pé da letra o que eles pregam: que o jogo se ganha no 2º tempo. Mas esqueceram que os jogadores do time deles entraram em campo sonolentos e levaram uma goleada nos primeiros 45 minutos. O placar é praticamente irreversível.

AR - O senhor aposta que a partir de quando seu nome deslanchará?
       Não posso prever isso. Mas percebo que nos últimos meses, com as minhas andanças pelos bairros, a empatia dos eleitores melhorou muito. As pesquisas realizadas até aqui não revelam muita coisa. Elas servem mais para o caso da rejeição, item em que Geraldo Simões e o ex-prefeito são recordistas.