Opinião
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18 de Setembro 2010
Renato Costa, candidato a deputado
"A população está interessada no que o político pode fazer"
- avalia o médico Renato Costa, ao explicar os apoios recebidos à sua candidatura à Assembleia Legislativa e que tem como principal cabo eleitoral o ex-prefeito de Itabuna, Fernando Gomes.
Ele afirma que não faz política olhando para o retrovisor e que não reforçaria o discurso do adversário Geraldo Simões (ex-prefeito e deputado federal), de que é um político rancoroso e raivoso.
Com passagem pelo PDT, PSDB, PSB e hoje PMDB, Renato foi vice-prefeito de Fernando em 1988, com quem rompeu e ficou sem receber meses de salário, além de ter ganho dele a alcunha de “Renato Moleza”.
Por que o eleitor deve votar no senhor?
Acho que tive uma boa atuação nos dois mandatos que passei pela Assembleia Legislativa. Eles foram marcados pela luta em favor do desenvolvimento da nossa região.
Apesar de bem avaliado, o senhor não conseguiu se eleger para um terceiro mandato. O que houve?
Em 2002, minha coligação não ajudou. Naquele ano eu tive mais votos do que Pedro Egídio e Capitão Fábio, que acabaram se elegendo. Na época eu estava no partido de menor estrutura, o PSB. Em 2006 faltaram 2 mil votos.
E desta vez, vai?
Estou em uma coligação que também não é tão fácil, mas a minha campanha está ampliada. Estou contando com mais apoios não somente aqui, no sul da Bahia, mas em outras regiões.
O senhor faz ideia de quantos mil votos precisará para se eleger?
A nossa coligação reúne candidatos do PMDB, PR, PSC e PRP e especula-se que a linha de corte ficará entre 30 e 35 mil votos. Isso significa que quem tiver 30 mil votos pode não se eleger. Quem tiver acima de 35 mil está em uma situação confortável.
Quais foram os projetos de sua autoria que foram aprovados?
O deputado é eleito não para fazer lei, mas ele tem a prerrogativa de apresentar projetos. Muitos morrem no nascedouro porque não passam pela Comissão de Constituição e Justiça.
Alguns que apresentei não foram aprovados. Por exemplo, um projeto que proibia o uso de celulares em locais como igrejas e casas de espetáculo.
Então, para que serve um deputado?
É bom que se diga que o deputado não tem plataforma. O parlamentar tem bandeira, sempre se dedicando a alguns temas. Eu tive uma bandeira que foi a defesa da economia da região da cacaueira.
Mas, para o senhor, se resume a isso a atuação do deputado?
Não. O papel do parlamentar também é fiscalizar, denunciar e apontar erros do executivo. Fui oposição do primeiro ao último dia do meu mandato.
Mas o que marcou é que fiquei conhecido como o “Deputado do Cacau”. A Comissão Especial do Cacau foi criada através de um requerimento meu.
Caso seja eleito, qual sua principal bandeira?
Eu vou cobrar do governador, seja ele quem for, a dívida que a Bahia tem com a região. Por muitos anos sustentamos o estado, contribuindo com 70% dos impostos até a década de 70.
Depois, outras regiões se desenvolveram e o sul caminhou em direção contrária, ficando mais pobre. Isso porque os governos não fizeram os investimentos que nossa região necessitava.
Quais os problemas merecem mais atenção?
A crise no abastecimento de água de Itabuna. Espero que finalmente saia do papel a duplicação da rodovia Ilhéus/Itabuna, sejam feitos investimentos nas bacias do Cachoeira e Almada, que seja iniciado um trabalho de despoluição.
A saúde em Itabuna só tem piorado. O que deve ser feito?
É preciso que exista um compromisso do município para que a gestão plena retorne. Itabuna já foi referência e não pode ficar com serviço público tão ruim. O SUS nasceu para descentralizar o atendimento e isso não vem ocorrendo, principalmente em Itabuna.
Por causa de irregularidades no governo do ex-prefeito Fernando Gomes o município perdeu a gestão plena. Como o senhor avalia a perda?
A municipalização é inevitável. É da natureza do SUS. Acho que faltou um planejamento melhor para que o município assumisse o gerenciamento da saúde. Itabuna saiu logo para gestão plena. Acho que poderia ser mais gradual.
Funcionou durante algum tempo, mas ficou muito ruim no governo de Gomes.
A Secretaria Estadual de Saúde entendeu que deveria desabilitar o município da gestão plena. Tenho ouvido falar que o atual prefeito quer retornar. A gestão da saúde pelo estado é uma situação anômala para uma cidade do porte de Itabuna.
O senhor foi oposição ao governo do estado, carlista. E hoje, será oposição à ex-oposição?
Eu espero que meu candidato a governador Geddel Vieira seja eleito. Eu acho que a virada na disputa pelo governo do estado já está começando. Caso não ocorra, pode ter certeza que não vou fazer oposição à Bahia. Às vezes, na oposição, o parlamentar consegue contribuir mais.
Itabuna joga todo o esgoto sem tratamento no Rio Cachoeira. De que maneira o senhor poderá ajudar a resolver esse problema?
Hoje temos pequenas iniciativas. Por exemplo, a cobertura do canal da Av. Amélia Amado. A obra vai evitar que se jogue lixo e até móveis que acabam no Rio Cachoeira.
Se fala na morte do Rio Cachoeira, mas não existe projeto para o problema?
O Cachoeira é um rio curto. Ele passa por Itapé e começa a poluir. Em Ferradas, fica poluído ainda mais. O esgoto de Itabuna precisa ser tratado com urgência para evitar que o rio morra.
O senhor foi considerado um político honesto, mas sua candidatura conta com apoio de Fernando Gomes, com vários processos na Justiça. Por que aceitou?
Os apoios eleitorais são sempre bem-vindos. O presidente Lula foi adversário ferrenho de José Sarney e Collor de Mello e hoje é aliado deles. Então, não se deve recusar apoios.
Quem negociou esse apoio para o senhor?
Fernando decidiu apoiar as candidaturas de Geddel e de Lúcio Vieira. Houve uma conversa com o ex-prefeito, que não se opôs a apoiar também a nossa campanha. Quando Fernando disse que iria me apoiar, eu o informei que seria um grande reforço.
Foi por isso que o senhor aceitou o apoio?
Se eu recusasse daria uma demonstração de que não estava querendo vencer a eleição. E meu outro adversário, o ex-prefeito Geraldo Simões, durante anos procurou me rotular de político raivoso, rancoroso. Se eu recusasse, estaria dando um prato cheio para ele.
Além do apoio de Fernando Gomes, quem mais segue com o senhor?
Eu conto com apoio da Esquerda Democrática do PMDB, ex-vereadores, ex-prefeitos, suplente de deputado federal e ex-deputados. Por isso, devo ter votos em 28 municípios.
Parece que o PMDB tem investido na sua candidatura...
Na eleição passada, o partido ficou com uma dívida comigo, porque seu eu tivesse um pouco mais de ajuda talvez conseguisse 2 mil votos e seria eleito. Mas hoje abriu espaços em outras regiões.
Se eleito, será candidato a prefeito em 2012?
Confesso que não penso nessa possibilidade. Já fui candidato três vezes e numa fiquei muito perto, em 1996, quando perdi por menos de 2 mil votos para Fernando Gomes.
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